É necessária uma estratégia intelectual baseada nos actores de conhecimento
A NECESSIDADE de uma «sociedade em rede» em Portugal volta a estar em cima da mesa. Em tempo de clarificação do ideal europeu com a validação referendária da constituição em andamento, a análise de números recentes de comportamento do Investimento Directo Estrangeiro, a consolidação da mensagem da necessidade da aposta na inovação e conhecimento, confirma a oportunidade da bandeira tecnológica como o grande referencial de actuação. Ou seja, «revisitar» Manuel Castells seis anos depois, com uma matriz social mais amadurecida e um patamar de organização empresarial alterado.
A lição de Castells foi clara - há que apostar nas «competências centrais» do país, desenvolver uma cultura de qualidade e rigor com efeito escala na produtividade empresarial alavancada na excelência dos talentos e na boa articulação com os «Centros de Competência». Mais disse o professor de Berkeley que era importante fazer desta «lógica estruturada de intervenção» um instrumento central de qualificação estratégica dos diferentes segmentos do «tecido social», conferindo-lhe uma lógica de vitalidade adaptada às dinâmicas de mudança da globalização.
A Educação tem que ser a grande «ideia» para o país. Na «escola nova» de que o país precisa, tem que se ser capaz de dotar as «novas gerações» com os instrumentos de qualificação estratégica do futuro. Aliar ao domínio por excelência da Tecnologia e das Línguas, a Capacidade de com Criatividade e Qualificação conseguir continuar a manter uma «linha comportamental de justiça social e ética moral», como bem expressou recentemente Ralph Darhendorf em Oxford.
Tem que se ser capaz de desde o início incutir nos jovens uma capacidade endógena de «reacção empreendedora» perante os desafios de mudança suscitados pela «sociedade em rede»; os instrumentos de modernidade protagonizados pelas TIC são essenciais para se desenvolverem mecanismos auto-sustentados de adaptação permanente às diferentes solicitações que a globalização das ideias e dos negócios impõe. Esta nova dimensão da educação configura desta forma uma abordagem proactiva da sociedade ao abordar a sua própria evolução de sustentabilidade estratégica.
Os «Centros de Competência» do país (Empresas, Universidades, Centros de I&D) têm que ser «orientados» para o valor. O seu objectivo tem que ser o de induzir de forma efectiva a criação, produção e sobretudo comercialização nos circuitos internacionais de produtos e serviços com «valor» acrescentado. Só assim a lição de Michael Porter entra em acção.
A «internalização» e adopção por parte dos «actores do conhecimento» de práticas sustentadas de racionalização económica, a aposta na criatividade produtiva e na sustentação duma «plataforma de valor» com elevados graus de permanência é decisiva.
A cooperação estratégica entre sectores, regiões, áreas de conhecimento, campos de tecnologia, não pode parar. Vivemos a era da Cooperação em Competição e os alicerces da vantagem competitiva passam por este caminho. Sob pena de se alienar o capital intelectual de construção social de valor de que tanto nos fala Anthony Giddens neste tempo de (re)construção.
Na economia global das nações, os «actores do conhecimento» têm que internalizar e desenvolver de forma efectiva práticas de articulação operativa permanente, sob pena de verem desagregada qualquer possibilidade concreta e efectiva de inserção nas redes onde se desenrolam os projectos de cariz estratégico estruturante.
Importa uma «estratégia intelectual» para Portugal. A desertificação do interior, a incapacidade das cidades médias de protagonizarem uma atitude de catalisação de mudança, de fixação de competências, de atracção de investimento empresarial, são realidades marcantes que confirmam a ausência duma lógica estratégica consistente.
Não se pode conceber uma aposta na competitividade estratégica do país sem entender e atender à coesão territorial, sendo por isso decisivo o sentido das efectivas apostas de desenvolvimento regional de consolidação de «clusters de conhecimento» sustentados.
in Expresso, Francisco Jaime Quesado, Gestor do Programa Operacional Sociedade do Conhecimento
As "cidades do futuro" pretendem ser verdes, sustentáveis, inteligentes e low cost. Isto já existe. Chama-se "Campo". Frederico Lucas
Tuesday, August 29, 2006
Monday, August 28, 2006
Saturday, August 26, 2006
Lisboa foi a única região que não contribuiu para o aumento da taxa de emprego
Subtítulo do semanário Expresso do artigo "Mais 53 mil postos de trabalho".
Terminou no passado dia 9 de Agosto a discussão pública do PNPOT, onde se prevê o crescimento das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto nos próximos 25 anos.
Já aqui expliquei os motivos pelos quais essa perspectiva não faz sentido.
Mas hoje o Semanário Expresso revela esta informação que partilho com os visitantes. Na minha opinião, o puzzle começa a fazer sentido.
Terminou no passado dia 9 de Agosto a discussão pública do PNPOT, onde se prevê o crescimento das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto nos próximos 25 anos.
Já aqui expliquei os motivos pelos quais essa perspectiva não faz sentido.
Mas hoje o Semanário Expresso revela esta informação que partilho com os visitantes. Na minha opinião, o puzzle começa a fazer sentido.
Tuesday, August 22, 2006
Inovação e Inclusão: Iniciativa Privada Precisa-se!
O interior do país vive maioritariamente um regime comunista. O estado assume todas as iniciativas por falta de quorum da iniciativa privada.
A minha última surpresa foi uma empresa de catering com capitais públicos. E obviamente capitalizada!
Existindo mão de obra de baixo custo no interior, muitas iniciativas poderiam proliferar a par da formação/especialização de trabalhadores.
Mas o que encontramos é estranho: Desemprego na actividade agricola e indústrial e falta de mão de obra para estabelecimentos comerciais que tenham horários alargados de funcionamento. "Ás 18:00 tenho que estar em casa para fazer o jantar ao meu marido; No fim de semana não trabalho"
...Será que não é o protecionismo municipal a preverter a competitividade das "suas" empresas locais?
Saturday, August 19, 2006
À beira dos limites
Este artigo, publicado hoje no Expresso, poderia bem ser o editorial deste blogue.
"OS SINAIS são visíveis de que o modelo de crescimento em que o mundo tem vivido desde a Revolução Industrial caminha para o seu colapso nos próximos 50 anos, se uma mudança de políticas não for seriamente implementada e mantida. O mundo arrisca-se a forçar os seus limites físicos. O que se passa hoje em torno do pico do petróleo é um exemplo, face à emergência de potências económicas populosas que se transformaram de «pigmeus» no consumo de energia em máquinas «energívoras». O disparo do número e impacto dos desastres naturais ocorridos anualmente é outro aviso. Em menos de 20 anos poderá ser a vez da produção total alimentar atingir o seu pico. As tendências desenhadas em Limites ao Crescimento, o relatório do Clube de Roma de 1972, consideradas na altura catastrofistas e insensatas, parecem mais realistas do que nunca, recorda o economista Dennis Meadows, um dos seus autores.
«Infelizmente o mundo tem-se movido pelos caminhos dos nossos piores cenários de então. É ainda cedo para julgar a 100% se estávamos certos ou errados nas principais conclusões que tirámos em 1972, pois nenhuma das nossas projecções mostrava paragem do crescimento antes do período 2030-2050. Mas os sinais estão diante de nós», refere ao EXPRESSO Dennis Meadows, 64 anos, que confessa estar hoje mais pessimista do que há 34 anos atrás. «Enfrentamos o risco de uma série de picos. Na altura, não especificámos o caso do petróleo. Mas é um bom exemplo de um importante limite. Também não referimos o caso do gás natural, que poderá atingir o seu pico daqui a 20 anos, pelo que não é uma solução de longo prazo», adianta. O preço alto de algumas «commodities» e as guerras pelos recursos e pontos logísticos estratégicos começam a ser hoje «reguladores» à bruta desse desequilíbrio estrutural.
O relatório de 1972 baseou-se num modelo computacional - baptizado de «World3» - inspirado na teoria da dinâmica de sistemas de Jay Forrester, o cientista do Massachusetts Institute of Technology (MIT) que influenciou o grupo de quatro jovens investigadores em que participava Dennis, a sua mulher Donella (já falecida, e a quem se atribui a liderança do projecto), Jorgen Randers e William Behrens. O modelo originou 12 cenários que traziam uma mensagem clara: «As tendências actuais de crescimento não são sustentáveis. A população global e a actividade económica crescem de um modo exponencial que levará a ultrapassar os limites físicos dos recursos, que são finitos». A equipa do MIT não poderia sequer imaginar os efeitos do que viria a acontecer anos depois - a gestão política do petróleo, o início das reformas económicas na China em 1978, o colapso da União Soviética e a abertura a um novo alargamento da economia de mercado no mundo e a mudança de política económica na Índia em 1991.
Esta dinâmica de stresse sobre os recursos, se não for invertida, terá efeitos económicos dramáticos duráveis. «É um ciclo que se auto-alimenta», conclui Dennis Meadows."
In EXPRESSO, Jorge Nascimento Rodrigues
"OS SINAIS são visíveis de que o modelo de crescimento em que o mundo tem vivido desde a Revolução Industrial caminha para o seu colapso nos próximos 50 anos, se uma mudança de políticas não for seriamente implementada e mantida. O mundo arrisca-se a forçar os seus limites físicos. O que se passa hoje em torno do pico do petróleo é um exemplo, face à emergência de potências económicas populosas que se transformaram de «pigmeus» no consumo de energia em máquinas «energívoras». O disparo do número e impacto dos desastres naturais ocorridos anualmente é outro aviso. Em menos de 20 anos poderá ser a vez da produção total alimentar atingir o seu pico. As tendências desenhadas em Limites ao Crescimento, o relatório do Clube de Roma de 1972, consideradas na altura catastrofistas e insensatas, parecem mais realistas do que nunca, recorda o economista Dennis Meadows, um dos seus autores.
«Infelizmente o mundo tem-se movido pelos caminhos dos nossos piores cenários de então. É ainda cedo para julgar a 100% se estávamos certos ou errados nas principais conclusões que tirámos em 1972, pois nenhuma das nossas projecções mostrava paragem do crescimento antes do período 2030-2050. Mas os sinais estão diante de nós», refere ao EXPRESSO Dennis Meadows, 64 anos, que confessa estar hoje mais pessimista do que há 34 anos atrás. «Enfrentamos o risco de uma série de picos. Na altura, não especificámos o caso do petróleo. Mas é um bom exemplo de um importante limite. Também não referimos o caso do gás natural, que poderá atingir o seu pico daqui a 20 anos, pelo que não é uma solução de longo prazo», adianta. O preço alto de algumas «commodities» e as guerras pelos recursos e pontos logísticos estratégicos começam a ser hoje «reguladores» à bruta desse desequilíbrio estrutural.
O relatório de 1972 baseou-se num modelo computacional - baptizado de «World3» - inspirado na teoria da dinâmica de sistemas de Jay Forrester, o cientista do Massachusetts Institute of Technology (MIT) que influenciou o grupo de quatro jovens investigadores em que participava Dennis, a sua mulher Donella (já falecida, e a quem se atribui a liderança do projecto), Jorgen Randers e William Behrens. O modelo originou 12 cenários que traziam uma mensagem clara: «As tendências actuais de crescimento não são sustentáveis. A população global e a actividade económica crescem de um modo exponencial que levará a ultrapassar os limites físicos dos recursos, que são finitos». A equipa do MIT não poderia sequer imaginar os efeitos do que viria a acontecer anos depois - a gestão política do petróleo, o início das reformas económicas na China em 1978, o colapso da União Soviética e a abertura a um novo alargamento da economia de mercado no mundo e a mudança de política económica na Índia em 1991.
Esta dinâmica de stresse sobre os recursos, se não for invertida, terá efeitos económicos dramáticos duráveis. «É um ciclo que se auto-alimenta», conclui Dennis Meadows."
In EXPRESSO, Jorge Nascimento Rodrigues
Friday, August 18, 2006
TÍTULOS PERIGOSOS! Alguém devia já ter clarificado ...
Texto da autoria de José Palma Rita, publicado no Largo das Alterações
"O défice de qualificação da nossa população activa é bem conhecido de todos: bastante superior ao dos restantes países da UE e da OCDE, tal como atestam as estatísticas periódicas dos mesmos. Perante tal evidência consensualizada, como é possível que se permita que a comunicação social interprete abusivamente (isto é, oportunamente do ponto de vista comunicacional) as conclusões de um estudo sobre os resultados da formação profissional em termos de empregabilidade, sem que alguém venha a terreno esclarecer como estão erradas a induções construídas a partir de conclusões telegráficas?
Tenho dificuldade em aceitar como supostamente verdadeiros (porque publicamente apresentados e não contestados) os títulos de notícias que levam os jovens, adultos, empregados e desempregados deste país a julgar que não vale a pena apostar no aumento das suas qualificações, quando sabemos que:
O desemprego continua ainda assim a afectar mais os que se situam nos escalões mais baixos de qualificação;
Os detentores de qualificações dos níveis superiores tendem a estar menos tempo na situação de desemprego, aproveitando mais facilmente as oportunidades induzidas pelos ciclos de recuperação da economia.
É muito perigoso permitir (passivamente) fazer crer que, em Portugal, a formação profissional não garante emprego e que é inútil para quem a frequenta, nomeadamente na óptica da procura de emprego e da redução do tempo de permanência no desemprego.
Por dever de consciência, permito-me fazer aqui um exercício hipoteticamente explicativo dos resultados brutos do estudo, os quais ampliaram (não correctamente) vários órgãos de comunicaçao social, tendo em conta que se trata apenas de um exercício explicativo, sujeito a contestação séria e fundamentada (não em conversa de seminários para preencher curriculum, em títulos académicos para progressão na carreira ou idiotice politiqueira). À séria mesmo.
O perfil do formando-tipo do estudo revela um público adulto e feminino, que vive acima do Tejo (povoamento urbano e certamente metropolitano), a que se deve juntar o facto de deterem qualificações ao nível do ensino superior, de onde decorrem várias hipóteses de explicação do desajustamento entre a formação recebida a (falta) empregabilidade imediata:
São adultos os ex-formandos porque terminam as licenciaturas e mestrados cada vez mais tarde (porque os fazem de seguida), sendo mais tardia a sua entrada no mercado de trabalho;
Muita da formação de base (ministrada pelo IEFP) aos casos em que o inquérito revela dificuldades de inserção no mercado de trabalho foi dirigida a este tipo de públicos ao abrigo dos programas Fordesq e FAQ (Formação de Activos Qualificados);
São as mulheres que mais frequentam as licenciaturas que maiores excedentes têm gerado no mercado de trabalho (ciências sociais e humanas, direito, …), com proporções cada vez maiores face aos homens (entre 60% a 70%);
Uma boa fatia deste tipo de público é portador de licenciaturas via ensino (daí a resposta de que a formação recebida não tenha contribuído em nada para encontrarem emprego), que foram obrigados(as) a frequentar uma formação cuja filosofia foi à partida mal definida (numa lógica de reconversão de qualificações longas para outras profissões, em pouco tempo, sem resultados, como pode comprovar-se em boa parte dos casos, nomeadamente no caso dos públicos apetrechados com formação para ensino);
A formação dirigida a licenciados desempregados foi sempre mal encarada pelos seus destinatários e apenas legitimada nos casos em que os mesmos estavam a receber subsídio de desemprego (obrigados a ir para a formação). Como o subsídio de desemprego tinha sido conseguido há pouco tempo e como a formação profissional suspende o subsídio de desemprego sem queimar o tempo atribuído inicialmente, finda a mesma formação, foi retomado o subsídio pelos destinatários, até ao final, sem perigo de o perderem em consequência de oferta de emprego compatível (a qual apenas se aplica no caso de docência, situação que não aconteceu até aos novos concursos de ingresso no Ministério da Educação);
A falta de experiência dos recém-licenciados também não ajuda a, num momento de recessão do mercado de trabalho, encontrar emprego, mesmo que seja depois de frequentar formação profissional que não era complementar, como se viu atrás (apesar de adultos, muitos são candidatos a primeiro emprego ou pouco mais que isso: pouca experiência de trabalho e, quando tal acontece é na área do ensino, o que não é relevante para o mercado de trabalho, ele próprio também cada vez menos empregador de forma estável – esta é uma variável não clarificada suficientemente aqui, continuando a falar-se em emprego e não em trabalho, desprezando coisas como a empregabilidade por conta própria, que deveria traduzir expressões mais notórias do que acontece, confirmando mais uma vez o peso das licenciaturas de via ensino);
Como a frequência de formação para encontrar emprego era a principal motivação, segundo o estudo, perante o desajustamento existente entre a oferta e produção do sistema de ensino superior e do mercado de trabalho, há uma maior incidência do tipo de resposta que procura estabelecer a relação de causa-efeito entre a formação e a empregabilidade;
Há um grande acomodamento e fraca propensão à mobilidade geográfica (a falta de emprego na área de residência é apontada como dificuldade de empregabilidade por 28%), a que se pode juntar a falta de experiência (dificuldade apontada por 13%), os quais, somados, são muito mais importantes e justificativos (41%) do que a falta de emprego na área do curso, confirmando em parte algumas das hipóteses aqui avançadas para explicar a situação;
Daqui decorre que a formação avaliada não coincide totalmente com a que é ministrada regularmente nos Centros de Formação Profissional do IEFP, de carácter técnico, em estreita cooperação com o tecido empresarial, dirigida a áreas de identificada carência no mercado de trabalho e com elevado grau de empregabilidade. Os resultados menos positivos do estudo referem-se precisamente às áreas profissionais em que a formação ministrada é mais curta, mais ligeira e menos qualificante de base.
Tal não significa que ensinamentos não haja a retirar para incrementar níveis de eficácia da oferta formativa do IEFP, nomeadamente no que respeita a uma aposta de maior incidência na informação e orientaçao profissional aos jovens do ensino secundário, mais orientada pelas perspectivas de empregabilidade futura (oferta de trabalho pelo mercado) do que pela rejeição da matemática enquanto provocadora de insucessos.
No que toca aos que já estão qualificados, afigura-se por enquanto válida a máxima de que não há licenciados a mais mas sim um crescente desfasamento entre a oferta de cursos e a oferta de trabalho, o que , como é sabido, não é da responsabilidade do IEFP, mas sim das Universidades, cuja autonomia tanto reivindicaram: é altura de mostrarem e assumirem o significado de tal terminologia e entendimento."
Wednesday, August 16, 2006
Inovar é Preciso: Modelos de cidades
Um texto da autoria do Prof. António Câmara, publicado no semanário Expresso.
Se faz sentido falar em cidades Aerotropolis, que modelo para o desenvolvimento do território português?
"Os países competem através das suas cidades. Eis um tema central para a discussão pública
NUM mundo crescentemente global, um consumidor remoto pode ser mais importante do que o cliente próximo. A acessibilidade (e não a localização) passou a ser o factor decisivo. No mundo digital lidamos bem com este fenómeno. Mas, por cada encomenda por «e-mail» à Amazon há um livro (ou outro produto) que tem que ser transportado de avião. John Kasarda, um professor da University of North Carolina, citado num recente número da revista «Fast Company», refere que o transporte de carga aérea cresceu cerca de 1.395% nos últimos trinta anos. Hoje, cerca de 40% do valor económico de todos os bens produzidos no mundo (representando apenas 1% do peso total) são transportados por essa via.
Deste modo, os aeroportos de grande dimensão são uma peça fundamental deste novo mundo e Kasarda propõe que as fábricas, escritórios, habitações, centros comerciais e escolas sejam construídas à sua volta. A este novo conceito de cidade chama Aerotropolis. Segundo ele, os novos aeroportos de Banguecoque, Hong Kong, e Dubai, e os desenvolvimentos urbanísticos previstos para os seus arredores, mostram que esta ideia está a ser adoptada. Kasarda refere que as Aerotropolis vão permitir a criação de cadeias de abastecimento substancialmente mais eficientes do que as oferecidas por cidades em que os aeroportos têm uma dimensão limitada e estão distantes do seu centro.
Este tipo de cidade contrasta, em absoluto, com a escala humana que associamos a outro modelo alternativo: o da cidade criativa. Antes de produzirmos bens temos que os conceber e o talento criativo não quer certamente viver rodeado por auto-estradas e aeroportos gigantescos. Richard Florida, hoje professor na Georges Mason University, mostra que a acessibilidade do local de residência ao mundo exterior conferida pela presença de um aeroporto internacional tem que estar presente. Mas para atrair talento os factores decisivos são a qualidade de vida e a vibração cultural existente em cidades históricas como Boston, São Francisco, Londres ou Barcelona.
Os países competem através das suas cidades. A estratégia de desenvolvimento económico das nossas cidades (seguindo estes modelos ou outros) deve passar a ser um tema central de discussão pública. Não tem sido."
asc@fct.unl.pt
Prof. da FCT-UNL e presidente da YDreams
Se faz sentido falar em cidades Aerotropolis, que modelo para o desenvolvimento do território português?
"Os países competem através das suas cidades. Eis um tema central para a discussão pública
NUM mundo crescentemente global, um consumidor remoto pode ser mais importante do que o cliente próximo. A acessibilidade (e não a localização) passou a ser o factor decisivo. No mundo digital lidamos bem com este fenómeno. Mas, por cada encomenda por «e-mail» à Amazon há um livro (ou outro produto) que tem que ser transportado de avião. John Kasarda, um professor da University of North Carolina, citado num recente número da revista «Fast Company», refere que o transporte de carga aérea cresceu cerca de 1.395% nos últimos trinta anos. Hoje, cerca de 40% do valor económico de todos os bens produzidos no mundo (representando apenas 1% do peso total) são transportados por essa via.
Deste modo, os aeroportos de grande dimensão são uma peça fundamental deste novo mundo e Kasarda propõe que as fábricas, escritórios, habitações, centros comerciais e escolas sejam construídas à sua volta. A este novo conceito de cidade chama Aerotropolis. Segundo ele, os novos aeroportos de Banguecoque, Hong Kong, e Dubai, e os desenvolvimentos urbanísticos previstos para os seus arredores, mostram que esta ideia está a ser adoptada. Kasarda refere que as Aerotropolis vão permitir a criação de cadeias de abastecimento substancialmente mais eficientes do que as oferecidas por cidades em que os aeroportos têm uma dimensão limitada e estão distantes do seu centro.
Este tipo de cidade contrasta, em absoluto, com a escala humana que associamos a outro modelo alternativo: o da cidade criativa. Antes de produzirmos bens temos que os conceber e o talento criativo não quer certamente viver rodeado por auto-estradas e aeroportos gigantescos. Richard Florida, hoje professor na Georges Mason University, mostra que a acessibilidade do local de residência ao mundo exterior conferida pela presença de um aeroporto internacional tem que estar presente. Mas para atrair talento os factores decisivos são a qualidade de vida e a vibração cultural existente em cidades históricas como Boston, São Francisco, Londres ou Barcelona.
Os países competem através das suas cidades. A estratégia de desenvolvimento económico das nossas cidades (seguindo estes modelos ou outros) deve passar a ser um tema central de discussão pública. Não tem sido."
asc@fct.unl.pt
Prof. da FCT-UNL e presidente da YDreams
Tuesday, August 15, 2006
Inovação & Inclusão: Empregabilidade nos próximos 10 anos
No âmbito de uma discussão em torno do PNPOT, tive a oportunidade de me encontrar com o director de uma escola profissional do interior do país.
A conversa desenvolveu-se em torno do desemprego, do "semi-emprego" e das perspectivas futuras.
Concluímos sem dificuldade que as áreas de formação da sua escola profissional já tinham tido melhores taxas de empregabilidade.
Após essa conclusão, introduzi a temática do "novo" sector quaternário da economia, e das expectativas de crescimento: A necessidade de novos cursos para responder à crescente procura no mercado de trabalho para esse sector, isto é, técnicos de comunicação e informação.
Respondeu o que esperava, mas nem por isso me agradou: "Essa é uma problemática para daqui a 10 anos"
Durante quanto tempo mais vamos continuar a ter uma atitude reactiva e não próactiva em áreas tão sensiveis como a educação?!
Há dias assim!
Encontrei numa pesquisa o blogue da Débora Martins.
Visita obrigatória para quem se interesse por "Atitude Profissional".
Sunday, August 13, 2006
Sugestão Turística
O "interior" de Portugal é frequentemente conotado com o Turísmo.
Fica-se muitas vezes com a ideia que esse interior só serve para o turísmo de curta duração (vulgo "escapadinha") e, espante-se, indústrias de mão de obra intensiva.
Serão estas actividades compativeis no mesmo território? Creio que não. As áreas industriais em Portugal devem muito ao ordenamento e ao planeamento e tornam-se por isso "monos" do território nacional.
Na época de verão, o "país esquecido" enche-se de turístas de todas as proviniências, mas com destaque para as áreas metropolitanas. Faz confusão pensar que essa população metropolitana, quando se dispersa pelo território, o consegue "atestar". Fica a incógnita sobre as reais condições de vida quando se concentra em 15% do território.
Mas, a "Silly Season" esconde oportunidades raras vezes reveladas: Aproveite uns dias deste Agosto e visite... LISBOA!
Sim, isso mesmo. "Lisboa está deserta, partiu para parte incerta".
Aproveite para comer um gelado na Rua do Ouro e atravessar a pé o centro histórico que Marquês de Pombal construiu há 250 anos. Visite o Castelo de S. Jorge, aprecie o Tejo com os seus veleiros, atravesse a Expo'98 em teleférico...
Porque Lisboa, nesta época do ano, revela o encanto do seu património!
Thursday, August 10, 2006
Blogue Portugal Singapura
"Olha para os bons e serás como eles!"
Foi a frase que me ocorreu quando encontrei o Blogue Portugal Singapura da autoria de João Santos Lucas.
Tal como Portugal, Singapura é um pequeno país com baixo índice populacional. Mas ao contrário da nossa economia, Singapura soube transformar essa reduzida dimensão numa economia internacionalizada: Exporta quase tudo o que produz, importa quase tudo o que consome.
Consegue ser um exemplo no continente asiático, cujos vizinhos são economias tão complexas como a China e a Malásia.
Em Portugal, boa parte da sua visibilidade advém da concessão do Porto de Sines, alavanca mobilizadora da economia do baixo Alentejo. Em Singapura, somos o 47º exportador para aquele território: Uma posição a baixo de Marrocos!
Sem dúvida, um blogue para acompanhar.
Foi a frase que me ocorreu quando encontrei o Blogue Portugal Singapura da autoria de João Santos Lucas.
Tal como Portugal, Singapura é um pequeno país com baixo índice populacional. Mas ao contrário da nossa economia, Singapura soube transformar essa reduzida dimensão numa economia internacionalizada: Exporta quase tudo o que produz, importa quase tudo o que consome.
Consegue ser um exemplo no continente asiático, cujos vizinhos são economias tão complexas como a China e a Malásia.
Em Portugal, boa parte da sua visibilidade advém da concessão do Porto de Sines, alavanca mobilizadora da economia do baixo Alentejo. Em Singapura, somos o 47º exportador para aquele território: Uma posição a baixo de Marrocos!
Sem dúvida, um blogue para acompanhar.
Wednesday, August 09, 2006
Quem me dera...
"Quem me dera que eu fosse o pó da estrada, e que os pés dos pobres me estivessem pisando... Quem me dera que eu fosse os rios que correm, e que as lavadeiras estivessem à minha beira... Quem me dera que eu fosse os choupos à margem do rio, e tivesse só o céu por cima e a água por baixo... Quem me dera que eu fosse o burro do moleiro, e que ele me batesse e me estimasse... Antes isso que ser o que atravessa a vida olhando para trás de si e tendo pena..."
("Quem me dera que eu fosse o pó da estrada", escrito por Alberto Caeiro)
in Living in Theory
Tuesday, August 08, 2006
Inovação & Inclusão: Agricultura Biológica
A consciência colectiva sobre as consequências para a saúde dos pesticidas agricolas, tem motivado uma crescente procura de produtos provinientes da agricultura biológica.
Tal procura originou novas oportunidades de negócio, uma vez que apesar de mais caros, esses produtos têm recebido a preferência dos consumidores.
Num momento em que agricultura atravessa uma grave crise de sustentabilidade, face à concorrência externa desses produtos, esta nova oportunidade deve ser estudada e desenvolvida para a diferenciação qualitativa dos nossos produtos regionais.
Recentemente, verifiquei numa região rural, a promoção de cursos de formação nesta área agricola.
No meu entendimento, o futuro da produção agricola passará por esta nova fase, pelo que estas iniciativas não deverão ser desvalorizadas.
Tal procura originou novas oportunidades de negócio, uma vez que apesar de mais caros, esses produtos têm recebido a preferência dos consumidores.
Num momento em que agricultura atravessa uma grave crise de sustentabilidade, face à concorrência externa desses produtos, esta nova oportunidade deve ser estudada e desenvolvida para a diferenciação qualitativa dos nossos produtos regionais.
Recentemente, verifiquei numa região rural, a promoção de cursos de formação nesta área agricola.
No meu entendimento, o futuro da produção agricola passará por esta nova fase, pelo que estas iniciativas não deverão ser desvalorizadas.
Monday, August 07, 2006
PNPOT
Convite à Reflexão
Tem a palavra o Dr. Tavares Moreira,
"Quando me preparava para alinhavar algumas ideias em torno da discussão da questão orçamental, que se aproxima rapidamente, deparei-me com um curioso convite à reflexão que encontrei numa revista de língua inglesa e que me pareceu digno de menção neste espaço.
Trata-se de um convite original, sob a forma de 10 grandes pensamentos para aplicação à nossa forma de viver, por vezes tão condicionada por rotinas que quase perde sentido existencial.
Passo a citar.
1. Calma é um lugar que tu próprio tens de criar se estiveres em ambiente de caos.
2. Aprende a tirar vantagem dos momentos em que nada parece acontecer. Isso te preparará para o que vier a seguir.
3. Ser amável faz parte da nossa natureza; pratica esse dom, oferece-o e recebe-o, de forma livre.
4. Para um espírito concentrado e uma mente tranquila, obriga-te a uma caminhada diária.
5. Encara o sono como um ritual; prepara-te para ele em cada noite.
6. Enfrenta uma qualquer rotina como oportunidade para a mudança.
7. Lembra-te de que qualquer momento te pode despertar para aquilo que é realmente importante.
8. Desenvolve a tua espiritualidade como um dom e um processo.
9. Inverte a regra de ouro: trata-te a ti próprio como tratas os outros.
10. Os sonhos dão cor e ímpeto à tua vida; deixa os teus sonhos inspirarem as tuas paixões e moverem os teus passos.
Parece tudo muito simples, mas qualquer uma destas notas de reflexão oferece motivo para repensarmos seriamente a nossa forma de viver.
Consta que Melinda Gates, mulher do famoso Bill Gates tão venerado pelos nossos governantes, dá enorme atenção a este decálogo. Será pois de bom conselho divulga-lo em Portugal.
Pela minha parte, irei tentar indagar em que medida estes dez preceitos poderão inspirar as minhas próximas ideias e intervenções sobre a questão orçamental.
No actual contexto de férias, parece-me que a reflexão do nº2 pode ser de grande utilidade.
E dado que já pratico, com regularidade, a recomendação contida na reflexão do nº 4, bem como a do nº5, espero utilizar a reflexão do nº10 para ver em que medida os meus próximos sonhos poderão inspirar-me a perscrutar o que possa vir a acontecer no plano da política orçamental.
Não é verdade que o equilíbrio orçamental e a recuperação económica continuam a ser para nós um sonho?
A final, estas reflexões podem ser mesmo de grande utilidade para percebermos o que aí vem ou pode vir."
in 4R - Quarta República
"Quando me preparava para alinhavar algumas ideias em torno da discussão da questão orçamental, que se aproxima rapidamente, deparei-me com um curioso convite à reflexão que encontrei numa revista de língua inglesa e que me pareceu digno de menção neste espaço.
Trata-se de um convite original, sob a forma de 10 grandes pensamentos para aplicação à nossa forma de viver, por vezes tão condicionada por rotinas que quase perde sentido existencial.
Passo a citar.
1. Calma é um lugar que tu próprio tens de criar se estiveres em ambiente de caos.
2. Aprende a tirar vantagem dos momentos em que nada parece acontecer. Isso te preparará para o que vier a seguir.
3. Ser amável faz parte da nossa natureza; pratica esse dom, oferece-o e recebe-o, de forma livre.
4. Para um espírito concentrado e uma mente tranquila, obriga-te a uma caminhada diária.
5. Encara o sono como um ritual; prepara-te para ele em cada noite.
6. Enfrenta uma qualquer rotina como oportunidade para a mudança.
7. Lembra-te de que qualquer momento te pode despertar para aquilo que é realmente importante.
8. Desenvolve a tua espiritualidade como um dom e um processo.
9. Inverte a regra de ouro: trata-te a ti próprio como tratas os outros.
10. Os sonhos dão cor e ímpeto à tua vida; deixa os teus sonhos inspirarem as tuas paixões e moverem os teus passos.
Parece tudo muito simples, mas qualquer uma destas notas de reflexão oferece motivo para repensarmos seriamente a nossa forma de viver.
Consta que Melinda Gates, mulher do famoso Bill Gates tão venerado pelos nossos governantes, dá enorme atenção a este decálogo. Será pois de bom conselho divulga-lo em Portugal.
Pela minha parte, irei tentar indagar em que medida estes dez preceitos poderão inspirar as minhas próximas ideias e intervenções sobre a questão orçamental.
No actual contexto de férias, parece-me que a reflexão do nº2 pode ser de grande utilidade.
E dado que já pratico, com regularidade, a recomendação contida na reflexão do nº 4, bem como a do nº5, espero utilizar a reflexão do nº10 para ver em que medida os meus próximos sonhos poderão inspirar-me a perscrutar o que possa vir a acontecer no plano da política orçamental.
Não é verdade que o equilíbrio orçamental e a recuperação económica continuam a ser para nós um sonho?
A final, estas reflexões podem ser mesmo de grande utilidade para percebermos o que aí vem ou pode vir."
in 4R - Quarta República
Sunday, August 06, 2006
Cidades do Interior I
Em conversa de café com o Nuno, este chamou a atenção para algo que todos sabemos e raramente pensamos no assunto: Sempre que um repórter de televisão produz uma notícia fora das CHAGAS URBANAS, a imagem é sempre de um velhote desdentado ao lado da sua esposa de luto.
Aparentemente pitoresco para quem assiste a partir das referidas chagas, esta imagem transmite (até à exaustão) a ideia de que o interior é apenas isso.
A democratização do conhecimento, através da imprensa regional e da cobertura nacional da banda larga, tem vindo a homogeneizar o nivel cultural e intelectual da população portuguesa.
O interior é composto por cidades funcionais, onde a deslocação aos mais diversos serviços se faz geralmente a pé, e onde nascem pequenas unidades de negócio com um "costumer service" que nas grandes cidades raras vezes existe.
Esta imagem sistemática de "coitadinhos atrasados mentais" tem que mudar.
Para isso, todas as associações de municipios devem, numa perspectiva de promoção regional, encontrar junto das televisões interlocutores que compreendam a nova realidade promovendo oportunidades económicas para as suas regiões.
A título de exemplo: Quantas clientes de internet banda larga 4Mb em Lisboa/Porto beneficiam de 2,4 Mb reais de tráfego (três vezes superior à média europeia e 50% superior a banda larga T-1)? Fará sentido que nas médias organizações nacionais, os serviços não-comerciais continuem a funcionar nas grandes cidades, onde os custos com pessoal e instalações são 200% superiores a uma cidade do interior cuja qualidade de vida (social, ambiental e económica) é incomparavelmente superior?
Aparentemente pitoresco para quem assiste a partir das referidas chagas, esta imagem transmite (até à exaustão) a ideia de que o interior é apenas isso.
A democratização do conhecimento, através da imprensa regional e da cobertura nacional da banda larga, tem vindo a homogeneizar o nivel cultural e intelectual da população portuguesa.
O interior é composto por cidades funcionais, onde a deslocação aos mais diversos serviços se faz geralmente a pé, e onde nascem pequenas unidades de negócio com um "costumer service" que nas grandes cidades raras vezes existe.
Esta imagem sistemática de "coitadinhos atrasados mentais" tem que mudar.
Para isso, todas as associações de municipios devem, numa perspectiva de promoção regional, encontrar junto das televisões interlocutores que compreendam a nova realidade promovendo oportunidades económicas para as suas regiões.
A título de exemplo: Quantas clientes de internet banda larga 4Mb em Lisboa/Porto beneficiam de 2,4 Mb reais de tráfego (três vezes superior à média europeia e 50% superior a banda larga T-1)? Fará sentido que nas médias organizações nacionais, os serviços não-comerciais continuem a funcionar nas grandes cidades, onde os custos com pessoal e instalações são 200% superiores a uma cidade do interior cuja qualidade de vida (social, ambiental e económica) é incomparavelmente superior?
Friday, August 04, 2006
Cidades do Interior
O estudo que o Expresso apresentou sobre as cidades dava protagonismo surpreendente a Bragança, que foi considerada em quarto lugar, e deixava mal a Guarda, em 23º lugar. Quem viaja e vai, também para norte, e não apenas ao Algarve, não ficou surpreendido. As cidades transmontanas deram um enorme salto e desenvolveram-se. Tudo ao contrário do que aconteceu com a Guarda que continua dependente dos serviços e não se desenvolve. Vila Real e Bragança já deixaram a Guarda para trás. E de que maneira.
in O interior, Abril 13, 2004
Wednesday, August 02, 2006
OPEN DAYS – Semana Europeia das Regiões e dos Municípios (9 a 12 de Outubro de 2006)
Organização
· A Edição de 2006 dos "OPEN DAYS - Semana das Regiões e dos Municípios” é organizada conjuntamente pelo Comité das Regiões e a Direcção Geral de Política Regional da Comissão Europeia (DG REGIO), e por 135 representações de regiões e municípios sediadas em Bruxelas. Conta com o apoio do Parlamento Europeu, da presidência finlandesa da União Europeia, do Banco Europeu de Investimento, do Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento (BERD), da Federação Bancária Europeia, do Comité Económico e Social Europeu e de algumas mais cotadas empresas a nível mundial.
Tema
· Este evento é subordinado ao tema: Investir nas regiões e municípios da Europa - Parceria pública e privada para o crescimento e o emprego.
A representação das regiões e dos municípios
· As 135 regiões e municípios “parceiros” ( lista completa apensa) estão agrupados em 14 grupos, estando representado em cada um deles pelos menos três países diferentes. Números relativos aos anos anteriores:
Ø 2005: 106 regiões e municípios
Ø 2004: 70 regiões e municípios
Ø 2003: 10 regiões e municípios
· As regiões e municípios participantes representam 24 países europeus (20 Estados-Membros, 2 países candidatos à adesão e 2 extra-comunitários): Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Eslováquia, Espanha, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Letónia, Lituânia, Países Baixos, Polónia, Reino Unido, República Checa, Suécia, Roménia, Croácia, Suíça e Noruega.
· Os países mais representados são: Alemanha (17 ), seguidos da Itália (14), Reino Unido (13), Espanha (12), Países Baixos e Polónia (10), França, Finlândia e Hungria (7), República Checa (6), Roménia e Suécia (5).
Número de participantes
· Estão previstos para este evento 5 000 participantes provenientes do mundo político, económico, financeiro e social.
· Comparação com anos anteriores:
Ø 2005: 2 500 participantes
Ø 2004: 2 000 participantes
Número de ateliês e seminários
· Estão previstos 181 ateliês, dos quais 111 terão lugar em Bruxelas nas representações de regiões e cidades, na sede do Comité das Regiões e na Direcção-Geral de Política Regional da Comissão Europeia, realizando-se os restantes 70 localmente nos Estados-Membros.
· Comparação com anos anteriores:
Ø 2005: 70 ateliês e seminários
Ø 2004: 71 ateliês e seminários
· Os ateliês e seminários estarão agrupados por temas:
Ø Investir em empresas competitivas e emprego de elevada qualidade
Ø Promover a inovação ao nível regional
Ø Investir numa utilização sustentável dos recursos e das tecnologias do ambiente
Ø Apoiar a parceria de empresas do sector público e privado para os grandes projectos de infra‑estruturas
Ø Reduzir a burocracia: a gestão dos Fundos Estruturais entre 2007 e 2013
Novidades dos OPEN DAYS de 2006
· Cafés dos Investidores: um local de encontro moderno e uma oportunidade de ligação em rede dos investidores e representantes das autoridades locais e regionais. No café, que estará a funcionar de 9 a 12 de Outubro, na sede do Comité das Regiões, 99-101 Rue Belliard, Bruxelas, estarão presentes algumas das mais importantes empresas a nível mundial, nomeadamente:
· Alcatel
· BT
· Cisco Systems
· Deutsche Telekom
· Ericsson
· Ernst & Young
· France Télecom
· Hewlett-Packard
· Intel
· Microsoft
· Philips
· SAP
· Siemens
· Telecom Italia
· Telefónica
· Aldeia de Expositores: cada um dos 14 grupos terá à sua disposição um espaço para os seus próprios projectos sobre oportunidades comerciais, turísticas e de inovação, ao passo que outros grupos de expositores incluirão empresas do sector privado, instituições comunitárias, bancos e associações. A exposição realizar-se-á na sede do Comité das Regiões.
· Centro para os Meios de Comunicação: ficará próximo do Café dos Investidores e da área de exposições. Permitirá às organizações do sector público e privado terem maior visibilidade nos meios de comunicação regionais e locais de toda a Europa e com os jornalistas acreditados em Bruxelas. Prevê que os OPEN DAYS serão cobertos por cerca de 300 jornalistas da imprensa regional, além de que este evento servirá de pano de fundo da reunião informativa anual “Circom briefing’” organizada pelos comissários europeus para os membros da associação europeia das televisões regionais públicas.
· Sítio Web específico: para as informações de última hora sobre o programa e para demais pormenores sobre inscrições em ateliês ou seminários, é preciso consultar o novo sítio consagrado ao evento: www.opendays.europa.eu.
· A “Europa ao nosso alcance”: de 12 a 14 de Outubro realizar-se-á simultaneamente em muitas regiões e cidades com um programa descentralizado de eventos.
Novo Aeroporto: Dinamização Económica
Todos desejamos a dinamização da economia portuguesa.
E um aeroporto pode ajudar nesse objectivo.
A localização do território nacional (Europe SW) e as potencialidades turísticas são motivos suficientes para que Portugal se preocupe com a longevidade e eficiência dos seus aeroportos.
Por outro lado, existe a necessidade nacional de integrar o interior na economia. Até porque o interior oferece a oportunidade de menores custos com mão de obra que se reflectirão em todos os serviços de apoio. E o factor preço, é cada vez mais o factor decisivo num destino turístico ou na selecção de um aeroporto para um vôo charter.
Por isso julgo ser sensato imaginar que o novo aeroporto venha ocupar as instalações de um actual militar. Seja Tancos ou Beja.
Qualquer das soluções é boa: Permitirá uma solução low cost em complemento ao aeroporto da Portela, que será decisiva para a sua actividade nesta nova era económica.
E com isto, permitirá a fácil integração com a rede ferroviária nacional, que presta actualmente um serviço intercidades de elevada qualidade e que permite a transferência CÓMODA para qualquer ponto do país.
Quanto ao projecto do aeroporto da Ota, é como falar de um Ferrari. Já todos percebemos que não temos cabedal económico para isso.
Tuesday, August 01, 2006
Inovaçao & Inclusão: Por uma política de coesão
"POR iniciativa dos Ministérios da Economia e da Segurança Social e do Trabalho, o Governo português determinou a constituição de uma equipa de missão com o objectivo de analisar e propor recomendações para as áreas e sectores mais deprimidos do país. Os primeiros resultados deste trabalho acabam de ser tornados públicos.
O essencial da recomendação estratégica passa por tentar implementar, em Portugal, uma política de coesão: no essencial, seguir uma orientação de discriminação positiva em benefício de todas as regiões cujo índice de poder de compra «per capita» não exceda 75% da média nacional. Procurou-se fugir à fragmentação de uma análise concelho a concelho. Daí que a questão tenha sido colocada ao nível das dezoito regiões relativamente homogéneas que foram analisadas. Decidiu-se, mesmo assim, beneficiar identicamente concelhos que, em regiões que excedem os 75% da média nacional, ficam eles próprios aquém desse valor.
As medidas que decorram desta orientação global devem aplicar-se, por igual, a todos os concelhos incluídos no «mapa do Portugal menos favorecido».
Uma das conclusões do trabalho realizado é que a realidade portuguesa mudou nos últimos anos.
Ancorado em investimento público, com realce para a importância do ensino superior, o interior português viu consolidar-se um conjunto de centros urbanos de média dimensão (Bragança, Vila Real, Viseu, Guarda, Covilhã, Castelo Branco, Portalegre, Évora e Beja) cujo nível de vida é bastante mais elevado do que o observado em algumas zonas do litoral.
A situação de maior fragilidade encontra-se numa zona de transição, sem densidade institucional, de que constituem expoentes o Tâmega e os Pinhais Interiores. É aí que Portugal mudou menos: os 550 e os 183 mil habitantes do Tâmega e dos Pinhais Interiores têm taxas de urbanização de, respectivamente, 7% e 0%.
No litoral, as situações de maior fragilidade encontram-se no Centro e no Norte do país, naquelas áreas onde veio a prevalecer um modelo de industrialização assente em níveis de qualificação e de remuneração muito baixos. Acresce que, em alguns sectores de actividade (gamas mais baixas das indústrias têxtil de confecção e do calçado e indústria do mobiliário), este modelo industrial se encontra muito ameaçado pelo processo de globalização.
Fazer evoluir (qualificar) as empresas destes sectores que reúnam condições mínimas para o fazer e diversificar a actividade económica local, por atracção de empresas de maior intensidade tecnológica, constitui a orientação recomendada, podendo envolver medidas de elevado grau de discriminação e de voluntarismo."
Daniel Bessa
Responsável pelo Programa de Recuperação de Áreas e Sectores Deprimidos
In Expresso 04.10.2003
O essencial da recomendação estratégica passa por tentar implementar, em Portugal, uma política de coesão: no essencial, seguir uma orientação de discriminação positiva em benefício de todas as regiões cujo índice de poder de compra «per capita» não exceda 75% da média nacional. Procurou-se fugir à fragmentação de uma análise concelho a concelho. Daí que a questão tenha sido colocada ao nível das dezoito regiões relativamente homogéneas que foram analisadas. Decidiu-se, mesmo assim, beneficiar identicamente concelhos que, em regiões que excedem os 75% da média nacional, ficam eles próprios aquém desse valor.
As medidas que decorram desta orientação global devem aplicar-se, por igual, a todos os concelhos incluídos no «mapa do Portugal menos favorecido».
Uma das conclusões do trabalho realizado é que a realidade portuguesa mudou nos últimos anos.
Ancorado em investimento público, com realce para a importância do ensino superior, o interior português viu consolidar-se um conjunto de centros urbanos de média dimensão (Bragança, Vila Real, Viseu, Guarda, Covilhã, Castelo Branco, Portalegre, Évora e Beja) cujo nível de vida é bastante mais elevado do que o observado em algumas zonas do litoral.
A situação de maior fragilidade encontra-se numa zona de transição, sem densidade institucional, de que constituem expoentes o Tâmega e os Pinhais Interiores. É aí que Portugal mudou menos: os 550 e os 183 mil habitantes do Tâmega e dos Pinhais Interiores têm taxas de urbanização de, respectivamente, 7% e 0%.
No litoral, as situações de maior fragilidade encontram-se no Centro e no Norte do país, naquelas áreas onde veio a prevalecer um modelo de industrialização assente em níveis de qualificação e de remuneração muito baixos. Acresce que, em alguns sectores de actividade (gamas mais baixas das indústrias têxtil de confecção e do calçado e indústria do mobiliário), este modelo industrial se encontra muito ameaçado pelo processo de globalização.
Fazer evoluir (qualificar) as empresas destes sectores que reúnam condições mínimas para o fazer e diversificar a actividade económica local, por atracção de empresas de maior intensidade tecnológica, constitui a orientação recomendada, podendo envolver medidas de elevado grau de discriminação e de voluntarismo."
Daniel Bessa
Responsável pelo Programa de Recuperação de Áreas e Sectores Deprimidos
In Expresso 04.10.2003
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