Seria bom haver mais casos no país como o «cluster» das telecomunicações de Aveiro em torno da InovaRia. Emergiu um grupo de PME e atraíram-se multinacionais
Num mundo cada vez mais globalizado, os processos e funções das empresas tendem a localizar-se nos sítios onde a relação custo-benefício é mais atractiva. Esta realidade, que conduz muitas vezes a situações dramáticas de aumento de desemprego, começa a abranger não só as actividades de produção e de serviços de suporte, mas também as actividades de Investigação e Desenvolvimento.
Os grandes fornecedores têm já localizados nos países de maior potencial de crescimento, como a China e a Índia, pólos de I&D que, tirando partido da oferta abundante de quadros qualificados, complementam a capacidade dos centros de competência situados nos Estados Unidos e na Europa.
Assim sendo, para que uma política de atracção de investimento estrangeiro seja credível e sustentável ela terá que conseguir fixar actividades de I&D que garantam a participação das unidades localizadas em Portugal, na cadeia de valor do grupo empresarial a que pertencem.
Portugal terá assim que desenvolver uma estratégia concertada, envolvendo universidades, autarquias, agências governamentais, associações e empresas de referência, que permita criar condições competitivas para a atracção de investimento de qualidade. Esta estratégia implica fazer escolhas sectoriais e regionais por forma a criar a massa crítica necessária para poder competir no mercado mundial.
O «cluster» de telecomunicações existente em Aveiro é um exemplo de que é possível ter sucesso. Tendo como âncora a PT Inovação, o «cluster», hoje organizado em redor da associação Inova Ria, permitiu criar um número significativo de PME de base tecnológica e atrair empresas como a NEC e, mais recentemente, a Siemens. O volume de vendas ultrapassa já os cem milhões de euros, empregando mais de 1000 pessoas, na sua maioria engenheiros e técnicos. Estes quadros são oriundos essencialmente das universidades de Aveiro, Coimbra e Porto.
Seria bom que casos como este se pudessem multiplicar e alargar às diferentes regiões do país.
paulo.nordeste@sapo.pt
in Expresso, Paulo Nordeste
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