As "cidades do futuro" pretendem ser verdes, sustentáveis, inteligentes e low cost. Isto já existe. Chama-se "Campo". Frederico Lucas

Friday, July 07, 2017

“O Alentejo, enquanto destino de qualidade, está na moda”

“7Quintas” não foi um nome escolhido ao acaso. O novo projeto de agroturismo que está a nascer em Marvão, no distrito de Portalegre, quer proporcionar experiências em espaço rural que fiquem na memória dos visitantes pelos melhores motivos. São sete as casas reconstruídas segundo a arquitetura tradicional alentejana, cada uma com a sua história. Argumentos que justificam a associação do conceito à expressão, tipicamente portuguesa, de se estar “nas sete quintas”. É o mesmo que dizer que se está feliz, despreocupado, a desfrutar de algo que se gosta muito. Até porque “se não se sentirem nas ‘setes quintas’ não voltam cá outra vez”, acrescenta, sorridente, Paulo Mena. Trocou Lisboa por Marvão em busca de um sonho que começou a desenhar há mais de três anos. “Sou filho dos filhos da terra”, explica o empresário.

Estabelecer parcerias para ganhar escala

O projeto “7Quintas” integra o Plano de Ação da Estratégia de Eficiência Coletiva Provere Inmotion 2020 e conta com mais de 3 mil intenções de parcerias. “Significa que há muita gente disponível para levar este país para a frente. E não são só portugueses. Tenho vários contactos na Europa, Estados Unidos, Brasil e Argentina”. A assertividade de Paulo Mena foi conquistando terreno à desconfiança inicial. A equipa que o acompanha começou a trabalhar “no escuro, sem receber nada”. Do arquiteto ao empreiteiro, do canalizador aos engenheiros, “mesmo sem certezas nunca se negaram”. A aprovação do investimento de 2 milhões de euros, comparticipado em 75 por cento pelo Programa Operacional Regional do Alentejo, chegou em agosto de 2016 e as obras “decorrem a bom ritmo”. Decidiu contratar pessoas da terra “porque são elas que conhecem as técnicas de construção antiga. Que sabem como abrir uma parede com 150 anos, dando-lhe modernidade sem a estragar”. Em agosto de 2018 estará de portas abertas criando 10 novos postos de trabalho, garante o investidor.

Um “hotel” disperso pela encosta

Dos sete edifícios espalhados pela encosta até ao vale, seis destinam-se a alojamento e um será o futuro restaurante e galeria de arte. Um espaço que vai receber obras de artistas conceituados e desconhecidos, de Marvão e do mundo. “Até um visitante que queira aproveitar o tempo livre para pintar um quadro pode expor o seu trabalho aqui”. E motivos de inspiração não faltam. A espreitar no cimo da serra estão as muralhas do século XIII e do século XVII que circundam a histórica Vila de Marvão. Em redor, as imponentes cristas rochosas, os bosques e os blocos de granito roubam a atenção de quem visita esta região. Dizem que no Alentejo a vida faz-se a um ritmo diferente, com tranquilidade e uma sensação de liberdade que Paulo Mena quer agora oferecer aos visitantes. “Em cada uma das casas há uma nascente e um pequeno tanque onde é possível refrescar. A ligá-las estará um percurso pedonal, pelo meio das árvores, com bancos e equipamentos que permitem a prática de desporto. Haverá também um forno e várias atividades ligadas ao cultivo da terra. Cada um é livre de desfrutar do espaço à sua maneira”.

O Alentejo está na moda

Conquistar o mercado empresarial e desportivo é o objetivo traçado pelo empresário que não descarta também a aposta no mercado sénior “que sabe muito bem o que quer, tem poder de compra e escolhe qualidade e diferenciação”. Foi a pensar nisso que se fez a adaptação de uma das casas e de todo o edifício do restaurante, preparando-os para receber pessoas com mobilidade reduzida. “Um dos fatores diferenciadores é a quantidade de pessoas que conseguimos ter, em ambiente rural, espalhadas pelas pequenas casas que têm entre 6 a 8 quartos”. Nos últimos anos o Alentejo tornou-se um destino de qualidade “que está na moda”, realça Paulo Mena. Resta saber aproveitar todas as potencialidades de um território que se estende até à fronteira espanhola.

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