A realidade ainda é distante e Portugal está muito longe do patamar já alcançado noutros países em matéria de teletrabalho, mas o país quer equiparar-se ao que de melhor se faz na Europa neste domínio. Até lá, é necessário derrubar inúmeras barreiras culturais e até tecnológicas.
Numa altura em que a competitividade empresarial não tem fronteiras ou limites, as empresas competem cada vez mais não só pela quota de mercado mas também pelos trabalhadores. A capacidade das empresas para atrair os melhores talentos pode passar, por exemplo, pela distância casa-trabalho, as dificuldades de estacionamento ou a sobrelotação do espaço de trabalho que pode tornar com grande facilidade uma empresa menos atrativa para um potencial colaborador. É aqui que as novas soluções de trabalho, como o telework , ganham expressão. Prática comum noutros países do mundo, com grande aceitação e até preferência por parte de muitos trabalhadores em busca de uma melhor conciliação trabalho-família, o E-work começa a vingar em Portugal. O país é já parceiro do programa SEES – SME's E-learning to e-Work Efficiently , desenvolvido com o apoio do programa Leonardo Da Vinci com o objetivo de garantir apoio prático na preparação de e-managers e e-workers de forma a desenvolverem e fomentarem o trabalho em ambiente virtuais. A parceria promete revolucionar a médio prazo a forma de trabalhar em Portugal.
São ainda poucas as empresas portugueses a desenvolver e aplicar esta forma de trabalho, diz Eurico Neves, presidente da consultora de inovação Inovamais , parceira do programa SEES em Portugal. As limitações técnicas e sociais associadas à sua implantação podem estar na base deste atraso face ao resto da Europa, mas o especialista não tem dúvidas das vantagens desta forma de trabalhar e do sucesso do país na sua implantação. “Funcionários e clientes procuram, tendencialmente, novas soluções para comunicar com os seus fornecedores de forma mais eficaz através da utilização das tecnologias de informação e comunicação que tem ao seu dispor (vídeo-conferência, sistemas de gestão, email, etc) poupando dinheiro e tempo”, explica Eurico Nebves acrescentando que “a introdução do e-work permite obter uma nova visão quer de trabalho quer de liderança”.
Resultados que não surgem sem preparação e é nesse sentido que foi criado o SEES, que envolve também outros países como a Hungria, a Áustria e a Lituânia. Este projeto foi concebido para providenciar todo o apoio necessário na reparação dos gestores de empresas para a implantação do e-work nos seus ambientes organizacionais. “A preparação do staff da empresa para o ambiente de trabalho virtual e a implementação do e-work não são tarefa fácil e existem inúmeros obstáculos que devem ser considerados”, explica o responsável apontando os constrangimentos ainda existentes a nível tecnológico e social. A formação é pois a via para potenciar o desenvolvimento das competências necessárias para ajudar os trabalhadores a tornarem-se bem-sucedidos neste modelo laboral.
O projeto surge depois de dois anos de uma parceria entre os quatro países onde é desenvolvido, no sentido de potenciar o teletrabalho. O primeiro dos resultados desta missão é a publicação de um manual de teletrabalho que, segundo Eurico Neves, “é um verdadeiro guia de apoio à promoção do teletrabalho incluindo orientações para a sua implementação, competências-chave, e-learning e exemplos de boas práticas”. Direcionado a PME's, CEO's e managers, funcionários, freelancers, diretores de RH, profissionais da formação ou educação vocacional, universidades, escolas de formação, agências de emprego, associações profissionais ou demais instituto e indivíduos interessados neste modelo de trabalho, o documento terá particular utilidade em Portugal tendo em conta que “a tendência para o telework ainda é pouco expressiva e as empresas que o implementam fazem-no de forma pouco organizada e estruturada”, afirma Eurico Neves destacando o imenso potencial desta ferramenta no controle e minimização de custos.
Para o especialista o atraso de Portugal face a outro país nesta matéria “prende-se ainda com a falta de confiança dos empresários uma vez que não conseguem supervisionar diretamente o trabalho desenvolvido pelos seus colaboradores”. Uma limitação que para Eurico Neves não passa de uma falsa questão se pensarmos que “atualmente nas empresas a única forma de controlo é, muitas vezes, o horário de trabalho”. Um bom suporte técnico e comunicacional (internet, telefone, computador portátil) é tão importante quanto combater o estigma da falta de confiança ou necessidade de controlo diário dos trabalhadores. É fundamental que se perceba que picar o ponto não é garantia de produtividade. E nesta matéria “a formação assume particular importância pela possibilidade de agir a médio prazo sobre a cultura”, explica Eurico Neves.
Colocar em prática uma plataforma de e-work eficiente numa empresa carece, antes de qualquer componente tecnológica, de confiança no desempenho do trabalhador. “O empresário não tem controlo direto sobre o trabalhador e terá de confiar que este desempenhará as suas tarefas atempadamente”, explica Eurico Neves adiantando que “uma das formas de potenciar isto é através da realização de reuniões semanais de acompanhamento, via telefone ou vídeo-conferência ou até o estabelecimento de prazos para entrega de tarefas”. Paralelamente, o e-work carece especialmente de insfraestruturas de TIC eficazes, que permitam uma boa comunicação e partilha de informação. E para que uma empresa esteja pronta a funcionar em e-work falta-lhe apenas formar empresários e colaboradores nesta nova forma de trabalho.
Noutros países verificou-se que as práticas de trabalho flexível têm resultado de avanços no desenvolvimento tecnológico, particularmente nas telecomunicações. “As tecnologias de informação têm libertado empresas e empregados do trabalho em tempo e lugar físico. Atualmente as empresas podem adotar estratégias de gestão inovadoras para obter uma superior produtividade e condições de trabalho melhoradas”, argumenta o especialista que acredita que esta é uma das grandes mais-valias do e-work que poderá fazer a diferença no futuro quando as organizações e os colaboradores compreenderem, sem reservas, os benefícios para ambas as partes da aplicação deste conceito.
Vantagens para as empresas
Ainda que a realidade do teletrabalho seja ainda vista como distante em termos de aplicabilidade no mercado nacional, há vantagens a destacar para as empresas:
. Redução de custos com o espaço físico
. Redução de despesas associadas ao espaço (eenregia, água, etc)
. Redução de custos com transportes
. Redução do tempo de deslocações dos trabalhadores para o emprego que se aplica na realização de trabalho
. Benefícios ao nível da sustentabilidade e impacto ambiental
. Diminuição das taxas de absentismo dos colaboradores
. Aumento da produtividade dos colaboradores associada ao desenvolvimento de atividade em ambientes propícios à criatividade e a um melhor equilíbrio entre vida pessoal e profissional
. Aumento da competitividade e conhecimento
. Potencia a produtividade das empresas no contexto da sociedade de informação e economia digital
. Melhoria da flexibilidade entre o planeamento e a gestão do trabalho
. Aumento da capacidade de resposta às necessidades dos clientes
… e para os trabalhadores
. Aumento da motivação e criatividade
. Crescimento da produtividade
. Melhor conciliação entre trabalho e família
. Mais conforto na execução do trabalho
. Poupança nas deslocações casa-trabalho
. Redução das despesas com alimentação
. Diminuição do stress associado ao trabalho
. Flexibilidade de horários e trabalho que podem ser negociados com melhor equilíbrio face às necessidades do e-worker e aos imperativos do empregador ou cliente
in Empreendedores em Rede
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