As "cidades do futuro" pretendem ser verdes, sustentáveis, inteligentes e low cost. Isto já existe. Chama-se "Campo". Frederico Lucas

Wednesday, January 18, 2023

Estamos preparados para responder ao "Bleisure"? *


A RTP3 emitiu na passada terça feira o documentário "The Future of Travel"/O Futuro das Viagens, onde convidava o espectador a reflectir sobre o futuro do turismo e a sustentabilidade dos meios para as realizar.

O maior ativo do Turismo sempre foi o desejo dos consumidores em visitar realidades distintas. Hoje, este ativo é ainda mais valioso.

É difícil prever com precisão o perfil exato do futuro turista, mas é esperado que existam mudanças devido ao impacto da pandemia na sociedade.
O condicionamento à mobilidade durante um periodo prolongado de tempo criou nos consumidores o desejo por mais e melhores viagens. Se uma viagem é realizada em periodo de férias, com uma ida e regresso num curto periodo de tempo, a pegada ecológica é necessariamente elevada.

O equilibrio entre a vida familiar e o trabalho está na agenda há várias décadas. A novidade é a popularização das viagens que conciliam férias com trabalho, no estrangeirismo "bleisure" - aliança entre negócios e lazer - para maximizar o tempo e o investimento dessas viagens.
Com a adopção generalizada do trabalho remoto, as pessoas passaram a ter mais flexibilidade para conciliar o trabalho com o lazer durante essas viagens.

Os viajantes que usam tecnologias para trabalhar e viver de forma remota têm necessidades e preferências diferentes dos viajantes tradicionais. É por isso importante preparar os territórios para esta nova realidade:

a) Hotspots WiFi gratuitos e estabilidade de sinal;

b) Transformação das bibliotecas municipais em espaços colaborativos: estes viajantes gostam de estar em contato com outras pessoas que compartilham suas necessidades e interesses.

c) Qualidade na informação ao turista: tratando-se de pessoas que não conhecem a região, informação útil sobre eventos na REGIÃO e recursos para saúde, alimentação e lazer são altamente valorizados.

A importância do turismo para os territórios rurais é inegável.
Preparar o território para esta realidade é meio caminho andado para o seu desenvolvimento.


* texto escrito com recurso ao ChatGPT

Thursday, December 15, 2022

"Os séniores podem ser os investidores de risco das novas ideias."

Deb During Brown esteve em Lisboa a convite do Programa Novos Povoadores, para participar num Think Tank no NOW_Beato.
Quisemos saber o estado da arte do repovoamento "rural" nos Estados Unidos, por uma das maiores ativistas.


Como nasceu o projeto Saveyour.town?
Na verdade é um negócio! Trabalhamos com comunidades rurais para ensiná-los passos práticos para um futuro melhor. Becky McCray e eu somos pessoas da zona rural e trabalhamos em áreas rurais e pequenas cidades. Unimos forças em 2015.

O que faz exatamente o vosso projeto?
Temos várias formas de ajudar as pessoas. Temos um boletim informativo gratuito (www.saveyour.town/subscribe), vídeos todos os meses que enfocam os desafios rurais, falar em público em conferências e eventos e visitas locais.
SaveYour.Town fornece etapas práticas para ajudá-lo a moldar um futuro melhor para sua vila ou comunidade rural, não importa quão pequena seja.

Somos especialistas em soluções de baixo custo, aquelas que funcionarão até mesmo nas comunidades rurais. Promovemos a recuperação de edifícios vazios, Desenvolvimento Económico de áreas industriais e ideias de baixo-custo para a criação de espaços comerciais no centro das Vilas, através de vídeos curtos, cursos mais longos e conjuntos de ferramentas.

Para ações presenciais, eu e a Becky McCray oferecemos palestras, workshops e visitas de ação aprofundadas.

Como a tecnologia pode melhorar as nossas comunidades rurais?
Agora podemos comunicar com as comunidades rurais com mais facilidade graças à tecnologia. As pessoas querem visitar e migrar para as vilas! A maneira como elas as descobrem é por meio de recursos on-line. Ao usar a tecnologia, as empresas rurais podem promover seus negócios fora de suas comunidades e permanecer conectadas com seus clientes.

Poderá o planeamento e o investimento em estruturas de apoio social resolver grande parte dos problemas destas comunidades despovoadas?
Essa é uma pergunta difícil sem uma resposta rápida. O que tenho certeza é que, se a comunidade está disposta e quer ser salva, o planeamento e o investimento em estruturas de apoio social são vitais. Nós olhamos para o planeamento um pouco diferente: queremos que TODOS os que queiram envolver-se e tenham ideias, sejam convidados para a mesa. Não criamos planos de longo prazo (que acabam na prateleira). Planeamos conforme avançamos. Experimente todas as ideias, veja o que funciona.

Como é que num mundo globalizado se aposta no local, acessível e sustentável?
Como é que alguém não aposta no local, acessíveis e sustentáveis? Somos administradores dos nossos lugares e acreditamos que a acessibilidade, os serviços locais e a sustentabilidade ajudarão a manter nosso planeta vivo.

Como atrai os jovens para esses locais?
Não tenha medo de deixá-los experimentar suas ideias. Dê-lhes o poder de tomar decisões. Coloque-os no comando. O que eles querem? Escute-os. Encontre uma maneira de realizá-lo.

E que papel têm os anciãos?
Todos nós estamos presos nesse espaço entre o ontem e o amanhã. Ganhamos nossa experiência nas velhas formas de fazer as coisas, mas essas formas não estão a funcionar como no passado.

Alguns têm medo do futuro, esse medo do desconhecido e, claro, do risco de fracasso. No entanto, para prosperar, todos precisamos olhar para o futuro. Os menos jovens podem ser os investidores de risco das novas ideias.

Vamos até eles para conhecer suas ligações, as pessoas que eles conhecem e que podem ajudar. Reconheça-os e respeite o que eles trazer para a mesa. E os anciãos precisam de estar mais abertos, para permitir que todos participem.

Pode dar-nos exemplos concretos do que seu projeto já alcançou?
Sim! Adoramos contar histórias de ideias e projetos que estão a funcionar. Convidamos os leitores a visitarem a página https://saveyour.town/results-real-people-real-towns/ para conhecerem as nossas concretizações.

* Entrevista conduzida por Sara Pelicano, Welectric.

Wednesday, August 03, 2022

Casas pequenas para todos!

Jacques Stiernet é um arquitecto de ascendência belga e fundador da empresa portuguesa TinyLar, empresa dedicada à construção de mini-casas móveis, que se destacam pelo seu design e qualidade construtiva: gestão óptima dos espaços, multifuncionalidade de todos os equipamentos, madeiras termo-tratadas, skylights de grandes dimensões no quarto e revestimentos a zinco.
Para além de um design com inspiração orgânica.

Se o nomadismo está associado ao início da Humanidade, o sedentarismo apresentou-se como a evolução para uma sociedade mais urbana, cosmopolita e estática.
No século passado, o nomadismo esteve associado ao preconceito da falta de raízes e de cultura.
Uma análise histórica revela que os maiores pensadores estiveram associados a viagens e a movimentos migratórios, onde absorviam o conhecimento de diferentes culturas.

O acesso universal à informação - conquista do séc. XXI - que poderia indiciar uma sociedade menos dependente dos movimentos migratórios, despertou diferentes interesses na população pelo nomadismo: enquanto os mais jovens preferem residências sazonais em diferentes países ou mesmo continentes, os mais idosos procuram imersões menos cronometradas em contextos distintos: os slowmads!

Para esses, a resposta das Tinyhouses é normalmente sem rodas e com a cama principal no andar térreo.
A Kodasema, líder europeia em habitações transportáveis, desenvolveu o modelo Koda Extended para este segmento de mercado.

Este novo conceito habitacional, também associado à redução de custos com a habitação, fez disparar o Do It Yourself (DIY): com frequência, os produtores destas mini-casas confessam a Bryce Langston do canal de Youtube Living Big in a Tiny House / Viver à Grande numa Casa Pequena que foi a primeira vez que usaram um serrote ou uma rebarbadora.

A Eugénia e o Pepe, um casal espanhol que escolheu Portugal para viver, publicaram no seu canal de Youtube o passo-a-passo da construção da sua Modern House Cabin: um alojamento para duas pessoas que alegam ter custado 5.000 euros.

O projecto da casa está disponível para download por 60 euros.

A este propósito, a pergunta mais frequente é sobre a legalidade da permanência destas casas em terrenos rústicos.
Não existe uma resposta taxativa sobre este assunto, mas já existem vários especialistas em Direito Imobiliário a trabalhar este tema.
Muitas vezes, a autorização de permanência não excede o periodo de três anos, um prazo suficiente para a experiência residencial dos nómadas digitais e analógicos.

A Pandemia Covid-19 permitiu compreender o potencial do teletrabalho.
Hoje, uma parte significativa dos trabalhadores intelectuais não aceita trabalhar em escritórios dos clientes, pela insustentabilidade energética e condicionamento ao estilo de vida que escolheram.

A necessidade de redução do consumo energético, da resposta aos constrangimentos da invasão russa à Ucrânia e o aumento da competitividade na produção para absorver a inflação, promove uma procura atípica pelos departamentos de recursos humanos a trabalhadores com maior capacidade de adaptabilidade e resposta a contextos dinâmicos.

Inevitavelmente, serão as empresas que melhor se adaptam aos sucessivos contextos que sobrevivem em mercados concorrenciais.

Monday, January 24, 2022

Linha Regenerar Territórios


O Turismo de Portugal reabriu a linha Valorizar, agora com a designação "Transformar o Turismo".
Dentro desse programa, foi criada uma linha específica para os investimentos corpóreos em baixa densidade com a designação "Linha Regenerar Territórios" como p.e. construção de Alojamentos Locais ou aquisição de equipamentos para atividades de animação turística, até ao limite de 300.000 euros de investimento, dependente do perfil da entidade promotora.

Os apoios são concedidos com 50% do valor financiado como não reembolsável (fundo perdido), mediante o cumprimento do projecto.

Para mais informações através do e-mail info@trilhosdoconhecimento.pt ou +351 271 817 000

Friday, November 26, 2021

O Regresso da Indústria*


Durante várias décadas, Portugal acreditou que o desenvolvimento da Economia dependia de quadros altamente qualificados e menos de uma estratégia de formação comercial e industrial, que decompôs após o período revolucionário.

Resulta dessa estratégia um incremento elevado de estudantes no ensino superior, em detrimento do ensino profissional.
Todos os estudantes que não se reviam no modelo do ensino superior, foram atirados durante décadas para profissões administrativas, trabalhos manuais e repetitivos.

O nr de patentes é internacionalmente reconhecido como o melhor indicador de inovação de um país.
Na União Europeia é criada anualmente e em média uma patente por cada 6 128 habitantes.
Em Portugal, durante o ano de 2020, foi criada uma patente por cada 36 764 habitantes, apesar de uma melhoria de 23% sobre o ano anterior.

Se a industria está maioritariamente concentrada na China, que compete de forma desigual com os restantes países, a atual disputa na autoria dos produtos: Made in versus Design in.

Para ultrapassar a letargia económica, Portugal precisa de criar contexto para o desenvolvimento de novos produtos e serviços centrados nas necessidades atuais e futuras do mercado.

O atual contexto pandémico mostrou ao mundo as suas fragilidades, em especial os riscos de contaminação em elevados aglomerados populacionais.
Estes novos riscos juntam-se a outros bem conhecidos como a poluição atmosférica e sonora, cujas consequências são amplamente conhecidas.

O nomadismo regressou em força com as novas gerações, e existe uma ausência generalizada de soluções para este novo segmento, que desenvolve individualmente as respostas para as suas necessidades.
Quando uma organização com a dimensão do IKEA identifica essa lacuna e responde com uma solução, existe uma evidência sobre o novo contexto que se aproxima.

Portugal tem todas as condições para ser um centro de incubação e desenvolvimento deste novo modo de vida: hajam politicas e empreendedores capazes de escrever soluções para este novo futuro.

* Regresso da Indústria é um programa da Rádio Observador que inspirou o presente texto, imagem da nova casa transportável do IKEA

Friday, April 30, 2021

e-Villages

Portugal tem um milhão de imóveis em estado de ruina, muitos deles nas aldeias.

A emigração e a revolução industrial foram o mote para o despovoamento, promovendo a ascensão social da população rural.

Passaram seis décadas, e a realidade mostra-nos hoje que uma parte significativa da população empregada em meio urbano vive no limiar de pobreza.
Perante isto, os jovens que procuram local para residir, evitam os elevados custos com habitação nas cidades e optam por soluções à sua medida: periferia das cidades; casas e quintinhas em meio rural; autocaravanas.


Mas existe um problema cuja solução parece mais complexa: apesar de abandonadas, as ruinas em meio rural não estão à venda.
Por ser herança, os proprietários não pretendem alienar essas ruinas, e os interessados ficariam sem oportunidade de viver nessas aldeias, participando assim no seu processo de repovoamento.
A solução que tem sido encontrada é o contrato de Comodato, que permite ao comodatário recuperar e habitar o imóvel e ao comodante manter a propriedade sem custos de recuperação e manutenção.
E este parece ser o caminho mais óbvio para o processo de repovoamento.

Porque pretendem os jovens viver nas aldeias despovoadas?

Uma parte significativa dos nossos jovens está atenta às alterações climáticas e procura estilos de vida longe da poluição citadina.
E para esses jovens, consequência das alterações aos modelos de trabalho, fazem-no a partir de qualquer lugar, desde que tenham acesso à internet.
E por isso, um país com uma das maiores taxas de cobertura de internet, com sol durante todo o ano, afirma-se como um atrativo para essa geração.

E as aldeias, estarão preparadas para receber novos residentes?

Em Aldeia, uma aldeia de Cinfães, a população não acreditava que aqueles jovens estudantes da Universidade do Porto que visitavam há um ano aquele lugar cumprissem a sua promessa de ali viver.
E assim aconteceu: quatro jovens instalaram-se nessa aldeia, na casa dos familiares de um colega de universidade.
Estão a desenvolver o projecto “Casa da Abóbora”, que engloba permacultura, turismo meditativo e residências artisticas.
É um novo recomeço para quem chega, e um alento para a aldeia.

Na Madeira, e com o apoio da Secretaria Regional da Economia, criaram um espaço para “Nómadas Digitais” na vila da Ponta do Sol.
São esperados muitos “trabalhadores remotos”, pessoas e casais que trabalham online.

O movimento já começou. Cabe a cada freguesia, a cada lugar anunciar o seu interesse para acolher novos residentes para que isso possa acontecer.

Depois do e-mail, que revolucionou a forma como comunicamos, as e-villages vão revolucionar a forma como vivemos.


Frederico Lucas, coordenador do Programa Novos Povoadores

info@novospovoadores.pt

Wednesday, January 13, 2021

Linha do Turismo de Portugal reforçada em 300M euros




Em 2021, o Turismo de Portugal, em parceria com o sistema bancário, renova e reforça em 300 milhões de euros a Linha de Apoio à Qualificação da Oferta, um instrumento financeiro para apoio às empresas do setor do turismo.

Este valor é destinado ao financiamento a médio e longo prazo de projetos turísticos que se traduzam:
- requalificação e reposicionamento de empreendimentos, estabelecimentos e atividades, ou
- criação de empreendimentos, estabelecimentos e atividades implementados nos territórios de baixa densidade, ou
- empreendedorismo.

Para mais informações, contacte através do e-mail info@trilhosdoconhecimento.pt ou +351 271 817 000

Fotografia: Cabin ANNA, designed by Caspar Schols