Explicar a economia portuguesa em poucos parágrafos é perigoso e necessariamente imperfeito.
Portugal tem no seu ADN um apetite especial para viver de recursos alheios.
Desde a Rota das Índias aos Fundos Estruturais, tudo serve para viver desafogadamente com o produto do trabalho alheio.
Quando os Fundos Estruturais entraram em declínio, um novo milagre ocorreu com o nascimento da moeda europeia: empréstimos externos a uma taxa tendencialmente nula.
O sector da construção percebeu muito cedo o novo milagre: entre as PPPs e o imobiliário, o foguetório parecia não ter fim.
Ao contrário daquilo que deveria acontecer, a regulação ficou a dormir.
Era um negócio que interessava a todos: banca, governo (criação e postos de trabalho), autarquias (beneficiárias das SISAs e não só).
Neste contexto, com a banca a emprestar a empresas de construção com garantia pública e a controlar simultaneamente a valorização imobiliária, o Mundo da Barbie estava montado. E nem o Ken faltou à encenação.
Em desgraça caíram todos os outros sectores da economia que não beneficiam de garantias públicas de crédito.
Lamentavelmente, entre estes estão os sectores que produzem riqueza. E sem capital, não ocorre a produção de "transaccionáveis", passíveis de exportação.
Sem exportações, a dívida cresce. E continuará a crescer até que cada um de nós compreenda que esse tem de ser o desígnio de uma economia sobre-endividada.
E assim chegamos à desgraça, consequência de políticas erradas de desenvolvimento.
A mudança é dura, mas necessária.
O reino da construção e das empresas públicas chegou ao fim.
Precisamos de dar novos mundos…a Portugal!
in Re-Visto
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