As "cidades do futuro" pretendem ser verdes, sustentáveis, inteligentes e low cost. Isto já existe. Chama-se "Campo". Frederico Lucas

Tuesday, December 18, 2007

Reinserção: O rei do caroço de cereja


É assim que Zé Miguel é conhecido entre os presos de Sintra, que o ajudam a fazer as almofadas que está a vender com sucesso na Internet

Os filhos costumavam brincar debaixo do edredão com a almofada de caroços de cereja feita pela avó, no mais puro deleite. “Um dia ocorreu-me, ao olhar para eles, que se a almofada os divertia tanto e lhes dava um prazer tão genuíno é porque também devia ser algo de bom para outras pessoas”, refere José Miguel Amorim (ou Zé Miguel, como prefere ser chamado). Foi assim que nasceu o site www.ricoxete.com, dedicado à venda de almofadas de caroços de cereja, e uma oportunidade de vida para Zé Miguel, que estava há algum tempo desempregado.

Após “uns 50 telefonemas”, Zé Miguel conseguiu montar toda a operação. Registou uma patente e abasteceu-se de 10 toneladas de caroço de cereja, cuja limpeza está a cargo dos reclusos do Estabelecimento Prisional de Sintra, onde já é conhecido pelo ‘senhor do caroço’. Ele próprio escolheu os tecidos das almofadas e ‘adjudicou’ a sua execução às reclusas de Tires, tendo-lhes também oferecido duas máquinas de costura. “É uma experiência muito gratificante trabalhar com pessoas que estão presas”, refere Zé Miguel. “Dá para sentir que de alguma forma estou a colaborar para a reinserção social dessas pessoas”. E garante que uma parcela dos €26,5 do preço por almofada vai direitinho para estes reclusos.

Do que Zé Miguel não estava à espera era do sucesso imediato das almofadas de caroços de cereja - que, aquecidas um minuto no microondas, substituem os habituais sacos de água quente. O Spa Six Senses do hotel Penha Longa, em Sintra, apressou-se a fazer uma encomenda para fins de massagens. O telemóvel, divulgado no site, não tem parado de tocar com inúmeros pedidos. “Ligou-me um senhor a dizer que a filha com quinze dias de vida fica toda satisfeita com o calor da almofada. Eu até me calei. Só lhe dei os parabéns”.


Outra surpresa veio de conversas com médicos, fisioterapeutas e osteopatas, que lhe falaram de diversos efeitos benéficos desta almofada, em particular ao nível da termoterapia. Zé Miguel prefere classificar as tradicionais almofadas que reinventou para consumo moderno como um “produto inovador, honesto, biológico, biodegradável, hipoalergénico e totalmente feito em Portugal”.


Venda nos balcões CTT

Na execução das elegantes embalagens pretas nota-se o cunho do Zé Miguel, que já foi «designer» gráfico no jornal ‘Público’ e se assume como um “homem dos sete instrumentos» (também é formador de condução defensiva de motoristas que transportam matérias perigosas). Mariana, a filha de 8 anos, é que “resolveu o problema do marketing”. “Ia a passar quando vi que ela estava a fazer o trabalho de casa”. A redacção da Mariana, ‘O Jardim das Cerejeiras’, figura agora dentro das embalagens das almofadas num papel preto brilhante com letras brancas.

Os CTT já se mostraram interessados em vender as almofadas de caroços de cereja nos seus 1080 balcões em todo o país. “Será uma forma de chegar ao povo real, que não tem acesso à Internet”, faz notar. Se Zé Miguel arriscou tudo ao produzir 10 mil almofadas de uma assentada, também viu abrir-se uma caixa de Pandora com solicitações inesperadas. “Qualquer dia estou a vender na Rússia. Não sei onde isto irá parar”.

Expresso, Conceição Antunes

Friday, December 14, 2007

Thursday, December 13, 2007

in Visão, RAP

"(...) Com os subalternos nunca se sabe. Eu já fui subalterno muitas vezes e sei bem do que essa gente é capaz."

Wednesday, December 12, 2007

Coesão territorial no cerne da agenda política da UE

Em 23 e 24 de Novembro, a convite da Presidência Portuguesa da União Europeia, a Comissária Danuta Hübner reunir-se-á com os ministros responsáveis pelo desenvolvimento regional e o ordenamento do território em Ponta Delgada, nos Açores, para uma troca de impressões informal sobre coesão territorial e desenvolvimento regional. Tal como acordado na reunião anterior realizada em Leipzig, em Maio do corrente ano, os ministros adoptarão o primeiro programa de acção para a implementação da agenda territorial da UE.

Na perspectiva desta reunião, Danuta Hübner declarou: «A necessidade de reforçar a cooperação territorial na Europa foi inicialmente contemplada em Roterdão, em 2004, pelo que não posso deixar de me congratular pela natureza operacional deste primeiro programa de acção. Chegámos a um ponto de viragem: não só o Tratado Reformador reconhece a dimensão da coesão territorial no âmbito da política regional, como também, em breve, serão aplicadas medidas concretas no quadro do programa de acção e em 2008, será publicado o Livro Verde que a Comissão está actualmente a elaborar neste domínio. Poderemos assim utilizar o nosso potencial territorial em prol de uma Europa mais sustentável, mais competitiva e mais coesa.»

A política de coesão da UE deve ser capaz de corresponder de forma mais objectiva e específica às necessidades e características territoriais, às oportunidades e aos desafios geográficos das regiões e das cidades. Ao redefinir o mapa da Europa, acrescentando territórios ainda mais diversificados e novas disparidades, o alargamento veio também representar um desafio para a coesão territorial. É por este motivo que a «Agenda Territorial da UE» acordada na reunião ministerial de Maio advoga as vantagens da prossecução de uma política integrada de desenvolvimento territorial e insta a que a cooperação e o estabelecimento de redes neste domínio sejam reforçados no futuro.

Programa de acção para a implementação da agenda territorial da UE

O programa de acção apresentado pela Presidência Portuguesa nos Açores propõe 15 acções, que deverão ser realizadas entre 2007 e 2011. Entre as prioridades assinaladas, destacam-se as seguintes:

* Influenciar os dossiers fundamentais da UE e inserir uma dimensão territorial e urbana noutras políticas sectoriais da UE. Neste contexto, os ministros responsáveis pela política regional apresentarão em Portugal uma contribuição para o Livro Verde sobre as alterações climáticas que a Comissão adoptou em Junho passado, a fim de sublinhar a importância de integrar a dimensão territorial nesta questão.
* Consolidar a governação a vários níveis na UE e nos Estados-Membros, com base em parcerias comuns entre os intervenientes comunitários, nacionais, regionais e locais.
* Aprofundar os conhecimentos em matéria de ordenamento do território a nível da UE (estado dos territórios, tendências, repercussões políticas nos Estados-Membros). O Observatório em Rede do Ordenamento do Território Europeu (ORATE), um dos programas que será realizado no quadro da política de coesão no período de 2007 a 2013, visa precisamente a aquisição de conhecimentos científicos, a nível europeu, no domínio do desenvolvimento territorial.

Novo tratado visa coesão territorial e maior subsidiariedade

O tratado adoptado em Lisboa em 18 de Outubro, e que se prevê venha a ser assinado em 13 de Dezembro, introduz explicitamente a coesão territorial como terceira dimensão da política regional (a par das dimensões social e económica). Desta forma, contribuirá para reforçar o papel das autoridades locais e da sociedade civil a nível da UE. Reconhece igualmente que há que solucionar as disparidades territoriais que afectam a competitividade global da economia: disparidades geográficas (ilhas, regiões periféricas, zonas escassamente povoadas) ou dinâmicas territoriais (emergência de focos de pobreza, polarização de determinadas zonas, fenómenos de suburbanização, etc.).

Em Setembro de 2008, a Comissão adoptará um Livro Verde sobre coesão territorial e, em simultâneo, encetará uma vasta consulta pública na matéria. Este Livro Verde apresentará uma análise actualizada das disparidades verificadas no território europeu e iniciará o debate sobre a melhor forma de ter em conta a dimensão territorial nas políticas e nos programas da UE.

Antecedentes

A noção de coesão territorial assumiu uma dimensão fundamental na política de coesão desde a adopção, em 1999, do Plano de Desenvolvimento do Espaço Comunitário (PDEC). Em 2004, na reunião informal realizada em Roterdão sob a égide da Presidência Neerlandesa, perante a enorme repercussão, frequentemente imperceptível, das políticas comunitárias no desenvolvimento territorial dos Estados-Membros, os ministros decidiram introduzir a dimensão territorial no processo de Lisboa. Durante a reunião informal de ministros organizada pela Presidência Alemã, em Leipzig, em Maio de 2007, os ministros adoptaram a agenda territorial da UE.
Para mais informações sobre a política regional, consultar:

http://ec.europa.eu/regional_policy/index_en.htm
Programa ORATE:

http://www.espon.eu

in europa.eu

Sunday, December 09, 2007

Dalai Lama


Perguntaram ao DALAI LAMA ...
"O que mais te surpreende na Humanidade?"
Ele respondeu:
"Os homens ... porque perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde.
E por pensarem ansiosamente no futuro,
esquecem do presente de tal forma que acabam por não viver nem o presente e nem o futuro.
E vivem como se nunca fossem morrer ...
... e morrem como se nunca tivessem vivido."

Saturday, December 08, 2007

Martin Luther King


"O que mais preocupa não é o grito dos violentos,
nem dos corruptos, nem dos desonestos,
nem dos sem-caráter, nem dos sem-ética.
O que mais preocupa é o silêncio dos bons!"

Tuesday, November 20, 2007

Youuuuuuuuutuubeeeeeeeee!



Se dizem que é Natal sempre que um homem quiser e uma mulher deixar, porque não comemorar hoje a "sexta feira"?!

Sunday, November 11, 2007

"Eu defenderia a solução 1+Portela"

Carlos Borrego admite que a previsível expansão urbanística na margem esquerda do Tejo é o principal problema a acautelar na construção do aeroporto no Campo de Tiro de Alcochete
Não tem dúvidas da necessidade de um novo aeroporto, que deve ser pensado depois de uma ampla avaliação ambiental e económica estratégica que estudasse não só a localização, mas o tipo de infra-estrutura que acrescentaria competitividade ao país e que melhor se enquadrasse no mercado aéreo europeu. Carlos Borrego, director do Instituto do Ambiente e Desenvolvimento da Universidade de Aveiro, coordenou a equipa que avaliou as questões ambientais da proposta da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP) para localizar o novo aeroporto no Campo de Tiro de Alcochete, concluindo que esta opção é melhor do que a Ota. Sobre a continuação da Portela, levanta dúvida, justificando-a apenas como aeroporto secundário.

PÚBLICO - Como surge associado ao projecto da CIP?
Carlos Borrego - Resultou de conversas que decorriam há alguns meses sobre o interesse que a CIP tinha em verificar se não havia alternativa. Nós tínhamos feito alguns trabalhos com o José Manuel Viegas, que liderou a parte das acessibilidades e transportes, para ver se com novas metodologias de análise de terreno éramos capazes de encontrar outras soluções. E chegámos à conclusão de que haveria - foi quando apareceram localizações como o Poceirão e as Faias, entre outras. A ideia inicial era recuperar alguns dos estudos feitos para a Ota e Rio Frio, mas chegámos à conclusão de que não se justificava porque tínhamos de adoptar uma nova metodologia. E fui desafiado a tentar fazer este trabalho.
Está convencido de que há necessidade de um novo aeroporto?
Acho que sim. Basta olhar para o crescimento da Portela em número de aviões, para a sua localização e para o que se passa na Europa. Quase todos os outros países já construíram os seus segundos aeroportos das capitais e estão completamente integrados em termos económicos a explorá-los. Nós seremos o último país. E temos por isso que ser suficientemente competitivos para poder entrar no mercado. E daí que uma das preocupações desta nova localização seja permitir que o aeroporto não tenha de ser pago através das taxas mas pelo seu preço mais baixo. O aumento do tráfego aéreo vai continuar, não necessariamente pelas low-cost, mas porque continuará a ser um dos grandes transportes de massas. Por outro lado, a localização da Portela não é a melhor porque não estamos a falar nisto apenas como um aeroporto para Lisboa. Tem de ser uma decisão suficientemente estratégica para ser um aeroporto nacional. E há ainda a questão económica: Portugal tem de ter uma infra-estrutura que esteja integrada na estratégia europeia de aeroportos.
E quanto à opção Portela+1?
Não a estudámos. Na minha opinião, e sem ter base em estudos técnicos, a Portela tem muita dificuldade em ser justificada devido à proximidade de áreas habitacionais. Não quero dizer que a Portela tenha de mudar de função: pode eventualmente continuar a ser um aeroporto, com outro tipo de objectivos. Mas não é possível responder na Portela a esta necessidade de ter um aeroporto competitivo, ou seja, com taxas baratas e muitos aviões por hora, nem com muito tráfego de carga.
Mas, para validar outros cenários, não deveria ser estudado o cenário Portela+1?
Provavelmente. Mas provavelmente eu defenderia 1+Portela por todas as razões que já referi.
Alcochete mais Portela?
Não sei, porque Alcochete tem condições para ser o aeroporto sem necessidade da Portela. E, olhando para a Europa, as cidades que mantiveram os segundos aeroportos estão a ter grandes problemas nas suas companhias de bandeira e nas taxas aeroportuárias. Se calhar Portugal tem de fazer um estudo mais aprofundado da componente económica para garantir que o aeroporto a construir não tem esse problema. E manter a Portela deveria ser estudado com mais atenção.
É contra manter a Portela?
Não. Mas não tenho dados que me permitam dizer que a Portela tem capacidade para crescer. Daí falar-se no Portela+1 e aqui é que está a questão crítica: o que é que queremos para Portugal? Nós precisamos de uma avaliação estratégica sobre o aeroporto. Não podemos olhar para isto vendo apenas a localização, mas sim perguntarmo-nos que tipo de aeroporto é que nós queremos. Faça-se uma avaliação ambiental estratégica - que se faz em seis meses - para tomar essa decisão. Seria o que esperaria que o LNEC fizesse para saber qual a melhor localização e quais as melhores infra-estruturas com a componente económica incluída.
Se o estudo do LNEC for só sobre a localização, acha que seria melhor esperar que essa avaliação estratégica fosse feita para tomar uma decisão?
O que permitiria decidir melhor era essa avaliação e, se o LNEC não a fizer, vou continuar a sentir que falta qualquer coisa para substanciar a decisão.
Despindo o fato de consultor da CIP, como habitante de Aveiro, não preferia a Ota?
Preferia ter um bom aeroporto no Porto. E este é mais uma vez o problema: o que é que nós queremos fazer dos aeroportos nacionais? Precisamos ou não de um bom aeroporto no Porto que sirva os interesses daquela região mais a Galiza? Há aqui questões que são mais do que um jogo de localizações.
O seu estudo refere amiúde que há dados incompletos. Não receia que estudos aprofundados venham pôr em causa as suas conclusões?
Só tirámos conclusões do que para nós era um dado adquirido. Deixámos algumas questões em aberto, como a da conservação da natureza. Todos os números que surgem no trabalho relativo a essa componente estão por excesso. A maior dificuldade que encontro tem a ver com o ordenamento do território.
Está confiante que a Comissão Europeia possa aprovar este projecto?
Se houver vontade política, não é a União Europeia que vai condicionar essa opção estratégica portuguesa se for bem fundamentada. E daí novamente o desafio para a avaliação ambiental estratégica deste sistema.

in Público

Wednesday, October 24, 2007

Polis de 3ª geração arranca em 2008

O Governo espera receber todas as candidaturas até ao final de Abril de 2008 para começar com as obras no terreno no fim do Verão.
O Governo quer que até 2015 sejam implementadas 60 operações de regeneração urbana em Portugal ao abrigo da Política de Cidades Polis XXI debatida num seminário internacional sobre urbanismo que decorre entre hoje e sexta-feira em Faro.

O secretário de Estado do Ordenamento do Território e das Cidades apontou esta como a meta traçada pelo ministério para apoiar a regeneração urbana de espaços como centros históricos, frentes ribeirinhas ou bairros críticos.

João Ferrão falava aos jornalistas à margem de um seminário internacional que decorre na antiga Fábrica da Cerveja, em Faro, sob o tema "Espaços Urbanos Criativos", inserido no projecto "Cidades Inteligentes".

De acordo com o governante, o período para os municípios se candidatarem abre durante o primeiro trimestre de 2008, prevendo-se que depois do Verão do próximo ano já haja concretizações no terreno.

"Estou confiante que no segundo semestre de 2008 teremos as primeiras intervenções aprovadas", referiu, sublinhando tratar-se de candidaturas "complexas" que requerem tempo para ser preparadas.

"A concretização desta política pressupõe bons projectos e temos que criar condições para que os projectos amadureçam", observou João Ferrão, que presidiu à abertura do seminário em conjunto com o presidente da Câmara de Faro e o vice-presidente do Banco Europeu de Investimento.

João Ferrão defendeu ainda a agregação em rede das pequenas cidades para apresentarem candidaturas conjuntas para que, articuladas entre si, consigam ganhar maior dimensão e beneficiar mais dos projectos.

Outro dos instrumentos da Política de Cidades Polis XXI hoje debatido em Faro refere-se às redes urbanas para a competitividade e inovação, tendo sido traçado pelo Ministério do Ambiente que até 2015 haja 31 redes ou cidades com programas estratégicos.

No que respeita às acções inovadoras para o desenvolvimento urbano, a meta é que haja 75 projectos inovadores até 2015.

in Observatório do Algarve

Monday, October 22, 2007

Concurso "Cidades Criativas"

O Concurso Nacional de Ideias "Cidades Criativas" (http://www.ua.pt/csjp/cidadescriativas/) dirigido aos alunos do 12. ano e promovido pela Universidade de Aveiro e pela Associação Portuguesa de Planeadores do Território vai ter a sua sessão de apresentação pública na próxima quinta-feira, dia 25 de Outubro, pelas 14h, na Escola Secundária José Estevão em Aveiro. A sessão contará com a presença do Professor Doutor António Câmara (YDreams, UNL), Professor Doutor Eduardo Anselmo Castro (UA), Professor Doutor Rosa Pires (UA), Professora Doutora Maria Luís Pinto (UA) e Dr.ª Rosália Silva (Ministério da Educação), membros da Comissão Científica do concurso, assim como de um número significativo de elementos das diferentes equipas participantes (cerca de 200 alunos e professores de escolas de todo o país).

Relembramos que o objectivo deste concurso é estimular, nos jovens estudantes do 12.º ano, a capacidade de organizar uma reflexão criativa sobre o futuro das suas cidades/vilas, propondo-se que estes realizem, no âmbito da Área de Projecto, um trabalho constituído por um relatório escrito, um poster e um blogue, onde procurem identificar o potencial cultural, económico, tecnológico e de urbanidade das suas cidades/vilas e apresentar propostas inovadoras e criativas para a sua qualificação e valorização.

Trata-se de um exercício onde se estimula um forte envolvimento das equipas participantes com a comunidade local através da auscultação dos principais agentes (autarquias, agentes culturais, sociais e económicos), da promoção de debates sobre o futuro de cada uma das comunidades, um processo amplamente participado apoiado no desenvolvimento de blogues (entretanto já criados) onde cada equipa vai apresentando as conclusões das diferentes etapas dos trabalhos.

Um número significativo de alunos e professores já responderam a este desafio. Quando ainda falta cerca de um mês para o fim do prazo das inscrições (dia 16 de Novembro)estão já inscritas cerca de 250 equipas de todo o país, envolvendo cerca de 1.000 alunos representando mais de 90 cidades/vilas de todas as regiões educativas do continente e ilhas (listagem provisória dos participantes pode ser consultada no blogue http://cidadescriativas.blogs.sapo.pt/). Para além disso o blogue do concurso já teve mais de 36.000 páginas visitadas em pouco mais de mês e meio.

Refira-se que este concurso mobilizou um vasto conjunto de instituições e empresas que apoiam a divulgação e a dinamização do concurso e que patrocinam os prémios a atribuir às melhores equipas. Agradecemos deste modo o apoio manifestado pelo Ministério de Educação (Direcção Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular e as várias Direcções Regionais de Educação), Secretaria de Estado do Ordenamento do Território e das Cidades, Secretaria de Estado da Administração Local, Comissão Nacional da UNESCO, Associação Nacional de Municípios Portugueses, Instituto Nacional de Estatística (cedência de informação estatística), IGESPAR, Instituto Geográfico Português (cedência de informação geográfica), Instituto Museus e Conservação, Gabinete do Plano Tecnológico, Programa das Cidades e Regiões Digitais e Ciência Viva ('prémio divulgação da ciência'); e ainda os apoios que os patrocinadores disponibilizaram: REVIGRÉS (1.º prémio), SAPO ('melhor blogue'), El Corte Inglês ('melhor poster'), Semanário Expresso ('melhor relatório'), Casa da Música ('prémio cultura'), Fundação Serralves ('prémio ambiente, arte e sociedade'), Parque Expo ('prémio transformação urbana'), INTELI ('prémio inovação e economia'), FNAC, Fórum Estudante, Ciência Hoje, Farol de Ideias e Moinho da Carvalha Gorda.

Para além destes apoios regista-se a adesão à iniciativa de vários municípios do país que se propõem apoiar o desenvolvimento dos trabalhos e premiar os projectos de maior qualidade, assim como de vários órgãos de comunicação social (local e regional) que aderiram à REDE MEDIA LOCAL do concurso (que visa divulgar as conclusões dos trabalhos e animar processos de debate a nível local).

Tendo em conta que o prazo de inscrições no concurso está aberto até ao dia 16 de Novembro, solicitamos a divulgação desta iniciativa a todos os potenciais interessados.

Com os melhores cumprimentos

José Carlos Mota
Pl'A Organização do Concurso "Cidades Criativas"
Universidade de Aveiro / APPLA

Thursday, October 18, 2007

Fome será o preço da alternativa biocombustível?


Os preços dos cereais atingiram níveis recorde e as reservas desta base de alimentação estão ao nível mais baixo desde há 25 anos. O alerta foi lançado recentemente pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), que antevê os impactos mais graves desta realidade "preocupante" nos países em desenvolvimento, os que menor acesso costumam ter a esta produção agrícola.
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Desde o começo do corrente ano que o preço dos cereais tem vindo a subir no mercado internacional e já atingiu o nível mais alto de sempre. Isto deve-se ao aumento da procura e à diminuição das reservas mundiais, bem como à subida em flecha dos custos de transporte. Especialistas têm também alertado para os riscos da substituição da cultura de cereais para alimentação pelas oleaginosas destinadas a produzir biocombustíveis.
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A falta de cereais já está a levar a instabilidade social em alguns países em desenvolvimento. Mesmo na Europa o preço do pão tem escalado.Em Portugal já subiu 20% desde Janeiro e poderá subir ainda este ano mais 30%.

Monday, October 15, 2007

Portugal no topo do e-government!


De acordo com um estudo recente da OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, num ano Portugal avançou vários degraus no governo electrónico, está nos primeiros lugares do ranking europeu de e-government, o acesso a serviços do governo através da Internet.

São dois os critérios que estabelecem o ranking: a disponibilidade dos serviços públicos on line e a sofisticação desses mesmos serviços. A performance de Portugal tem vindo a melhorar. Há dois anos, na componente disponibilidade, estava no 14.º lugar; o ano passado chegoua o 10.º e agora consegue o terceiro.

Outro estudo publicado no início de Setembro - "Economist Intelligence Unit" - o grupo de estudos da revista "The Economist", Portugal está em 25º lugar na lista dos países mais competitivos a nível tecnológico.

Thursday, October 11, 2007

Benefícios para quem escolha viver no interior

O Governo pretende introduzir no Orçamento do Estado para 2008 uma alteração ao regime fiscal em sede de IRS para as populações que residem perto da fronteira com Espanha.
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Esta medida não funcionará sozinha, mas antes em complemento com os já anunciados benefícios fiscais em sede de IRC, com o objectivo de beneficiar também as empresas que operam no interior do país.
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O primeiro-ministro já tinha anunciado, no passado mês de Setembro, que as empresas que se encontram implementadas nas regiões do interior de Portugal vão ter um IRC de 15%, enquanto as novas empresas terão de pagar um imposto de 10%. Esta medida governamental foi aplaudida por várias associações empresariais, mas a opinião generalizada é a de que estes benefícios são insuficientes para captar investimento e gerar emprego nas regiões do interior.
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Presentemente, existem já cerca de 78,58 mil portugueses inscritos na Segurança Social em Espanha, de acordos com os últimos dados (de Agosto) do Instituto Nacional de Estatística espanhol.

Friday, September 28, 2007

A ponte é de quem a trabalha, por RAP

Aparentemente, a única coisa que vai pior do que o Pais e a oposição. O Pais, sabemo-lo todos, passa por dificuldades e não anda bom. Mas, como a crise só dura há cerca de 800 anos, toda a gente espera que a maleita seja passageira. Para a oposição é que ninguém sabe se há esperança. Ao menos, governo, oposição e Pais andam juntos na desventura. Em tempos difíceis, sempre é bonita a solidariedade entre gente que, ainda para mais, não se aprecia especialmente: o governo não gosta da oposição, a oposição não gosta do governo, e o Pais vai gostando cada vez menos de ambos.

Não sei se o leitor se apercebeu, até porque o fenómeno é raro, mas esta semana houve para aí confusão a propósito de umas medidas do governo. Os jornais revelaram que há uma hipótese de a terceira ponte sobre o Tejo não ser construída pela Lusoponte. Se isso se verificar, a Lusoponte, que detém o exclusivo das travessias rodoviárias em grande parte do rio, terá de receber uma compensação por cada veiculo que atravessar o Tejo na nova ponte. Isto é, evidentemente, um escândalo. E um escândalo que eu não tenha tido esta ideia primeiro.

Por cada carro que passasse em pontes que não tivessem sido construídas por mim (que até agora são todas), qui o campeão ganhava uns patacos. Isto é que é uma ideia de negócio. Abençoada Lusoponte. Ainda há gente em Portugal que sabe negociar. É certo que, com o governo, é mais fácil fazer negócios, mas não deixa de ser genial.

No entanto, o dízimo que o governo poderá vir ou não a pagar à Lusoponte, não é o único aspecto da complexa problemática. Habituado a conviver com complexas problemáticas, apanhei o jeito de as decompor em aspectos - talento inestimavelmente valioso. Ora, reparem no aspecto que acabo de apartar da problemática: a localização da nova ponte. Há que iniciar uma discussão muito seria sobre o assunto e é necessário que os partidos comecem a inventar importantes razões políticas para construir a nova ponte no local que trouxe maior numero de vantagens aos seus militantes mais influentes.

Se eu mandasse, a escolha estava feita. Onde construir a nova ponte sobre o Tejo. Para mim, a resposta é clara: na Ota. O facto de o rio Tejo não passar na Ota é uma questão irrelevante e, para falar com franqueza, injusta. A verdade e que a Ota precisa de uma grande obra publica. A Ota merece uma grande obra publica. A Ota, pelos vistos, vai ficar sem o aeroporto. O governo parece disposto a voltar atrás só porque decidiu precipitadamente e mal (o que nunca foi razão para voltar atrás, e é um sinal preocupante se passar a ser). É uma desfeita que o bom povo da Ota não merece, depois das expectativas que lhe criaram. Eu exijo atravessar o Tejo na Ota. E também exijo um euro por cada pessoa que atravessar qualquer dos afluentes do Alviela. Aposto que a Lusoponte se esqueceu do Alviela.

in VISAO 27 DE SETEMBRO DE 2007

Friday, September 21, 2007

UE / Fundos: Bruxelas e Portugal aprovam primeiros quatro programas operacionais do QREN


A Comissão Europeia e Portugal aprovaram já um primeiro pacote de quatro programas operacionais no âmbito do Quadro de Referência Estratégico Nacional, garantiu ontem o ministro do Ambiente, do Ordenamento do Território e Desenvolvimento Regional português.

"Os programas operacionais (PO) 'Factores de Competitividade', 'Valorização Territorial' e os programas para as regiões da Madeira e dos Açores [na vertente FEDER - Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional] foram aprovados nos últimos dois dias, o que confirma que Portugal está entre os primeiros países a fazer aprovar os seus operacionais", disse o governante à imprensa no final do primeiro dia do Fórum de Cooperação Interregional, em Lisboa.

"Conseguiu-se superar tudo e chegar a um acordo com Portugal, enquanto Estado-membro, sobre o programa operacional 'Factores de Competitividade' que é particularmente importante para o nosso tecido económico", que vai envolver 3,1 mil milhões de euros em fundos cofinanciados pelo FEDER", adiantou o ministro.

"Há agora que aguardar pelos procedimentos internos da Comissão Europeia, mas o acordo político está inteiramente conseguido", salientou.

O segundo o programa, "Valorização Territorial", foi também aprovado: "Não há obstáculo nenhum", sublinhou o ministro do Ambiente, realçando que envolverá 4,8 mil milhões de euros provenientes do FEDER.

Por sua vez, os dois outros programas operacionais para as regiões autónomas da Madeira e dos Açores, no âmbito dos fundos do FEDER, foram igualmente aprovados.

A comparticipação dos fundos comunitários (FEDER mais Fundo Social Europeu) nestes programas rondam os 446 milhões de Euros para a Madeira e os 1,2 mil milhões para os Açores, a que acrescerão verbas do Fundo de Coesão.

Na próxima semana já deverão estar na Internet os regulamentos relativos ao "Factores de Competitividade", bem como os sistemas de incentivos às empresas, para que possam ser consultados os regulamentos e começarem a ser preparadas as candidaturas".

"Nos primeiros dias de Outubro serão recebidas as primeiras candidaturas", disse o ministro, que falava à imprensa no Pavilhão de Portugal em Lisboa, sendo acompanhado pela comissária europeia para a Política Regional, Danuta Hubner, e pelo secretário de Estado do Desenvolvimento Regional, Rui Baleias.

"Isso significa que começámos a entrar na fase de execução do QREN, o que é um motivo de satisfação para todos nós", disse.

No entanto, realçou que falta ainda o terceiro programa temático "Potencial Humano" que está em negociações, com mais uma reunião na sexta-feira, bem como os programas operacionais regionais.

"Numa semana, quinze dias, no máximo estarão aprovados", adiantou.

in AgroNotícias

Friday, September 07, 2007

Desculpas, desculpas, desculpas...

Caríssimos visitantes,
Os meses de Julho e Agosto foram marcados por excessivos niveis de exigência profissional, motivo pelo qual o blogue quase estagnou.
Porque muitas vezes os textos publicados são apenas transcrições de outras fontes, mas que, quer pela qualidade quer pela visão que apresentam, merecem essa difusão, nem sempre deixarão perceber ao visitante o nível de empenho que tenho com este projecto.
Assumo na minha definição de cidadania a procura incessante de soluções que visem harmonizar o território português, quer pelo aproveitamento dos seus maiores activos naturais - sol, campo, sossego, baixa densidade populacional - tecnológicos e infra-estruturais.

Peço pois que me desculpem, assim como eu vos perdou-o do vosso silêncio!

Portugueses na alta roda da gestão

Encontram-se amiúde no início e final da semana nos aeroportos de Lisboa ou Porto, de «smartphone» em punho e PC portátil a tiracolo. São a nova vaga de gestores de multinacionais que residem em Portugal e que chefiam equipas virtuais em vários países do mundo.

Em poucos anos Portugal deixou de ser um país receptor de executivos de topo, enviados pelos quartéis-generais das multinacionais, para passar a disponibilizar recursos humanos de grande qualidade, disputados pelas maiores empresas de referência a nível mundial como a Microsoft, a Pepsico, a Danone, a Segafredo, só para citarmos alguns exemplos.

Não só passámos a fornecer quadros altamente qualificados capazes de gerir as representações daquelas companhias em território nacional, como lhes começaram a ser atribuídas funções de gestão sobre vários países europeus e não só. Alguns optam por mudar-se com a família para o estrangeiro, enquanto que outros aproveitam as novas estratégias descentralizadoras das multinacionais, assumindo cargos internacionais mas continuando a residir em Portugal.

A aptidão natural para o domínio de várias línguas, a facilidade de adaptação a novas situações e, naturalmente, o talento evidenciado ao longo das suas carreiras, fez com que emergisse uma nova geração de gestores em Portugal que agora ocupam cargos de relevo a nível mundial sem terem que residir fora do seu próprio país. O facto de chegarem muito rapidamente ao topo das suas carreiras em Portugal também contribui para que as entidades empregadoras lhes atribuam responsabilidades acrescidas extranacionais. Caso contrário poderiam perdê-los facilmente para a concorrência, tanto mais que a partir do final dos anos 90, as acções e a capitalização bolsista deixaram de constituir o principal factor de atracção e retenção de quadros.


Chegar ao topo... e depois



É que, normalmente, acima do cargo de director-geral em Portugal já não há mais degraus para subir. A saída é mesmo a atribuição de cargos de gestão de âmbito internacional dentro da organização.

Gerir à distância equipas em vários pontos do globo a partir de Portugal é também o desafio de alguns dos executivos que trabalham para as multinacionais portuguesas. Também aí se nota a emergência de uma nova geração de gestores nacionais que usam os mais avançados métodos de gestão.

“Portugal tem excelentes talentos ao nível da gestão e está a marcar pontos no contexto internacional. São pessoas formadas em algumas escolas portuguesas de gestão ou no estrangeiro e que agora dão cartas a partir do seu país”, garante Eduarda Luna Pais, directora-geral da Egon Zehnder International, uma das principais empresas de «executive search».

Estamos perante uma geração de executivos com idades entre os 30 e os 45 anos, normalmente casados e com filhos. Viajam muito, criaram novos hábitos de trabalho, aproveitando ao máximo os tempos de espera nos aeroportos, bem como os longos períodos em que vão sentados no avião, mas não dispensam o regresso semanal a casa para estar com a família.

Por outro lado, muitas das tarefas de gestão das equipas que coordenam podem ser executadas à distância, com recurso às mais modernas tecnologias de informação e comunicação, de onde se destaca o correio electrónico e a videoconferência. Na prática, interagem com frequência por voz, dados e com imagem a partir de distintos pontos geográficos.

Um dos casos mais emblemáticos é o da Microsoft Portugal. Nuno Duarte, director-geral da empresa, tem uma estratégia activa de internacionalização de carreiras que lhe permitiu a colocação de 19 quadros em funções fora do país, mas com a particularidade de metade continuar a residir em Portugal. Com efeito, na região da Europa ocidental, o peso da subsidiária portuguesa em termos de pessoas é três vezes superior em relevância ao da facturação.

Outro caso emblemático é o de Manuel Soares Ribeiro, vice-presidente de operações da multinacional americana Pepsico, que gere 3400 pessoas na Europa e Médio-Oriente a partir de Portugal. Mas, sublinha, “a gestão à distância só faz sentido e só conta para as empresas que nos empregam se lhe acrescentarmos valor o que, neste caso, significa ir aos sítios, estar com as pessoas, viver os seus anseios e fazer-lhes sentir que estamos com elas”.

Este gestor, que há seis anos foi indicado para substituir o seu colega americano que geria uma grande parte da Europa a partir de Barcelona, propôs uma coisa diferente à empresa-mãe: “Estava numa fase da minha vida familiar em que não podia ausentar-me de Portugal. Consegui convencê-los de que seria muito mais vantajoso gerir a partir de Lisboa. Aceitaram fazer uma experiência por alguns meses. Correu tão bem que já estou neste regime há seis anos e acabaram por me entregar a gestão de mais países”.

Uma coisa que as multinacionais também já perceberam há algum tempo é que pesa muito menos nos seus orçamentos ter representantes locais nos mercados onde estão presentes do que exportar para lá quadros de topo a partir da casa-mãe. É que, normalmente, com o gestor vai sempre a família e todos os custos são assumidos pela empresa que expatria os seus empregados.

Com a existência de gestores locais, que assumam a coordenação de uma dada região do planeta a partir do seu país, tudo fica mais barato para as multinacionais e os resultados são quase sempre melhores, pois estão a lidar com pessoas altamente qualificadas e que conhecem como ninguém os mercados onde se movimentam.

A situação geográfica de Portugal apresenta, no entanto, uma debilidade que por enquanto ainda não está ultrapassada. “A inexistência de voos directos a partir de Lisboa para vários países - nomeadamente do Leste europeu que começam a ganhar uma importância crescente -, pode ser um factor impeditivo de ocorrência de mais situações de gestão a partir daqui”, sublinha Nuno Fraga, «partner» da empresa de «executive search» Hire & Trust.

A favor, e ainda segundo este responsável, está o nível de qualificações cada vez mais elevado dos gestores portugueses, que “não ficam atrás dos gestores de topo de outros países”.

O Expresso identificou perto de duas dezenas de casos, mas os especialistas em recursos humanos garantem que já existem muitos mais e que Portugal está cada vez mais bem visto no mundo da gestão global.


Textos João Ramos e Vítor Andrade

in Expresso

Thursday, August 23, 2007

Lisboa e Porto perderam tanta população como os concelhos do interior rural

As duas maiores cidades do país ganharam a forma de um donut: ocas no centro e sobrepovoadas no exterior. As novas políticas de ordenamento procuram alterar a situação

Nos últimos 20 anos, os concelhos de Lisboa e do Porto perderam tantos habitantes quanto todos os outros concelhos do país em regressão demográfica. E para onde foram esses habitantes? Para os subúrbios, que não param de crescer. Para dar resposta ao crescente desequilíbrio das cidades, o Governo está a lançar um pacote legislativo e uma nova geração de planos de ordenamento do território que procuram a regeneração das áreas em decadência nos centros urbanos e prometem a contenção na expansão das áreas urbanas e da construção junto à costa.

O objectivo é garantir um país mais bem arrumado, mas em organizações ambientalistas como a Quercus ou o GEOTA (Grupo de Estudos do Ordenamento do Território e do Ambiente) há o receio de que o processo não conduza a grandes alterações no território, em parte devido às excepções previstas.

Se as ideias do Governo forem razoavelmente concretizadas, as cidades portuguesas deverão passar a ser mais compactas, com aposta na revitalização dos seus centros, o crescimento dos subúrbios será contido e a rede urbana contará com um maior peso das cidades médias.

Para isso, conta-se muito como o Polis XXI, que define a política de cidades, e também com financiamentos do novo quadro comunitário de apoios para 2007-2013 (o QREN), que tem na valorização do território uma das suas três grandes prioridades. Está também em vista a alteração da lei de solos, com início de debate público prometido para Janeiro, e mudanças para breve nas mais-valias urbanísticas.

Aposta nas redes de cidades

Contrariando as preocupações prevalecentes, que se centram no êxodo da população rural para as cidades, João Ferrão, secretário de Estado do Ordenamento do Território e das Cidades, que coordena estas políticas, considera que o país tem sofrido um duplo esvaziamento. É que não são só as áreas do interior que perdem população. Nos perímetros urbanos das principais cidades, há áreas vazias e abandonadas.

É aqui que o Governo centra boa parte da sua aposta. Por um lado, propõe instrumentos que incitem à construção e à compactação; por outro, defende a necessidade de se reabilitarem edifícios devolutos para posterior colocação no mercado. Além dos ganhos na recuperação do nervo urbano de cidades como Lisboa ou Porto, a prazo, João Ferrão, que, antes de ir para o Governo, era investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, prevê uma diminuição dos movimentos diários entre a cidade e os subúrbios, devido ao aumento de população nos centros, onde continuam a existir mais empregos.

O esvaziamento dos centros também já se manifesta nas cidades médias ou nos subúrbios mais antigos, em que a tendência dominante tem sido construir em novas áreas a urbanizar, em vez de se recuperar a habitação mais antiga, alerta Margarida Pereira, professora e investigadora da Universidade Nova de Lisboa.

Além da aposta no reforço do músculo próprio dos grandes centros, o Governo insiste na necessidade de se promoverem redes de cidades. Um dos objectivos do Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (PNPOT) é reforçar as relações entre as principais cidades do Centro (Aveiro, Viseu, Coimbra, Leiria), de modo a que possam funcionar como uma área metropolitana polinucleada, que abrange cerca de dois milhões de habitantes, lembra, a propósito, o coordenador do plano nacional, Jorge Gaspar.

Pouco ordenamento?

Carlos Costa, presidente do GEOTA, é crítico do que se perspectiva. No entendimento desta organização não-governamental, no PNPOT existe "uma visão dominante de planeamento urbanístico e não de ordenamento do território". E "nenhuma atenção é dada à reconversão das áreas industriais e à recuperação de terrenos industriais contaminados".

A Quercus realça que a intenção de contenção dos perímetros urbanos pode ser torpedeada na prática, pois "todas as alterações e excepções introduzidas na lei vão permitir construir onde até agora não se podia construir"

in Público

Wednesday, August 15, 2007

Em Bragança há mais que alheiras

Reivindica o melhor para a tua terra é o desafio do Sapo aos 308 concelhos de Portugal

O Sapo adaptou o desafio de John F. Kennedy para picar os habitantes dos 308 concelhos portugueses. A célebre frase do “não perguntes o que o teu país pode fazer por si, mas o que tu podes fazer pelo teu país” transformou-se em “não te contentes com pouco, reivindica mais espaço para a tua terra e divulga o que o teu concelho tem de melhor”. Assim, nem só de ovos moles vive Aveiro nem só de alheiras vive Bragança.

Daqui a duas semanas, o Sapo vai ser visto a colar cartazes para convocar os habitantes dos concelhos portugueses a dotarem-se de iniciativa e aproveitarem o espaço do portal para divulgar toda a informação relevante sobre as suas regiões. A agência Norma Jean é a autora da campanha de publicidade que se propõe a disseminar o chamado jornalismo de cidadania entre os portugueses. Notícias, fotografias e blogues poderão ser divulgados através do Sapo.

Cansados de verem as grandes metrópoles internacionais a terem mais espaço informativo nos «media» nacionais, Abílio Martins, administrador do Sapo diz que esta é uma campanha “brutalmente positiva”, que “aproveita o humor para convocar a população a partilhar os seus interesses com a comunidade de utilizadores do Sapo”.

Esta campanha - que estará presente nos órgãos de comunicação social regionais - visa divulgar as potencialidades do Sapo Local, com conteúdos adaptados à realidade de cada concelho. Também os emigrantes e as populações de outros concelhos poderão, através do Sapo Local, ter melhor percepção das especificidades das localidades. A explicação é que, ao ser conhecido e partilhado, o Sapo Local transforma os portugueses em produtores de conteúdos e integra as comunidades dispersas.

Com cerca de 500 mil visitantes, a vertente local do Sapo pretende funcionar, cada vez mais, como um sítio de referência, conhecido por agregar toda a informação disponível sobre uma área e, além disso, por estar aberto à actualização permanente. No fundo, o objectivo é funcionar como um fórum, com troca de informações sobre todas as localidades do país.

Além disso, as ferramentas tecnológicas do Sapo permitem que cada utilizador reconfigure a página local de acordo com a sua preferência.

in Expresso

Saturday, August 11, 2007

Portugal, Um Retrato Social - Mudar de vida



O valor deste trabalho de António Barreto / Rui Branquinho é inquestionável.
Fica aqui um retrato daqueles que julgaram encontrar nas grandes cidades uma vida melhor.

Thursday, August 02, 2007

Norte vai investir na agricultura acima da média nacional prevista

Os investimentos agrícolas na Região Norte deverão representar 335 milhões de euros em 2013, após os sete anos de aplicação do actual quadro comunitário de apoio, em vigor desde o início do ano. Aquele valor traduz um crescimento de 48,8% face ao investimento contabilizado em 2003 e significa um salto superior ao previsto para a média nacional, que na mesma década (2003-2013), apenas crescerá 18%.

São dados retirados da versão provisória do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR) para a Região Norte 2007-2013, em consulta pública até 15 de Agosto. O documento contém o diagnóstico da situação actual e da definição de objectivos e prioridades que irão orientar a selecção de candidaturas aos novos fundos comunitários - na ordem dos dois mil milhões de euros para o país inteiro e para os sete anos do Programa. A verba específica para a região ainda não é conhecida.

Entre as prioridades definidas, são apresentadas nove fileiras consideradas estratégicas. Vinho, azeite, floresta, leite, qualidade (produtos protegidos) e frutas são alguns dos sectores já divulgados (ver página ao lado). No entanto, ainda deverá ser disponibilizada informação sobre as fileiras das hortícolas, flores e raças autóctones, igualmente tidas como vitais para o desenvolvimento do Norte.

O PDR, tal como está, deverá proporcionar ao sector primário da região um maior peso na economia. Os 894 milhões de euros (VAB) apurados em 2003 deverão subir para 1350 milhões de euros em 2013, com um crescimento de 51%, e, mais uma vez, acima da média nacional (48%).

Para atingir as metas estabelecidas, o Programa assume "sustentabilidade" e "competitividade" como duas palavras-chave na definição dos novos projectos, no pressuposto de ser possível conciliar criação de riqueza com preservação do ambiente e da coesão social.

Os domínios de intervenção irão procurar responder à necessidade de melhorar o desempenho sócio-económico da região, quer renovando as actividades tradicionais, quer através da diversificação de especializações produtivas. Dar-se-á prioridade a candidaturas comuns, que promovam a aglutinação de agentes económicos, para obtenção de ganhos de competitividade, como nos casos do desenvolvimento de produtos e da comercialização.

É igualmente estimulado o esforço para a certificação de produtos, bem como as boas práticas agrícolas ambientais, tendo por referência o actual contexto de mudanças climáticas. Sugere-se, ainda, a interligação entre empresários e meios académicos, no sentido de serem criadas pequenas empresas de base tecnológica.

Transversal a todo o Programa é o apelo à melhoria das qualificações dos agentes e à sua valorização, como condição base para o sucesso de toda a estratégia.

De acordo com o documento, as metas definidas tiveram em conta a necessidade de a região ultrapassar debilidades e constrangimentos, e de aproveitar as suas melhores potencialidades, para a "levar a crescer nos próximos anos a ritmos iguais ou superiores à média nacional".

Assim, entre os pontos fracos, o diagnóstico agrícola aponta à região, nomeadamente aumento do índice de envelhecimento; saída da população das zonas rurais para as urbanas; baixa produtividade de trabalho; sectores produtivos tradicionais com pouca inovação; falta de formação intermédia qualificada; e perda de áreas agrícolas.

No entanto, os pontos fortes surgem como um incentivo extensas áreas rurais; diminuição da duração dos movimentos pendulares; evolução positiva do sector terciário (prestação de serviços ao mundo agrícola e rural); complementaridade da fonte de rendimentos; e peso significativo das áreas naturais.

Da conjugação das duas realidades deverá nascer a força anímica para impulsionar o lado agrário de uma região onde as áreas rurais ocupam a maior parte do território.

in Jornal de Notícias, Teresa Costa

Wednesday, August 01, 2007

Vinte mil postos de trabalho na região de Setúbal

A Associação Empresarial da Região de Setúbal (Aerset) prevê a criação de 20 mil postos de trabalho na região dentro de dois a cinco anos, disse à Lusa o economista António Capoulas, presidente da instituição.

Na base desses empregos está "um modelo de desenvolvimento integrado" que abarca a Plataforma Logística do Poceirão, a náutica de recreio, as energias renováveis (solar, eólica, ondas do mar), o turismo residencial (na península de Setúbal e no Alentejo Litoral) e as trocas comerciais entre os três portos que servem a região - Lisboa, Setúbal e Sines -, adiantou o responsável.

Para o economista, o número de postos de trabalho pode ainda vir a ser "potenciado e aumentar" caso o novo aeroporto internacional de Lisboa venha a ser construído em Alcochete e a base aérea do Montijo passe a receber voos de companhias de baixo custo (low cost).

Para apoiar o modelo de desenvolvimento proposto, a Aesert destaca como obra fundamental, a curto prazo, a Circular Rodoviária Interna da Península de Setúbal (CRIPS), também conhecida por Arco Ribeirinho Sul.

Trata-se de uma rodovia com 40 quilómetros, que se inicia na Trafaria e ligará por três ou quatro viadutos (por cima dos esteiros do Tejo) as penínsulas de Almada, Seixal, Barreiro, Moita e Montijo, indo entroncar depois na Ponte Vasco da Gama.

Segundo especialistas contactados pela agência Lusa, a obra é fundamental para fechar a CRIL, que terá continuação para a margem sul através de uma ligação Algés/Trafaria, por ponte ou túnel.

Estudada em 1992 pelo Gabinete da Travessia do Tejo em Lisboa (Gattel), a obra está agora na competência das Estradas de Portugal, entidade a quem compete estudar e executar.

"O fecho do Arco Ribeirinho Sul faz todo o sentido em termos do ordenamento do território e do urbanismo, e tem mesmo de se fazer, tendo em conta a qualidade de vida e a segurança", disse à Lusa Luís Machado, antigo técnico do Gattel.

A obra é também essencial para o acesso à base aérea do Montijo, se funcionar como "Portela +1" para as companhias "low cost", e melhora também o acesso ao Campo de Tiro de Alcochete, que ganha forma como alternativa à Ota, considera António Capoulas, presidente da Aerset.

A propósito de Alcochete, Capoulas disse que foi a Aerset quem sugeriu a prioridade do Campo de Tiro entre as localizações possíveis na margem sul para o novo aeroporto de Lisboa, em alternativa à Ota.

A associação colaborou desde o primeiro momento no estudo apresentado pelo presidente da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP) para a alternativa Alcochete e "só não patrocinou financeiramente por razões de reestruturação interna", disse António Capoulas.

Os trabalhos do estudo efectuado por 20 especialistas decorreram entre Dezembro e Junho, e o estudo inicial apresentava tinha três localizações - Alcochete, Poceirão e Faias.

"O Campo de Tiro de Alcochete tinha tido má recepção dos ambientalistas e ficámo-nos pelo Poceirão. Mas o Campo de Tiro é enorme (8.000 hectares contra os 1.800 hectares da Ota) e tem ao lado a Companhia das Lezírias (14.000 hectares), para no caso de haver especulação imobiliária reverter a favor do Estado, que também precisa de valorizar o seu património", adiantou o responsável.

Dos citados 8.000 hectares, "três mil têm plantados eucaliptos e sobreiros muito poucos, o que também abona a favor de Alcochete", acrescentou António Capoulas.

A Aerset acompanhou a evolução dos trabalhos, "liderados pelos professores Carlos Borrego e Hernâni Lopes, e houve 15 empresas do distrito, que compõem a direcção da associação, que discutiram várias vezes a problemática", na própria sede.

"Depois sugerimos que o Campo de Tiro de Alcochete fosse prioritário na análise das localizações possíveis na margem sul, na parte mais a leste, situada no concelho de Benavente", sublinhou o presidente da Aerset.

Embora Benavente pertença ao distrito de Santarém, para efeitos de acesso aos fundos estruturais do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) 2007/2013 está incluído na região do Alentejo, beneficiando assim de mais verbas, disse o economista

"Além disso pode funcionar em simultâneo com o aeroporto da Portela pelo tempo que se entender, para que se estude o melhor quadro para o sistema aeroportuário nacional, coisa que nunca se fez", comentou.

Por outro lado, Capoulas confirmou que a hipótese do túnel ferroviário Chelas-Montijo, já estudada nos anos 90 no tempo do ministro das Obras Públicas Joaquim Ferreira do Amaral, ganha novamente força, "solução que fica por metade do preço da ponte Chelas-Barreiro e sem o impacto visual no estuário".

"E, se o aeroporto vier para Alcochete, existe já a nova solução rodoviária da ponte do Carregado, que contribuirá para uma boa acessibilidade", adiantou o economista.

Por outro lado, fontes próximas da Associção Portuguesa para o Desenvolvimento do Transporte Ferroviário (Adfer) disseram à Lusa que a hipótese de túnel sob o Tejo poderá ser retomada e que custará menos de mil milhões de euros, ou seja metade da travessia Chelas-Barreiro, servindo inclusive para a travessia do TGV, com ligação à plataforma do Poceirão

Também a travessia Algés-Trafaria por túnel rodoviário, em alternativa a uma ponte rodoviária, "deverá ser a hipótese mais viável" para fechar a CRIL, prologando-se na margem sul pela futura CRIPS, segundo as mesmas fontes.

Capoulas considerou estes dois túneis como a melhor opção para o desenvolvimento da margem sul, melhorando também as ligações fluviais.

As duas ligações aliadas ao Arco Ribeirinho Sul podem atrair um "cluster" de actividades náuticas de excelência, na margem sul do Tejo que é "transversal ao hipercluster do Mar estudado por Hernâni Lopes, lembrou o presidente da Aerset.


© 2007 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

Sunday, July 29, 2007

Produção de biocombustíveis vai triplicar em Portugal

Em Portugal, existem actualmente duas unidades com dimensão relevante, a Iberol, em Alhandra, e a Torrejana, em Torres Novas, a produzir com uma capacidade da ordem das 200 mil toneladas, que é toda comprada pela maior petrolífera nacional, a Galp. Uma produção que hoje garante o abastecimento de 3% do consumo nacional de combustíveis.

Mas com os vários projectos já anunciados - Martifer, Enersis, Galp, entre outros -, a produção nacional deverá aumentar para as 650 a 700 mil toneladas. Um valor suficiente para satisfazer a ambiciosa meta nacional de 10% para incorporação bio até 2010 e provavelmente até para exportar.

Para José Horta, secretário-geral da Associação das Empresas Petrolíferas Portuguesas (APETRO), o grande dilema que tem de ser resolvido a nível mundial é encontrar um equilíbrio entre a crescente procura da nova indústria - que promete reduzir a dependência do petróleo e as emissões de CO2 -e as necessidades alimentares mundiais, em particular do Terceiro Mundo. E uma das respostas passa por recorrer a culturas que não tenham uma utilização alimentar.

Um exemplo é um arbusto que está a ser desenvolvido em países como o Egipto, Índia, Colômbia e Madagáscar. Segundo João Cardoso, presidente da Torrejana, as sementes do jatropha curcas permitem maior aproveitamento de óleo (40%) com menos área produzida, sendo que este produto não serve para a alimentação.

in DN

Friday, July 27, 2007

Querer e Acreditar!



"Querer e Acreditar" significa arriscar, assumir...
O naufrágio é sempre possivel, mesmo para quem não faz nem uma coisa nem outra.

É o meu momento de reflexão para uma sexta feira quente a cheirar a férias.

Saturday, July 21, 2007

Sonhar acordado


O afastamento da realidade dificulta muitas vezes o desenvolvimento da inovação
Decorreu na semana passada, no âmbito da presidência portuguesa, a PorTI2007, uma mostra de Tecnologias de Informação que contou com a presença de um número significativo de empresas e universidades.

O programa destacou a apresentação da robótica portuguesa, com demonstrações de aplicações diversas incluindo o jogo de futebol, actividade de grande impacto no panorama científico nacional. Não há hoje universidade que se preze que não tenha um robô, de preferência que saiba jogar futebol.

Multiplicam-se entretanto as iniciativas e os aderentes ao Second Life onde, num mundo virtual, se pode aceder a diferentes tipos de actividades que proporcionam lazer e divertimento.

É impressionante a nossa capacidade de adesão e de envolvimento de recursos em temas que estão na moda, independentemente da sua eventual utilidade, o que demonstra uma apetência nata para a aventura e para a descoberta.

Contudo, para se conseguir competir no mercado global, é preciso não só ter a capacidade de criar produtos e serviços inovadores mas também de assegurar a sua evolução e manutenção. Quanto maior é o sucesso de um determinado produto ou serviço, maiores são os requisitos e o esforço para garantir a sua correcta operação e manutenção.

Se é relativamente fácil mobilizar recursos para a descoberta, para trabalhar naquilo que é novo ou que está na moda, torna-se muito mais difícil atraí-los para tarefas de consolidação e suporte a produtos já existentes. Dado que a grande maioria das inovações são do tipo incremental, as oportunidades para que elas ocorram surgem normalmente das tentativas de resolução de problemas concretos. Assim, o afastamento da realidade dificulta muitas vezes o desenvolvimento da inovação.

Não basta sonhar. É preciso conseguir sonhar acordado, transformando os sonhos em realidade.

in Expresso, Paulo Nordeste, Presidente Executivo da PT Inovação

Thursday, July 19, 2007

Ideias criativas para cidades mais felizes

Projectos serão divulgados no sítio do Expresso

O concurso ‘Vamos Fazer Cidade’ confirmou que o simples é bom. Iniciativa do Expresso e da Trienal de Arquitectura, sugeriu a intervenção em cinco locais de outras tantas urbes lusas. Sempre visando a participação de leitores, com interpretação das suas ideias por arquitectos jovens.

Os resultados, publicados na Única ao longo das cinco semanas de Junho e apresentados ao vivo pelos leitores e arquitectos premiados na sessão da Cordoaria de 5 de Julho passado, demonstram a capacidade de participação cívica do público urbano quando devidamente motivado.

Provou-se a força da ideia de re-habitar (mais que reabilitar) a cidade e, sobretudo, o espaço público, que, mesmo quando maltratado, constitui a área de uso democrático por excelência. Confrontaram-se intervenções em cidades grandes e pequenas (Lisboa e Aveiro) ou no núcleo histórico e na periferia (Guimarães e Évora).


Foram contrapostas de modo criativo as visões dos leitores e dos arquitectos, todos cidadãos, mas com universos e especializações distintas; apenas em Lisboa e Porto os leitores não eram, também, arquitectos. Aqui brotou mais forte o confronto de ideias e visões de cidade.

As propostas situaram-se no quadro do possível (por exemplo, não pretendendo erradicar o automóvel), evitando com bom senso intervenções pesadas, sem nunca deixar de mostrar imaginação e inovação. Assim os municípios locais possam interessar-se por desenvolver alguns dos temas nos locais sugeridos.

- Em Aveiro, a escolha para a ‘avenida da estação’ (Lourenço Peixinho) foi parti-la em dois espaços funcionalmente opostos: uma longa faixa mais humanizada e pedonal (a sul), com espaços de fruição, enquanto a norte se juntavam as faixas rodoviárias, secundarizadas como deve ser.

- Em Lisboa, a intervenção para a Av. da Liberdade pareceu similar à de Aveiro, com maior escala e arrojo dos elementos propostos. O sentido mais criativo transparece na plasticidade curva e na tridimensionalização dos espaços de estar, de auditórios a «skateparks». Alguma dúvida fica quanto ao peso das superfícies elevadas de transposição das vias transversais.

- Em Évora e no Porto (ao longo do antigo ramal de Mora/ciclovia e da Av. dos Aliados, respectivamente), a opção pendeu para uma intervenção de grande leveza, sem propostas de construção, tudo muito paisagístico, com lagos, hortas urbanas e suaves sombreamentos por árvores, aproveitando com inteligência os lugares desprezados ou disponíveis.

- Finalmente, a proposta para Guimarães foi a mais ‘à arquitecto’, com uma detalhada articulação sistémica de sectores urbanos (Leste-Oeste, Norte-Sul), em volta do Centro Cultural Vila Flor, procurando congregar e revitalizar antigas fábricas, campos abandonados, perdidos teatros Art Déco...


in Expresso, José Manuel Fernandes e Rui Cardoso

Saturday, July 14, 2007

15 cidades excedem limite de poluição


O Expresso fez um «ranking» das cidades mais poluídas. Lisboa lidera, seguida de Guimarães, Paredes e Espinho

Um mero assador de castanhas localizado junto a uma estação de medição da qualidade do ar fez disparar os níveis de concentração de partículas nocivas para a saúde. Isto aconteceu em Novembro, em Entrecampos.

Por aqui se vê a que ponto é complexa a medida da poluição atmosférica. Mas não é nenhum acaso que faz da Avenida da Liberdade a mais poluída do país. Ali, o tráfego intenso e a morfologia (avenida estreita, ladeada por prédios altos) concentram os poluentes emitidos pelos carros.

Dados da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) - que ajudou o Expresso a elaborar este «ranking» - indicam que a capital, em 2005, teve 183 dias durante os quais se verificou excesso de concentração de partículas. A norma apenas admite um máximo de 35 dias nestas condições. Madrid teve menos um dia de excesso de partículas. Contudo, estes dados referem-se a 2006.


Mas se Lisboa lidera pelas piores razões, o Norte de Portugal reúne o maior número de cidades que ultrapassam os limites legais de concentração de partículas. Guimarães, Paredes e Espinho ocupam os lugares cimeiros do «ranking», logo a seguir à capital. Esta classificação apenas reflecte os locais - em 44 cidades - onde estão instalados postos de medição. Para se ter uma ideia global é preciso ponderar as diversas medições.

Além dos carros e fábricas, a poluição atmosférica é acentuada por fenómenos como as elevadas temperaturas, ou os incêndios no Verão, ou até por episódios de transporte de partículas a partir do Norte de África.

“As excedências (dias em que os limites máximos são ultrapassados) ameaçam a saúde pública, por estarem associadas ao transporte de metais pesados tóxicos que provocam problemas respiratórios”, refere Dília Jardim, chefe da Divisão de Ar e Ruído da APA. A Comissão Europeia tem vindo a apertar os limites admissíveis destes poluentes, considerados responsáveis pela redução de nove meses na esperança média de vida dos europeus. Um estudo da Universidade Nova indica que 35% do atendimento pediátrico no Hospital D. Estefânia, em 2004, se deveu a doenças respiratórias.

A UE impôs em 2001 uma norma que obrigava as regiões mais poluídas a ter Planos e Programas de Qualidade do Ar. A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo concluiu os seus em 2005, mas a sua homóloga do Norte ainda não o fez.

Só há dois meses o Governo aprovou legislação que responsabiliza as Câmaras Municipais pela aplicação no terreno de medidas correctoras da poluição do ar exterior. “A Câmara de Lisboa não ligou nenhuma a estes planos”, critica o presidente da referida comissão, Fonseca Ferreira, lembrando ser ao município que compete decidir e aplicar as medidas.

Marina Ferreira, presidente da Comissão Administrativa da autarquia, contrapõe: “Tomámos medidas fortíssimas para condicionar o tráfego, designadamente aumentando as tarifas de estacionamento, aprovando o plano de pormenor que prevê a pedonização dos eixos laterais da Avenida da Liberdade, ou construindo o Túnel do Marquês, que reduz o congestionamento”.

Em tom de remate, Francisco Ferreira, da Quercus, lembra que “noutras cidades europeias o estacionamento é caro, não há alternativas, e o dinheiro serve para financiar os transportes públicos, enquanto em Lisboa 70% dos carros que entram não pagam nada e o dinheiro do estacionamento vai para a EMEL ou para os donos dos parques”.


in Expresso, Carla Tomás

Wednesday, July 11, 2007

John Wilson, Inside Out, Executive Coatching


"Quando o chefe não delega, o resto da equipa acomoda-se e chega a acreditar que não lhe pagam para ter ideias ou para pensar. É perigoso."

Tuesday, July 10, 2007

Biogás

Na vila de Mauenheim, no Sul da Alemanha, o agricultor Ralf Keller tinha um problema com o excesso de desperdícios, pois todos os dias fermenta 10 toneladas de cereais, uma tonelada de milho e quatro toneladas de estrume, o que gera uma energia de dois milhões de kilowatt (KW) por hora. Esta é a quantidade de energia libertada pela sua planta de biogás, ou seja, o equivalente a 180 mil litros de óleo/ano e que podiam ser utilizados para aquecer as casas da vila no Inverno.
A fim de utilizar a energia desperdiçada, Keller fez uma parceria com uma empresa local de energia solar, a Solarcomplex, que construiu 2,5 quilómetros de cilindros subterrâneos que transportam agora esta energia aos habitantes de 400 casas para aquecimento. Estes consumidores pagam 4,9 cêntimos por KW, um valor muito mais baixo em comparação com o preço do óleo.

São inúmeras as pequenas vilas candidatas a este sistema, embora tenham inimigos pela frente. Os poderosos gigantes de energia como a E.on, a RWE ou a Vattenfall já começaram a pensar em soluções para este novo tipo de concorrência.

Thursday, July 05, 2007

Biofuel vai pressionar preços agrícolas, adverte FAO-OCDE


A procura crescente dos biocombustíveis está a gerar alterações decisivas nos mercados agrícolas que podem conduzir a uma pressão nos preços de muitos produtos agrícolas e dos bens alimentares no longo prazo, adverte um relatório divulgado pela FAO (ONU) e pela OCDE.

O documento assinado pelas duas organizações aponta para a duplicação da produção de milho para etanol nos EUA, entre 2006 e 2016, enquanto a utilização de oleaginosas na União Europeia para obtenção de biocombustíveis deverá de 10 para 20 milhões de toneladas nesse período.

Quanto ao Brasil, considerado líder mundial na indústria do etanol produzido a partir da cana-de-açúcar, o relatório antecipa um crescimento em mais do dobro no volume de etanol produzido: das actuais 21.000 milhões de toneladas, para 44 mil milhões em 2016.

Os autores do estudo apontam para aumentos de preço entre 20 e 50% em alguns produtos agrícolas nos mercados internacionais ao longo dos próximos 10 anos.

O efeito induzido da elevada procura de produtos agrícolas para este novo sector da energia aponta para uma pressão nos preços das sementes, nos custos das rações para animais e, no final da cadeia, nos preços da alimentação, cenário que levanta preocupação particular não só em relação aos países que são importadores líquidos de bens alimentares, como também em relação à chamada miséria urbana.

Wednesday, July 04, 2007

Academia de ideias




















Eventualmente, a matéria-prima mais difícil de moldar no capítulo da inovação, será a ideia.

Eventualmente, um desafio interessante seria conseguir disponibilizar uma bolsa de ideias cujos créditos não seriam ignorados por aqueles que tivessem a capacidade de as por em prática.

Eventualmente, a idiotice poderia inclusivamente (por inclusão) chegar ao ponto de criarmos uma Academia de Idéias numa base transgeracional. "Velhos" com "novos", à procura de soluções num constante brainstorming. Aliar experiência da idade com sede de aprender e fazer, poderia resultar numa combinação de sucesso.

Partindo do pressuposto que chegando a uma certa idade ainda queremos ter um papel activo na sociedade, ainda temos capacidade para gerar inovação, ainda temos energia para produzir ideias [séniores activos]...
Por outro lado, acreditando na humildade da juventude e na grande vontade de transformar o mundo (nem que seja o que nos rodeia) em abraçar o conhecimento das outras gerações e catapultá-lo com a irreverência que lhes é própria...

Há espaço para uma plataforma desta natureza à escala local ou regional? Um encontro de gerações que nos projecte para novos desafios?

Faz sentido? É possível? Já existe?
PENSAR FAZ BEM!

Sunday, July 01, 2007

I'm not dead!


Estive na passada semana em três cidades espanholas: Málaga, Sevilha e Mérida

O resultado excedeu as expectativas. Os problemas de ordenamento tornam-se mais evidentes quando analisamos cidades que acabámos de conhecer.

Por outro lado, e para quem não se lembra, PORTUGAL NÃO TEM NENHUMA CIDADE COM A DIMENSÃO DE MÁLAGA: Desconhece por completo a realidade de uma cidade com 700.000 habitantes.

Posso revelar, antes de aprofundar o tema e publicar as respectivas fotografias, que concluo hoje que as cidades superiores a 100.000 habitantes na península ibérica começam a perder dimensão humana.

Volto em breve ao tema.

Friday, June 29, 2007

Sexta é um excelente dia para o pecado e arrependimento!

Hummm ... Sexta-feira, 19h e a rubrica "Não saia do seu lugar (6ª Feira)" ainda não foi publicada?

Vou-me adiantar ao Frederico, espero que gostem da música e que o Frederico não se chatei =)

Não tem video clip, mas a verdadeira música para captar atenção, dispensa os videos e esta música é para ouvir com os olhos fechados ... experimentem!

Para todos os pecadores!

Wednesday, June 27, 2007

Ota

O coordenador do estudo sobre o ordenamento do futuro aeroporto da OTA, Augusto Mateus, afirmou que Alcochete seria uma solução mais flexível para a construção do futuro aeroporto.
Numa entrevista publicada no “Semanário Económico”, o antigo ministro socialista da Economia disse que a carreira de tiro de Alcochete "pode vir a ser estudada", justificando que "tem dimensão mais do que suficiente para se fazer algo mais flexível (comparando com a Ota)" e "onde eventualmente poderá ser possível oferecer, antes de 2017, uma primeira alternativa".

Augusto Mateus, que está a coordenar um estudo sobre o ordenamento das actividades na envolvente do novo aeroporto de Lisboa, considerou "redutora" a decisão do Governo de só ter estudado a localização da futura infra-estrutura na Ota e em Rio Frio.

"Outras potenciais localizações, algumas de utilização militar, não foram estudadas e podem sê-lo facilmente. Podemos vir a descobrir que temos uma localização melhor que a Ota, que pode custar menos dinheiro, que permite fazer uma coisa mais flexível, faseada, com mais oportunidades de expansão em caso de sucesso total", salientou.

Augusto Mateus sublinhou que um estudo sobre novas localizações “não demoraria um ano”, ao contrário do que o Governo tem referido.

O antigo ministro esclareceu que a localização na Ota "tem um conjunto de limitações dimensionais" apesar de ser "possível fazer na Ota um bom aeroporto, mas com muitas limitações, repetiu.

"Não há milagres. A orografia e o desordenamento não ajudam, é o eixo mais congestionado, próximo das empresas e das pessoas", acrescentou.

Ainda sobre a continuidade na elaboração de estudos sobre possíveis localizações do aeroporto, Augusto Mateus disse que a nível político as pessoas estão "muito mais abertas do que demonstram publicamente no funcionamento das instituições".

Sobre o trabalho que está a fazer, o coordenador disse que "gostaria de estar a fazer um trabalho com dois ou três locais alternativos, para poder apresentar os aspectos mais positivos e negativos do ponto de vista do desenvolvimento económico e social e das opções de ordenamento do território".

in Rádio Renascença

Tuesday, June 26, 2007

Biomassa

O BCSD Portugal com o patrocínio da Sonae Indústria, lançou a versão portuguesa da Publicação Biomassa do WBCSD.

A Biomassa, a mais antiga forma de energia renovável, tem sido utilizada desde há milhares de anos.

Contudo, a sua taxa de utilização relativa decresceu com o aumento da utilização de combustíveis fósseis. Actualmente, cerca de
13% do abastecimento mundial de energia primária é garantido pela biomassa, mas existem grandes diferenças regionais: nos países desenvolvidos cerca de 3% das suas necessidades energéticas são garantidas pela biomassa, enquanto que no continente africano a taxa varia entre os 70-90%.

Com o crescente protagonismo dos efeitos ambientais, tais como as alterações climáticas, por todo o lado o Homem está a redescobrir as vantagens da biomassa:

  • A redução das emissões de carbono, se geridas (durante a produção, transporte e utilização) de forma sustentável;
  • O aumento da segurança energética pela diversificação das fontes de energia e utilização de fontes locais;
  • A criação de proveitos adicionais para os sectores agrícola e florestal;
  • A redução de resíduos.

Portugal e o futuro: um compromisso hoje

A apresentação em livro das reflexões do movimento "Compromisso Portugal" suscita, em vésperas de início de mais uma Presidência Portuguesa da União Europeia, algumas breves reflexões sobre a dimensão duma abordagem que mais do que nunca hoje deve ser feita sobre os desafios do nosso país num futuro global cada vez mais incerto.

Discutir e avaliar hoje a dimensão estrutural do que deve ser Portugal e o Futuro é de forma clara antecipar com sentido de realismo um conjunto de compromissos que teremos que ser capazes de fazer para garantir o papel do nosso país num quadro competitivo complexo mas ao mesmo tempo altamente desafiante.

Há dez anos a Irlanda e a Finlândia, cada qual na sua identidade operacional, colhiam os primeiros resultados duma "Aposta Estratégica Transversal da Sociedade" para os paradigmas da Educação, Inovação e Conhecimento. Não basta – e nem é, aliás, a opção mais adequada – reiterar estes exemplos , e fazer dum exercício administrativo de benchmarketização do sucesso destes casos a mais natural matriz de opção estratégica para o nosso país. Realidades diferentes, com actores e envolventes diferentes, implicam naturalmente lógicas de actuação diferentes e no nosso caso isso é mais do que óbvio. O exercício, mais complexo, passa naturalmente, por uma "leitura" mais completa das variáveis em jogo e por uma verdadeira "estratégia intelectual" para o país.

Compromisso Escola

A Educação tem que ser a grande "ideia" para o país. Na "Escola Nova" de que o país precisa, tem que se ser capaz de dotar as "novas gerações" com os instrumentos de qualificação estratégica do futuro. Aliar ao domínio por excelência da Tecnologia e das Línguas a Capacidade de com Criatividade e Qualificação conseguir continuar a manter uma "linha comportamental de justiça social e ética moral" como bem expressou recentemente Ralph Darhendorf em Oxford.

Tem que se ser capaz de desde o início incutir nos jovens uma capacidade endógena de "reacção empreendedora" perante os desafios de mudança suscitados pela "sociedade em rede"; os instrumentos de modernidade protagonizados pelas TIC são essenciais para se desenvolverem mecanismos autosustentados de adaptação permanente às diferentes solicitações que a globalização das ideias e dos negócios impõe. Esta nova dimensão da educação configura desta forma uma abordagem proactiva da sociedade abordar a sua própria evolução de sustentabilidade estratégica.

Compromisso Empresa

Os "Centros de Competência" do país (Empresas, Universidades, Centros de I&D) têm que ser "orientados" para o valor. O seu objectivo tem que ser o de induzir de forma efectiva a criação, produção e sobretudo comercialização nos circuitos internacionais de produtos e serviços com "valor" acrescentado susceptíveis de endogeneizar "massa crítica" no país. Só assim a lição de Porter entra em acção. A "internalização" e adopção por parte dos "actores do conhecimento" de práticas sustentadas de racionalização económica, aposta na criatividade produtiva e sustentação duma "plataforma de valor" com elevados graus de permanência é decisiva.

Só assim se pode legitimar uma expectativa positiva mais do que pretendida de sustentabilidade de um modelo de desenvolvimento económico e social orientado para o futuro. Todos aqueles que estão envolvidos num processo sustentado de criação e consolidação de "valor" nas organizações a que pertencem têm que fazer desse desiderato a base motivacional permanente do seu contributo enquanto protagonistas activos num Sistema Nacional de Inovação e Conhecimento que se pretende objecto de um processo de reinvenção permanente.

Compromisso Território

A "Cooperação" estratégica entre sectores, regiões, áreas de conhecimento, campos de tecnologia, não pode parar. Vivemos a era da Cooperação em Competição e os alicerces da "vantagem competitiva" passam por este caminho. Sob pena de se alienar o "capital intelectual" de construção social de valor de que tanto nos fala Anthony Giddens neste tempo de (re)construção. Na economia global das nações, os "actores do conhecimento" têm que internalizar e desenvolver de forma efectiva práticas de articulação operativa permanente, sob pena de verem desagregada qualquer possibilidade concreta e efectiva de inserção nas redes onde se desenrolam os projectos de cariz estratégico estruturante.

Importa uma "estratégia intelectual" para Portugal. A desertificação do interior, a incapacidade das cidades médias de protagonizarem uma atitude de catalisação de mudança, de fixação de competências, de atracção de investimento empresarial, são realidades marcantes que confirmam a ausência duma lógica estratégica consistente. Não se pode conceber uma aposta na competitividade estratégica do país sem entender e atender à coesão territorial, sendo por isso decisivo o sentido das efectivas apostas de desenvolvimento regional de consolidação de "clusters de conhecimento" sustentados.

Compromisso Estado

A Reinvenção Estratégica do Estado, enquanto "plataforma de centralidade" onde convergem as dinâmicas de qualificação dos diferentes actores sociais, ganhou hoje um paradigma que não se pode cingir às especificações operativas de mecanismos mais ou menos necessários de Governo Electrónico ou de ajustamentos organizacionais adequados a determinados posicionamentos conjunturais de orgânica interna. Como muito bem nos elucida Samuel Hungtinton, a propósito do eventual choque de civilizações, o que está em causa é a capacidade endógena do Estado se autoreferenciar como o primeiro antes de mais e último antes de tudo centro de racionalidade dos processos sustentados de evolução da sociedade civil.

Esta cumplicidade estratégica é essencial para a garantia de padrões coerentes de desenvolvimento e equilibrio social. Nas sábias palavras de Francis Fukuyama, a propósito da Nova América, só assim se garante a verdadeira dimensão de confiança entre todos os que acreditam no futuro. É neste sentido que a legitimidade de actuação e sustentação estratégica se torna central. Processos de compromisso e convergência entre uma base central forte e pontos de descentralização territorial autónomos e indutores de riqueza e bem-estar social a partir da inovação e conhecimento têm que ter por base uma forte relação de cumplicidade estratégica entre todos os actores do tecido social. Um compromisso sério entre uma capacidade natural de mobilizar e empreender e ao mesmo tempo uma vontade de tornar os processos estáveis nos resultados que potenciam.

O papel das pessoas é decisivo. São cada vez mais necessários "actores do conhecimento" capazes de induzir dinâmicas de diferenciação qualitativa nos territórios. Capazes de conciliar uma necessária boa coordenação das opções centrais com as capacidades de criatividade local. Capazes de dar sentido à "vantagem competitiva" de Portugal, numa sociedade que se pretende em rede.

in Jornal de Negócios, Jaime Quesado

Sunday, June 24, 2007

Vive-se pior em Lisboa


A capital portuguesa perdeu competitividade e qualidade de vida. Agora fazem-se planos para o futuro

Lisboa está altamente desconfortável. É um lugar onde não é bom viver”. É nestes termos que António Fonseca Ferreira, natural de Trancoso, mas residente há muito na capital, se refere à principal cidade portuguesa.

Muitos lisboetas pensam o mesmo. A diferença é que este preside à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região de Lisboa e Vale do Tejo. Para Fonseca Ferreira, uma das coisas mais urgentes é resolver os problemas da mobilidade, do estacionamento e do trânsito no centro da cidade. Nem que tenha de colocar portagens às portas da capital...

Não menos importante é inverter o processo de despovoamento do centro e fuga para os subúrbios. Está convencido de que Lisboa atingiu o ponto mais baixo em termos populacionais. A situação é tão má que “a partir daqui só tem que melhorar”.

A poluição atmosférica na Avenida da Liberdade acentuou-se de forma dramática. Segundo as normas europeias, só em 35 dias por ano seria tolerada a ultrapassagem do nível máximo de partículas e outros poluentes. Na prática esse limite foi ultrapassado em 170 dias. Ou seja, em metade do ano esteve em perigo a saúde pública.

Fonseca Ferreira acaba de apresentar um estudo da Comissão, intitulado ‘Lisboa 2020 - Uma Estratégia de Lisboa para a Região de Lisboa’. Este trabalho levanta outro problema, talvez o mais grave: “Esta região anda a ser desgovernada por cerca de 50 entidades diferentes”. Por isso vai propor a criação de um Fórum Metropolitano, que assegure boa comunicação entre todos os organismos de decisão.

Mais uma entidade a juntar às outras 50? Fonseca Ferreira garante que não. “Seria uma entidade de articulação entre a Comissão, a Junta Metropolitana, as administrações, as empresas e as universidades”.

Explicações à parte, o que é mesmo necessário é que em 2020 a região de Lisboa seja relevante em termos europeus. Coisa que “hoje ainda não é”.

A única excepção é o turismo. As zonas de Setúbal e do Oeste têm aprovadas e em construção 50 mil camas. “Nos próximos dois anos vamos ter um grande desenvolvimento no turismo residencial”. Isso inclui alguns empreendimentos com a chancela governamental de Projectos de Interesse Nacional. Há quem veja nesta figura uma ingerência do poder central na gestão autárquica, Questionado sobre o assunto, Fonseca Ferreira discorda desta crítica.

Também responde negativamente à hipótese de o aeroporto da Ota acentuar os desequilíbrios territoriais da região. Isto quando no documento agora apresentado se volta a falar de Lisboa como cidade de duas margens.

“A margem sul não é um deserto, mas a verdade é que a Portela influencia seis milhões de pessoas, das quais 4,9 estão na margem norte”. Confessa-se um adepto da opção Ota.

Mas para evitar maiores desequilíbrios numa região rasgada a meio pelo estuário do Tejo, para compensar a construção de um aeroporto a norte, defende a transferência de algumas valências para a margem sul. “Queremos dinamizar um pólo de competitividade automóvel (em Palmela), turismo de qualidade (Tróia), logística (Poceirão) e urbanismo (no arco ribeirinho de Cacilhas, Seixal e Barreiro)”. Quando se construir a terceira ponte no estuário do Tejo “então ficaremos servidos para 40 ou 50 anos”. Eventualmente, poder-se-ia fazer uma ligação entre o Terreiro do Paço e Cacilhas em túnel, unindo os sistemas de metropolitano das duas margens. “É um problema de custo/benefício a estudar”.


Vítor Andrade, EXPRESSO