Maquete do Parque de Ciência e Tecnologia para Poznan, cidade periférica da Polónia
Tenho várias vezes referido neste espaço a importância da "descentralização do trabalho" pelo território nacional. Da análise do relatório do PNPOT o Pedro verificou na página 24 que existem na Península Ibérica 33 cidades com aproximadamente 200.000 habitantes, que podemos classificar de cidades médias.
Dessas, 31 são espanholas e duas portuguesas (Braga e Coimbra). Em contrapartida, temos 45% da população a viver entre "Lisboa e vale do Tejo" e a "Área Metropolitana do Porto", que representam 15% do território: É no mínimo estranho!
A leitura que faço destes dados é que PORTUGAL PERDE DUAS VEZES com esta distribuição demográfica:
a) Falta de qualidade social e ambiental nas grandes cidades;
b) Falta de "massa crítica"/dinamismo em 78% do território nacional onde reside 50% da população (exclusão de LVT; AMP; Braga; Coimbra)
Mas uma coisa é ser um mero trancosense a dizer, outra é ser o Presidente da Assembleia Municipal da nossa vizinha cidade de Lamego JM Ferreira de Almeida e o ex Deputado do circulo do Porto e economista Pinho Cardão.
Segue transcrição do texto de Pinho Cardão, publicado ontem no seu blogue.
"(...)Neste tempo das tecnologias de informação e comunicação, este tipo de abordagem é decisiva, mas anda esquecida dos sábios pensadores, da política e dos decisores.
Com efeito, se não é possível levar as Sedes das grandes empresas para fora dos grandes Centros de Lisboa e Porto, as TIC permitem agora criar sítios para onde regressem determinadas actividades, fixando quadros e criando uma rede de empresas subsidiárias, que fomentam o emprego e fariam desanuviar os grandes centros.
Nas Grandes Lisboa e Porto concentra-se 45% do PIB e 30% da população, valores em crescimento e significativos da desertificação do interior.
Entre as muitas razões do afluxo do PIB a Lisboa está a mudança, para esta zona, das Sedes, das Administrações, das Direcções, Serviços Centrais e Técnicos das grandes empresas, industriais e de serviços, mercê das nacionalizações, reestruturações ou concentrações efectuadas.
O problema não se resolve de forma voluntarista, com medidas isoladas ou com grandes medidas tecnocráticas exaustivamente planeadas: quando estas começarem a ser executadas, já algo mudou que impede o seu prosseguimento. Mas tem que começar a ser resolvido a partir da definição de um quadro geral de actuação, onde as novas tecnologias de comunicação podem ter o papel decisivo de fazer voltar as empresas a outras regiões.
As grandes empresas estão a retirar das suas agências todo o trabalho administrativo, designado por back office, centralizando-o em grandes unidades de tratamento, em Lisboa e também a adoptar sistemas denominados de work-flow, que consistem basicamente na transmissão electrónica de processos e dados, desde a origem até à sua decisão final.
Estas Unidades Centrais ou de assistência tanto podem estar sedeadas num Tagus Park, em Cabo Verde, como fez a PT, na Índia, como a HP, creio, ou num Tâmega Park, ou Cávado Park, se nestes forem criadas condições semelhantes.
Torna-se imperioso que o Estado aproveite esta oportunidade para articular com as empresas as condições de atracção dos novos serviços, onde mais interesse ao país e, no limite, evitar a sua ida para o exterior.
E, já agora, para harmonizar a sua própria política de deslocalização de serviços a esta nova realidade, liderando um processo em que as tecnologias de comunicação bem podem ser um decisivo veículo de criação de riqueza no interior, diminuindo o afluxo aos grandes Centros e atenuando as disparidades actuais.
Isso, sim, seria política!...
N´O Quarto da República, um artigo que publiquei sobre o assunto numa revista económica, há cerca de 2 anos."
A concluir posso dizer que dia após dia esta ideia é cada menos individual e mais colectiva. E neste caso, já valeu a pena todo o tempo que temos dedicado a esta temática e sentimos naturalmente um estimulo renovado para continuarmos a defender aquilo em que acreditamos: Um interior povoado, mantendo a qualidade de vida já existente!
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