As "cidades do futuro" pretendem ser verdes, sustentáveis, inteligentes e low cost. Isto já existe. Chama-se "Campo". Frederico Lucas

Thursday, June 29, 2017

De Lisboa a Cinfães, para investir “num paraíso”

Viviam e trabalhavam na capital quando decidiram mudar de vida e investir no interior, foi assim que Rui Vicente e Maria de Lurdes avançaram, em Cinfães, com o seu projeto de Turismo de Habitação, ao qual se juntou também a produção de mirtilos.

“Não tínhamos nenhuma ligação com Cinfães, escolhemos o concelho por acaso, por que fiquei apaixonado pelo rio Bestança, um cenário maravilhoso”, explicou Rui Vicente sobre a aquisição de duas propriedades, uma das quais a Quinta da Ventozela, que, construída no século XVII, sobre o Vale do Douro, foi melhorada para garantir o conforto e qualidade de vida dos seus visitantes.

Enquanto a Quinta da Ventozela já funciona a cem por cento, a segunda propriedade, localizada na margem do afluente do Douro que deixou o investidor “maravilhado”, será o próximo projeto a avançar, prevendo o casal para o local a criação de um espaço dedicado ao Turismo de Natureza.

O Douro está mesmo na moda

Concordando que a região tem “muita potencialidade” ao nível do turismo, o empresário sustenta a ideia de que o Douro é muito apetecível ao nível internacional. “80 por cento dos nossos turistas são estrangeiros”, contabilizou Rui Vicente enaltecendo a localização estratégica de Cinfães, que fica hoje há cerca de uma hora de viagem de grandes cidades como o Porto ou Braga e também do Peso da Régua, onde estão algumas das “grandes vinhas” do Alto Douro Vinhateiro, região classificada pela Unesco como Património da Humanidade.

“Esta zona é muito interessante, tem é que ser trabalhada. As próprias instituições locais ainda não exploraram todas as potencialidades da região”, frisou, revelando que no que diz respeito à Quinta da Ventozela, a ideia é continuar a investir, tendo em mente sempre a inovação disponível no setor do turismo e da agricultura biológica.

“Perseverança é a palavra-chave”

Sobre as dificuldades no processo de instalação, o proprietário da Quinta da Ventozela acredita que os pequenos projetos devem ser “ainda mais valorizados” pelos agentes locais.

Outra ideia defendida para que o desenvolvimento do Douro possa atingir o seu auge é a necessidade de localmente se apostar na qualificação da mão-de-obra, sobretudo no que diz respeito à formação em termos de línguas estrangeiras.

“Apesar de não ser um processo fácil, não tenham medo. Vale a pena investir no interior. Perseverança é a palavra-chave”, defendeu, incentivando outros empresários a realizar os seus sonhos de investimento na região.

Thursday, June 15, 2017

“Apaixonei-me pela agricultura e pelos produtos locais”

Pode ter sido pelos piores motivos que o empresário Mark Kunz chegou a Serpa para “viver temporariamente”, mas foi pelos melhores que resolveu ficar. E foi exactamente no Alentejo, território pelo qual se apaixonou, que decidiu então investir e fez nascer, no Monte das Louzeiras, a marca GOTA.

“Em 2004, por motivos de saúde vim viver temporariamente para Serpa, foi nessa altura que pela primeira vez tomei contacto com as pessoas, hábitos e cultura da zona. Fui viver para a Serra de Serpa, sendo lá que, através dos agricultores habitantes da zona, aprendi as primeiras palavras em português, foi através deles que me apaixonei pela agricultura e pelos produtos locais”, recordou o empresário suíço.

Confrontado com o que de melhor se produz no Alentejo, Mark Kunz revelou que foi “batizado com cálice de ouro” em relação à qualidade dos produtos portugueses, de tal forma que, apesar da sua formação ser na área da arquitetura e design, surgiu a ideia de investir e valorizar esses produtos da terra, desde os azeites e vinagres ao mel, passando mesmo pelo setor da cosmética.

GOTA quer mostrar que “é possível uma melhor e mais diversificada” utilização dos produtos

Certo de que a tradição e a modernidade podem andar de mãos dadas, Mark Kunz manteve desde o arranque da empresa o respeito pela ancestralidade das suas origens, o Alentejo, mas apostando numa imagem atual. “Como a minha outra área é o design, é para mim um prazer aliar a qualidade do produto a uma imagem forte, até porque a tradição e a modernidade não conflituam, antes pelo contrário, completam-se. Queremos tornar o exterior mais apelativo ao consumidor sendo que o interior, por si só, já é de excelência”.

Assim, no que diz respeito ao desenvolvimento dos produtos GOTA e MONTE DAS LOUZEIRAS, a ideia foi apostar na inovação, “conjugando matérias-primas de excelência a uma nova tipologia de procura, designadamente na cosmética e nos vinagres, por exemplo”.

Explicando que a empresa tem dado também grande atenção às potencialidades terapêuticas de alguns produtos, como é o caso do azeite, que está a ser aliado com óleos essenciais naturais para utilizar na cosmética, Mark Kunz sublinhou que o objetivo é “mostrar que é possível uma melhor e mais diversificada utilização destes produtos”.

As vantagens do interior…

Apesar de reconhecer que podem existir dificuldade em termos de burocracia, o empreendedor acredita que existe vantagens no investimento no interior. “Há espaço, há qualidade de vida, há pessoas, há proximidade entre as entidades, facto que ajuda a resolver as situações e aqui somos tratados como pessoas e não como números”.

“As entidades locais ajudam e apoiam na instalação de empresas e projetos, porque estamos todos a trabalhar para o mesmo, para a criação de emprego, para a dinamização da economia, contribuindo para atenuar a tendência de despovoamento”, testemunhou frisando que “atualmente a questão da localização já não se coloca da mesma forma, porque as acessibilidades rodoviárias são boas e a internet facilita os contactos, sendo que já não existem distancias que não possam ser superadas com um clique”.

Quanto ao futuro, o objetivo é continuar a crescer porque “há muito para fazer” num setor que “tem fortes potencialidades”. “Vamos produzir vinho em talha de barro, vamos construir uma adega e um lagar que possa dar resposta a todas as solicitações, vamos continuar a trabalhar nos produtos inovadores e na imagem de todos os nossos produtos”, concluiu Mark Kunz.

Wednesday, June 07, 2017

“Portugal tem vinhos de elevada qualidade que são vendidos um pouco por todo mundo”

Começou por ser um projeto ligado à produção de vinho de uma família dinamarquesa mas cedo perceberam que a aposta se podia estender ao turismo. O Hotel Rural Quinta do Pégo, em Valença do Douro, concelho de Tabuaço, nasceu da paixão de Karsten Sondergaard pelas paisagens durienses. Foi nesta região que encontrou a quinta com cerca de 30 hectares onde são produzidos Vinhos do Porto Vintage e Late Bottled Vintage, e Vinhos Tintos DOP. Em 2009 inauguraram o Hotel Rural da Quinta do Pégo, de 4 estrelas, com 10 quartos. Um investimento de mais de 8 milhões de euros do Grupo AMKA.

Um pequeno hotel com muitos encantos

A piscina exterior com efeito cascata é uma das imagens de marca de um espaço enriquecido pela paisagem natural da região classificada como Património Mundial pela UNESCO. Na loja da unidade hoteleira estão à venda os vinhos da casa mas também o azeite “extra virgem 100% natural” produzido nos socalcos que recortam as encostas da propriedade. A grande maioria dos clientes são estrangeiros, sobretudo dinamarqueses, que procuram turismo vitivinícola de qualidade, rico em história e autenticidade. O ambiente, a natureza e o povo português cativaram a atenção de Karsten Sondergaard desde a primeira visita ao país. “Portugal tem um potencial enorme em várias áreas” e a produção de vinho é uma delas. “Aqui temos vinhos de elevada qualidade que são vendidos um pouco por todo mundo”, explica o investidor.

A excelência das vinhas

Demoraram alguns anos até encontrarem a localização perfeita. "A prioridade foi criar um lugar único com uma atmosfera portuguesa muito calorosa e acolhedora para todas as nacionalidades", explica Karsten Sondergaard. Da ideia à prática foi um longo caminho. “Mas valeu a pena”, garante o empresário acrescentando que “o mais importante foi encontrar parceiros locais certos para fazer as coisas acontecer". O solo classificado com a letra “A”, a mais elevada na região, foi um dos fatores que mais pesou para a escolha deste local. Para o empresário dinamarquês, “o fácil acesso por transporte público através de Régua ou Pinhão e a curta distância do Porto são também vantagens, sobretudo no que diz respeito ao Hotel".

Uma empresa familiar com expressão mundial

A história do Grupo AMKA tem quase quatro décadas. A empresa foi criada em 1978 em Randers, Dinamarca, por Anna-Marie Sondergaard, apenas como um passatempo. Em apenas dois anos o crescimento do negócio levou a que se juntasse também o marido Karsten e, mais tarde, o filho Frank. Atualmente são 20 as empresas individuais, espalhadas por 10 países, incluindo Portugal. A empresa familiar vende e distribui anualmente mais de 30 milhões de garrafas de vinho, cerveja e bebidas espirituosas de todo o mundo.

O segredo do sucesso é inovar

A capacidade de adaptação à mudança é essencial para quem pretende investir neste setor, afirma Karsten Sondergaard. “Continuar a desenvolver novas ideias para manter este negócio atrativo, competitivo e relevante", tem sido o segredo deste projeto. Aos investidores deixa uma mensagem: "Mostre respeito e mantenha seus pés no chão".