As "cidades do futuro" pretendem ser verdes, sustentáveis, inteligentes e low cost. Isto já existe. Chama-se "Campo". Frederico Lucas
Sunday, June 24, 2007
Vive-se pior em Lisboa
A capital portuguesa perdeu competitividade e qualidade de vida. Agora fazem-se planos para o futuro
Lisboa está altamente desconfortável. É um lugar onde não é bom viver”. É nestes termos que António Fonseca Ferreira, natural de Trancoso, mas residente há muito na capital, se refere à principal cidade portuguesa.
Muitos lisboetas pensam o mesmo. A diferença é que este preside à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região de Lisboa e Vale do Tejo. Para Fonseca Ferreira, uma das coisas mais urgentes é resolver os problemas da mobilidade, do estacionamento e do trânsito no centro da cidade. Nem que tenha de colocar portagens às portas da capital...
Não menos importante é inverter o processo de despovoamento do centro e fuga para os subúrbios. Está convencido de que Lisboa atingiu o ponto mais baixo em termos populacionais. A situação é tão má que “a partir daqui só tem que melhorar”.
A poluição atmosférica na Avenida da Liberdade acentuou-se de forma dramática. Segundo as normas europeias, só em 35 dias por ano seria tolerada a ultrapassagem do nível máximo de partículas e outros poluentes. Na prática esse limite foi ultrapassado em 170 dias. Ou seja, em metade do ano esteve em perigo a saúde pública.
Fonseca Ferreira acaba de apresentar um estudo da Comissão, intitulado ‘Lisboa 2020 - Uma Estratégia de Lisboa para a Região de Lisboa’. Este trabalho levanta outro problema, talvez o mais grave: “Esta região anda a ser desgovernada por cerca de 50 entidades diferentes”. Por isso vai propor a criação de um Fórum Metropolitano, que assegure boa comunicação entre todos os organismos de decisão.
Mais uma entidade a juntar às outras 50? Fonseca Ferreira garante que não. “Seria uma entidade de articulação entre a Comissão, a Junta Metropolitana, as administrações, as empresas e as universidades”.
Explicações à parte, o que é mesmo necessário é que em 2020 a região de Lisboa seja relevante em termos europeus. Coisa que “hoje ainda não é”.
A única excepção é o turismo. As zonas de Setúbal e do Oeste têm aprovadas e em construção 50 mil camas. “Nos próximos dois anos vamos ter um grande desenvolvimento no turismo residencial”. Isso inclui alguns empreendimentos com a chancela governamental de Projectos de Interesse Nacional. Há quem veja nesta figura uma ingerência do poder central na gestão autárquica, Questionado sobre o assunto, Fonseca Ferreira discorda desta crítica.
Também responde negativamente à hipótese de o aeroporto da Ota acentuar os desequilíbrios territoriais da região. Isto quando no documento agora apresentado se volta a falar de Lisboa como cidade de duas margens.
“A margem sul não é um deserto, mas a verdade é que a Portela influencia seis milhões de pessoas, das quais 4,9 estão na margem norte”. Confessa-se um adepto da opção Ota.
Mas para evitar maiores desequilíbrios numa região rasgada a meio pelo estuário do Tejo, para compensar a construção de um aeroporto a norte, defende a transferência de algumas valências para a margem sul. “Queremos dinamizar um pólo de competitividade automóvel (em Palmela), turismo de qualidade (Tróia), logística (Poceirão) e urbanismo (no arco ribeirinho de Cacilhas, Seixal e Barreiro)”. Quando se construir a terceira ponte no estuário do Tejo “então ficaremos servidos para 40 ou 50 anos”. Eventualmente, poder-se-ia fazer uma ligação entre o Terreiro do Paço e Cacilhas em túnel, unindo os sistemas de metropolitano das duas margens. “É um problema de custo/benefício a estudar”.
Vítor Andrade, EXPRESSO
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2 comments:
Duas ideias a fixar, muito transito e despovoamento de Lisboa. Ou muito me engano os as duas estao ligadas!!!
Este Fonseca Ferreira faz-me rir.....
Então quando fala em trabalho articulado com outras instituições, com a Junta Metropolitana, etc..... acho uma delícia.
Esta fotografia impressionou-me, Frederico, e acredita que não consegui identificar a rua, ou a avenida, onde foi tirada...
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