As cidades do interior paulista, por exemplo, representam com maestria essa rara fatia, atraindo riquezas pelas mãos da fórmula serviços de ponta x tranqüilidade e segurança. Naturalmente, toda essa bonança acaba por alavancar a indústria imobiliária local e, um dos grandes desafios apresentados por esse contexto positivo para o setor é justamente manter o crescimento populacional com garantias consideráveis de emprego e renda.
Hoje, o interior paulista é um País, com PIB superando a casa dos US$ 135 bilhões - 12% maior que o PIB chileno, por exemplo -, respondendo por 44% de todas as riquezas produzidas no Estado de São Paulo e 13% do Brasil. Só nos primeiros cinco meses do ano passado, a região gerou quase 360 mil novos postos de trabalho, número que corresponde a 75% de todos os novos empregos do Estado.
Embora São Paulo concentre mais de 60% das cidades médias que crescem por meio de atividades educacionais (o Estado é responsável por um quarto de toda a produção científica nacional, abrigando importantes instituições de ensino superior brasileiras), sua indústria imobiliária não está livre de um flagelo comum: a falta de profissionais qualificados.
Em décadas anteriores, imperavam no mercado a baixa produtividade, o pouco cuidado com a segurança, o uso de equipamentos rudimentares e a mão de obra pouco qualificada. Hoje, o sucesso de um produto depende da qualidade de todos os elos da construção civil. Para isso, a mão de obra passou a ser mais qualificada e novas regras surgiram para controlar os procedimentos.
Estamos no auge de um período produtivo, mas, como manter esse cenário, sem considerarmos a importância crescente da formação profissional? A verdade é que o forte momento da construção civil contrasta com a pequena quantidade de profissionais qualificados. Tanto mais quando assistimos à decolagem do programa Minha Casa, Minha Vida, que aumentou sensivelmente a quantidade de projetos, à consolidação das políticas de crédito imobiliário, ao advento do pré-sal, que movimenta sobremaneira a Baixada Santista, ou mesmo a toda a demanda, em breve, gerada pela Copa do Mundo e pelas Olimpíadas.
Todos sabem que a indústria imobiliária nacional já é uma das principais responsáveis pela geração recorde de empregos com carteira assinada (vide estudos do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – Caged – do Ministério do Trabalho). Mas, quando o empresário do setor implementa uma grande obra, que requer investimento elevado, cada vez menos encontra qualidade no momento da contratação.
Para reforçar a tese, recente levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), revela que o custo da produção aumentou muito em função dos altos salários exigidos pelos poucos e bons profissionais. Apesar de tudo, em 2010 a maioria das empresas imobiliárias do Estado trabalhou em ritmo acelerado e com número de empregados crescente. E assim deve ser também ao longo de 2011.
Essa realidade também é detectada em cidades como Sorocaba, Campinas, Jundiaí, Taubaté e São José dos Campos, que, dentre outras, apesar dessa dificuldade avançam nos investimentos, não só no âmbito empresarial, mas também no sentido de reunir esforços e instituir parcerias com entidades afins, rumo à promoção do aperfeiçoamento e formação profissional.
O processo de capacitação é essencial e deve ocorrer o mais rápido possível. Com a rotatividade de profissionais no setor, as empresas deverão cultivar uma visão autocrítica sobre o clima organizacional e criar uma relação de confiabilidade, inclusive a partir das experiências e vivências de cada um.
A escassez de mão de obra é um contexto que deve perdurar por algum tempo ainda, já que a formação de profissionais requer investimento de mais longo prazo. É preciso reinventar a empresa, quando a realidade muda, e avançar com mais afinco no setor da educação, para não desperdiçarmos esse momento de ouro.
in INCorporativa, Flávio Amary, vice-presidente do Interior do Secovi-SP
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