O evento foi divulgado no Facebook com o título "Há Música na Serra".
Uma iniciativa da associação mais antiga da região da Guarda, a Sociedade Filarmónica Bendadense, na Freguesia da Bendada.
Antes da hora anunciada já a aldeia tinha muito mais gente que o habitual.
São Pedro ofereceu nessa tarde à Bendada o melhor clima que poderia existir: temperatura amena, céu azul com um esponjado a branco.
Subidos os primeiros 200 metros, e à hora combinada, o saxofonista Gilberto Costa começou por tocar uma música que dedicou ao seu pai, e o jornalista Nicolau Santos juntou-lhe a voz para ler poemas de Mário Cesariny.
À volta destes, 300 pessoas sentadas nas rochas para os escutar.
Terminado o primeiro momento, as pessoas debandaram para a Serra, numa subida íngreme, quais devotos da cultura musical.
Alcançado um novo patamar, duas jovens alunas começam a tocar clarinete.
Não se escutava outro som, e atrás delas a beleza de uma vista serrana onde se via a aldeia que tínhamos deixado para trás.
O grupo regressa à caminhada em direcção ao cume, até encontrar três jovens saxofonistas sob a batuta de São Pedro e uma paisagem de fazer parar a respiração.
Mais uma caminhada e nova concentração. Explicam nesta nova cota que esta era uma zona de transição entre a terra fria e a terra quente, e por isso moravam aqui as duas influências.
Escutámos dois cavaquinhos acompanhados por um adufe.
Aqui, a interpretação coube aos professores da escola de música, os rostos e a energia que alimentam a centenas de jovens aldeãos o sonho de uma carreira musical, à semelhança daquilo que ocorreu colegas mais velhos.
O cenário verde da serra estava apenas interrompido pelo ocre das rochas e pela policromia das roupas dos 300 peregrinos musicais.
Regresso à subida, e desta vez uma bonita Capela servia de albergue aos músicos.
Um jogo de cordas de violino e viola portuguesa encarregaram-se da sonoridade.
Por detrás desta Capela, um novo espaço. Toda a orquestra reunida num anfiteatro natural.
Os lugares sentados em rochas graníticas não asseguraram lugar para todos.
Mas foi aqui o espetáculo que se julgava ser o último desta tarde.
Não há palavras para explicar o que ali se viveu. Uma orquestra ao ar livre, numa Serra verdejante sob um clima ameno.
A melhor definição de Céu.
No regresso à aldeia, e com grupos mais espaçados, a atenção passa a ser as cores da vegetação. Aquilo que chamamos verde, na verdade era uma vegetação dominante daquela cor, mas com apontamentos de muitas outras cores, que só a Primavera saberia construir.
E é aqui que acontece o momento inesperado: um grupo de vozes, não mais de 10, no topo da Serra, canta a gratidão a Nossa Senhora do Castelo.
Um canto que atinge toda a aldeia, que é prática corrente aos Domingos após a Missa local.
Este evento é a imagem de uma nova ruralidade que está em construção.
No comments:
Post a Comment