O economista António Borges criticou quinta-feira à noite a vontade do Governo em construir o aeroporto da Ota e o comboio de alta velocidade TGV.
Perante centena e meia de pessoas, no jantar- conferência da Liga de Amigos da Casa Museu João Soares, em Leiria, o ex-governador do Banco de Portugal, advertiu que «é preciso muito cuidado, porque quando se canaliza a energia do País para certos projectos, está-se necessariamente a descurar outros».
Para António Borges, o nosso problema fundamental «é o das empresas, da competitividade, que é onde temos de apostar e depois, se isso correr bem, então vamos às infra-estruturas».
«Os grandes projectos públicos continuam a ser identificados como sinónimo de progresso. Toda a gente gosta de ter boas estradas, comboios rápidos ou belíssimos aeroportos, mas não é isso que vai resolver os problemas das empresas, da concorrência, da manutenção dos postos de trabalho», reafirmou.
O vice-presidente do banco de investimento Goldman Sachs lembrou que «o país europeu que tem tido mais crescimento económico é a Irlanda, que praticamente não tem auto-estradas, tem um aeroporto que é uma vergonha e não tem um único comboio rápido».
O economista exemplificou também com Inglaterra, país onde vive actualmente, apontando os aeroportos da área de Londres, «onde os aeroportos são uma coisa sinistra, mas eles não constroem novos, quando muito limitam-se a ampliá-los».
Diário Digital / Lusa
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