As "cidades do futuro" pretendem ser verdes, sustentáveis, inteligentes e low cost. Isto já existe. Chama-se "Campo". Frederico Lucas

Monday, January 21, 2008

O QUE FAZER COM A MARCA PORTUGAL? Contributos de Tiago Forjaz e Nick Knight


Confesso-me um apaixonado por Portugal e pelo talento português. Quando há uns anos tive a oportunidade de estudar lá fora em escolas de referência soube nessa altura apreciar de fora a nossa personalidade única enquanto povo, bem como a riqueza imensa da nossa herança cultural, ambiental e gastronómica.
Foi nessa qualidade e com alguma expectativa que recebi a “nova imagem” de Portugal, que penso dar um (pequeno) passo no que nos pode levar a formar uma opinião de um país mais moderno e atraente, e que nos poderá trazer também uma componente mais sexy de turismo e investimento a um país com muito para dar… mas esperava bastante mais…
E aqui começa o que verdadeiramente vos queria dizer: tal como uma imagem televisiva é feita por milhares de pontos no écran chamados pixéis também a marca Portugal é constituída hoje por mais de 10 milhões de pessoas (contam já o Deco e o Pepe…), assentes no legado histórico dos grandes portugueses que fizeram desta uma nação única que perdura. E a marca Portugal não é nem pode ser uma campanha fotográfica espalhada em grandes cartazes, mesmo que eu aprecie particularmente o estilo do Sr. Nick Knight. Tem que ser muito mais… tem que ser, por exemplo, o ecoar repetido do nosso hino cantado pelo Vasco Uva e pelos restantes Lobos. Tem que ser o salpicar salgado das ondas de Sagres invocando o infante D. Henrique.
Tem que ser o esforço colectivo de uma consciência nacional do que nos torna únicos, do que nos faz diferentes no mundo, do que conquistámos, do que temos para conquistar (as marcas criam-se a olhar o futuro), do que ambicionamos como nação. A marca Portugal que nos vai levar longe começa com a projecção do nosso talento nacional. E aqui o Sr. Nick Knight e o João Wengorovius da BBDO que me desculpem mas tenho que dar maiores créditos por exemplo ao Tiago Forjaz e à equipa da Jason Associates pela grande iniciativa que estão a levar a cabo com o StarTracker (ver www.thestartracker.com ). Aí estou a ver a Marca Portugal a dar saltos em frente.
O StarTracker, que é uma plataforma de network entre os jovens talentos portugueses, introduzidos por convite pelos méritos que os actuais membros lhes reconhecem, faz muito pela marca Portugal. Basta ver os vídeos das reuniões de talento português em Londres ou Paris ou Madrid para percebermos onde estão depositadas as sementes do futuro da Marca Portugal… cada português faz parte da marca Portugal. É uma legítima expressão e extensão da nossa marca colectiva. O que o Tiago Forjaz fez é extraordinário, pela simplicidade da iniciativa (as melhores ideias são sempre as mais simples e as mais objectivas…) e pelo que está a proporcionar aos nossos talentos lá fora em termos de contactos pessoais, que acredito irão contribuir para novos projectos que levem Portugal bem longe.
Mais do que vermos a Marca Portugal em fotos está a viver-se assim a Marca Portugal, está a descobrir-se quem somos na verdade. Temos com orgulho uma nova nação que começa a querer ver-se ao espelho. E que está a gostar do que vê…
Somos um país de descobridores. Sempre o fomos e vamos continuar a ser. Descobrimos um país onde ninguém o via. Descobrimos caminhos marítimos para novas riquezas e novas glórias. Descobrimos a Europa e estamos a fazer muito por ela. Talvez o nosso grande desígnio para o séc. XXI seja a descoberta de nós próprios enquanto povo. Daqui a 10 ou 20 anos a Marca Portugal, através de cada português, irá viver novos tempos de afirmação no mundo pela consistência da nossa mensagem individual. Espero estar cá por muitos anos para ver em pleno o que está a ser começado agora.
Sr. Nick Knight, apareça por cá daqui a uns anos mas traga muitos rolos. Vai ter de tirar muito mais fotos de figuras brilhantes para conseguir ilustrar Portugal…

in PÚBLICO, Miguel Coelho

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