“Esta terra que não me viu nascer e me acolheu. Fui eu que a escolhi mas não me rejeitou. Aceitou-me como sou, e por isso hoje, sou. Pertenço-lhe tanto que me pertence. Inspira-me. Respiro-a. Esta terra que me acolheu, viu-me nascer outra vez.” [anónimo]
A escassez de tranquilidade num ritmo de vida frenético deixa muitas famílias perplexas ao ponto de escolherem uma mudança de 180 graus. Sem tempo para si, sem tempo para a família, pessoas reféns de uma rotina angustiante que num dado momento decidiram dar um novo rumo à sua vida, abandonando a cidade para uma vila do interior de Portugal. Esta mudança traduz-se actualmente numa migração sem expressão do ponto de vista estatístico mas silenciosamente, a ideia vai conquistando os sonhos de um número crescente de gente saturada da vida urbana.
Um território sintonizado com esta tendência e preparado para acolher estas pessoas em busca do seu porto de abrigo, vai protagonizar um modelo de desenvolvimento inovador e duradouro. Trás-os-Montes e Alto Douro - território - é detentor de um cenário de mudança com potencial extraordinário. Para além dos recursos naturais e condições estruturais de desenvolvimento económico, os territórios promovem-se através da qualidade de vida que podem oferecer. A começar pela paisagem, interpelam-nos os contrastes, cores, texturas, sabores, clima, e claro, as pessoas. Elemento fundamental que cria, transfoma, produz e vive numa região que luta arduamente com a problemática da interioridade. Mas há algo que os nossos antepassados semearam e que continuamos a cultivar. A tradição de bem receber é uma arte que soubemos aperfeiçoar aliando o melhor que a terra produz com a sabedoria, dedicação e humildade das mulheres e homens desta região. Esta arte, devidamente capitalizada, pode determinar o futuro do desenvolvimento de TMAD. Os territórios de baixa densidade competem cada vez mais no campeonato da hospitalidade.
O desafio hoje e amanhã, é transformar a interioridade de um território num factor de atracção. Este interior de rudeza suave tem todos os atributos para criar raízes a quem as procura. Ancoradouro de valores identitários consistentes, Trás-os-Montes e o Alto Douro oferecem condições excepcionais para captar o interesse dos chamados novos povoadores.
Gentes de Trás-os-Montes e Alto Douro, vivemos num território inspirador, fonte de energia, um bem apetecível numa sociedade confrontada com tantos desafios e maiores incertezas. De braços abertos, receberemos quem, como nós, se apaixonar por esta terra.
Crónica de Alexandre Ferraz para a Revista Tribuna Douro
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