As "cidades do futuro" pretendem ser verdes, sustentáveis, inteligentes e low cost. Isto já existe. Chama-se "Campo". Frederico Lucas

Sunday, January 11, 2015

Arquitectura em debate

Decorreu no passado dia 30 de Dezembro 2014 na Casa da Cultura de Figueira de Castelo Rodrigo o II Colóquio Ibérico de Arquitectura, um evento organizado pelo Município de Figueira de Castelo Rodrigo em parceria com a Associação das Aldeias Históricas de Portugal e com a colaboração da Associação Portuguesa de Marketing Rural e Agronegócio.

Na mensagem de abertura pelo anfitrião, Paulo Langrouva manifestou a confiança pelo caminho que tem sido trilhado pelas Aldeias Históricas de Portugal e lançou as suas questões sobre o futuro destas aldeias: a autenticidade é um activo que precisa de gerar valor para as populações actuais, sob pena de colocar em risco a principal missão da nossa geração, a preservação do património material e imaterial dos nossos antepassados.

O primeiro painel, moderado por Pedro Machado, Presidente do Turismo do Centro, focou a importância dos agentes privados nesta dinamização, manifestando confiança na evolução positiva do turismo na nossa região.

A empresa Douro Azul é a primeira promotora de visitas na Aldeia Histórica de Castelo Rodrigo, e salientou o seu interesse na promoção dos produtos locais.
Uma parte significativa dos seus clientes pertencem a outros continentes, o que dificulta a venda de produtos de maior peso e dimensão pelas problemas de transporte.
Paulo Romão, CEO das Casas do Côro de Marialva, sublinhou a importância das experiências. “Se a experiência é boa e relevante, os clientes desmarcam outras viagens planeadas para aproveitar o que estão a viver e a sentir. Temos clientes que regressam às Casas do Côro quatro vezes no mesmo ano.”

O segundo painel, moderado pelo Presidente das Aldeias Históricas de Portugal, Rogério Alves, debateu as intervenções no Património Construído.
António Garcia Mendes, em representação da EDP Distribuição, referiu que as intervenções são reguladas por um contrato de concessão entre a empresa e os municípios.
Nesse âmbito, apresentou diversas intervenções nas Aldeias Históricas cujos objectivos visavam responder as necessidades funcionais e estéticas, para cumprimento da missão daquela empresa.

Paulo Fernandes, Presidente da Assembleia Geral das Aldeias Históricas de Portugal e autarca do Fundão, moderou o principal painel do Colóquio: A arquitectura.
Referiu que o custo por metro quadrado nas Aldeias Históricas ultrapassa o valor das sedes de concelho, denunciando com isto a qualidade percepcionada pelo mercado nas intervenções da Associação nestas aldeias.
A dupla de arquitectos Alexandre Alves Costa e Sérgio Fernandez, responsáveis na década passada pela intervenção nos equipamentos sociais de Idanha a Velha, destacaram a importância da multifuncionalidade dos equipamentos nestes lugares, bem como a responsabilização dos agentes locais pelas intervenções: “Para que serve um restaurante e uma praça de touros mono-utilização, apenas no dia da inauguração?”

Por seu lado, Pedro Brígida falou sobre as suas intervenções no espaço privado na Aldeia de Marialva.
Autor do projecto de turismo rural Casas do Côro, reconhecido em Portugal pelas suas elevadas taxas de ocupação, referiu as suas dificuldades pela ausência de um projecto de aldeia.
Associou a tolerância da população pelo vanguardismo das suas soluções em território rural às suas ligações familiares naquela povoação.

A concluir os trabalhos, Joaquim Feliciano em representação da Presidente da Comissão de Coordenação de Região Centro, destacou a qualidade das intervenções, pelas dúvidas que levanta no actual modelo de desenvolvimento destas aldeias, e reconheceu a sua valorização pessoal e profissional com os testemunhos dos arquitectos com dezenas de intervenções estéticas e funcionais sobre o edificado pré existente.
“Lamento que o meu filho não esteja aqui comigo. É estudante de arquitectura e sairia valorizado desta sessão que V. Excas. tiveram a ousadia de organizar”, rematou.

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