As "cidades do futuro" pretendem ser verdes, sustentáveis, inteligentes e low cost. Isto já existe. Chama-se "Campo". Frederico Lucas

Thursday, April 26, 2012

Os Benefícios da Crise!

Ultrapassado que está o período das vacas gordas - afirmação extemporânea para a maioria dos portugueses - o lado positivo da vida está agora a nascer.

As áreas metropolitanas perderam há muito o seu esplendor. Foram durante décadas o epicentro de talentos de nível nacional onde residiam as oportunidades de participação profissional que gravitavam em redor dos mesmos.

Hoje, a economia do conhecimento traz consigo a democratização territorial. E os territórios rurais, outrora desconectados dessa economia, têm hoje atractivos de relevo para proporcionar o êxodo metropolitano: A qualidade ambiental, social e económica dos territórios rurbanos respondem ao novo estilo de vida dos empreendedores.


A consequência mais interessante do êxodo metropolitano será a polinização de conhecimento protagonizado pelos Novos Povoadores nos territórios de baixa densidade. As redes e a Internet trouxeram consigo a possibilidade de acesso e difusão de informação a nível global, e-learning e trabalho com equipas geograficamente distribuídas (groupware), para citar algumas possibilidades. Facilitarão deste modo a dinamização em seu redor de pequenos alvéolos sociais, com vista a respostas mais actuais à economia que estamos a construir.


O modelo de vida tradicional, onde a população metropolitana adquiria no campo/praia a segunda habitação que lhe permitia respirar, é no actual modelo a sua morada de eleição: Quebraram-se as barreiras geográficas e a falta de competitividade provocada pelos excessivos custos de produção nas áreas metropolitanas - que eram suprimidos por uma procura sucessivamente crescente de uma economia que agora sabemos sobreaquecida - tem hoje uma resposta no território interior conectado.

Por outro lado, os territórios com vontade de atrair Novos Povoadores - gente empreendedora, capaz de gerar dinâmicas de emprego e com vontade de adoptar um estilo de vida mais familiar - são chamados a posicionar-se de uma forma pró-activa, isto é, facilitar a integração dos novos residentes e das suas famílias. Essa tem sido a grande diferença no desenvolvimento dos territórios de baixa densidade. Quando os diversos actores territoriais se mobilizam em torno de um mesmo projecto - Networking Territorial - o sucesso torna-se alcançável. Os Novos Povoadores deixam de o ser, para fazerem parte de uma comunidade que luta para uma maior afirmação territorial, um acto de cidadania activa que os torna actores do desenvolvimento económico e social dessas regiões.

Será esta uma visão utópica?

Segundo um estudo da ONU, em 2015, 69% da população portuguesa viverá nas áreas metropolitanas, acentuado a ausência de qualidade de vida nesses centros populacionais.

Por seu turno, só o Município de Sintra acolhe mensalmente 1000 novas famílias de acordo com os últimos censos do INE.
Estando a sociedade globalizada assente cada vez mais numa economia sem geografia, facto que permite olhar para o território de uma forma mais inclusiva, é possível reduzir o fosso das assimetrias regionais com vantagens para os novos residentes dos territórios de baixa densidade. Assim, além do inegável incremento da qualidade de vida, promover-se-á a quebra de um ciclo de sangria demográfica.

Passar horas a fio no trânsito - que se retiram directamente ao tempo em família - não é uma inevitabilidade para ninguém.

Alexandre Ferraz e Frederico Lucas, co-autores do projecto "Novos Povoadores"

in SOL

Sunday, April 22, 2012

As férias da minha vida!

Todos temos férias que jamais esqueceremos. São momentos especiais, marcados por novas experiências... :-)

Deveria ter 11 anos quando rumei, uma vez mais, com os meus pais para o Algarve.
Na época, para uma criança alfacinha, o verão era marcante: Pelos novos aromas, pelas novas gentes e por um equilíbrio entre a ruralidade e o turismo existente naquela época.

Foi nessa altura que questionei-me sobre “onde queria viver quando crescesse”!
E, naquele instante, fascinei-me pela primeira vez pelo meio rural num processo que me conduziu muito mais tarde a uma ruptura com o ambiente metropolitano.

Hoje, quando observamos o Algarve, não encontramos a mesma harmonia entre o turismo e a ruralidade.
Atrevo-me a dizer que pouco restou da identidade algarvia em boa parte da sua região.

E é esta constatação que me faz lutar por um interior equilibrado. O turismo é importante mas não deve ser sobrevalorizado como o “remédio para todos os males”.
Multiplicar por dez o turismo no interior, coeficiente necessário para o reequilibrio económico nestas regiões, significaria ceder ao fish and chips dos destinos de massas.
E essa não é, por certo, a ambição das gentes de Trás os Montes e Alto Douro.

Mas, e existe sempre um “mas”, os comércios desta região precisam de mais consumidores, as escolas de mais crianças, os centros de saúde de mais utentes. Em suma, este território precisa de mais gente.

Num momento em que 30% dos trabalhadores desenvolvem a sua actividade online - sejam contabilistas, tradutores, gestores de clientes ou ilustradores, para dar alguns exemplos - isso significa que muitas familias metropolitanas podem migrar para onde lhes convier.
É aqui que reside um grande factor de competitividade dos territórios rurais mas conectados à banda larga: Captar essas familias!

E esse é o desafio: Convidar as familias metropolitanas para residir nos nossos territórios menos povoados, com mais qualidade ambiental, social e económica.
Para que isso aconteça, é importante que saibamos receber essas gentes “de braços abertos”!

Crónica de Frederico Lucas para a Revista Tribuna Douro

Monday, April 16, 2012

Sabores transmontanos à sua mesa!

Luís e Patrícia partiram de Braga para Alfândega da Fé, onde têm familia.
Assim concretizaram o objectivo de alterar o ritmo das suas vidas, no momento em que passaram a ser pais.

Com esta migração, abraçaram outro designio: colocar à mesa dos portugueses os produtos tradicionais transmontanos.
Os seus conhecimentos sobre as pequenas indústrias da região permitem-lhes identificar os produtos que o solo transmontado viu nascer, cumprindo a sua identidade.


Com o portal Monte Mel, pretendem aplicar aos negócios ancestrais ferramentas actuais.

Promovem os pequenos produtores transmontanos, preenchendo uma lacuna no mercado, após a estagnação do comércio tradicional. Procuram contrariar a desactivação de pequenas unidades produtivas, que têm vindo a perder facturação nas últimas décadas.

"Em Abril, Alheiras Mil" é o mote da actual campanha de promoção do portal Monte Mel.