As "cidades do futuro" pretendem ser verdes, sustentáveis, inteligentes e low cost. Isto já existe. Chama-se "Campo". Frederico Lucas

Saturday, July 26, 2008

Aviões no Sul, computadores no Norte


Duas fábricas de componentes de aviões em Évora; consórcio com a Intel para fazer PCs em zona a anunciar

A empresa brasileira Embraer vai instalar duas fábricas de componentes para aviões, em Évora, criando mais de 3500 postos de trabalho directos. O anúncio oficial é feito hoje, às 10:30 horas, no CCB, pelo primeiro-ministro, José Sócrates, e pelo director presidente da Embraer, Frederico Fleury Curado, na presença do presidente brasileiro Lula da Silva.

Segundo o Expresso apurou, serão investidos de início 148 milhões de euros em instalações que terão capacidade para produzir componentes para 13 a 14 aviões por mês. O investimento contempla, igualmente, a ligação a universidades portuguesas para a concepção, engenharia e desenvolvimento de aeronaves.

Segundo o ministro da Economia, Manuel Pinho, “este é um grande investimento tecnológico que só tem paralelo com a AutoEuropa”, a fábrica da Volkswagen em Palmela.

A Embraer é o terceiro maior fabricante de aviões a nível mundial, depois dos gigantes Boeing e Airbus. As unidades industriais de Évora - as primeiras desta empresa na Europa - deverão começar a produzir em 2011. A primeira, no fabrico de estruturas, maquinação e montagem de peças metálicas para asas; a segunda, para conjuntos em materiais compósitos das caudas de aviões como os Embraer 170, 190 e Legacy (jactos executivos).

O primeiro passo para as negociações entre o Governo português e a Embraer foi dado, em Agosto de 2006, quando José Sócrates visitou a sede da empresa brasileira, a cerca de 100 quilómetros de São Paulo. Na época, o primeiro-ministro regressou de mãos vazias, mas seguiram-se quase dois anos de negociação em torno do reforço dos investimentos dos brasileiros na OGMA-Indústria Aeronáutica de Portugal (da qual controlam 65% do capital, em associação com a EADS/Airbus). As negociações foram fechadas na quinta-feira, dia 17, tendo o ministro da Economia cancelado a sua deslocação a Angola para se reunir com os investidores brasileiros.

“O maior desafio será o de incentivar a participação portuguesa no projecto do cargueiro militar C-390, um avião que está a despertar o interesse do Brasil e de alguns países da América do Sul”, declarou ao Expresso Eduardo Bonini, presidente executivo da OGMA. A confirmar-se esta participação, Portugal poderá optar pelo Embraer C-290 para substituir os Hércules C-130, ao serviço da Força Aérea há mais de 30 anos.


Fábrica de computadores

Na quarta-feira José Sócrates recebe a visita de Craig Barrett, presidente da Intel, que será um dos parceiros num novo consórcio de fabricação de computadores pessoais de baixo custo.

O projecto, que terá nome português, conta ainda com a participação de empresas nacionais (J.P. Sá Couto e Infolândia). O Expresso apurou que a fábrica será instalada no Norte do país, aproveitando as competências existentes nas universidades do Minho, Porto e Aveiro.

Além do mercado interno, ligado ao programa e-Escolas, o objectivo é desenvolver um «cluster» exportador deste tipo de equipamentos, idênticos aos que já são distribuídos aos alunos do secundário. Venezuela e Líbia são os primeiros mercados garantidos, na sequência das vistas de Hugo Chávez a Lisboa e de Sócrates a Trípoli.

in Expresso, Alexandre Coutinho, Cristina Figueiredo e João Ramos

Saturday, July 19, 2008

Alentejo é o futuro do potencial do País


O Alentejo é o espaço que apresenta a mais forte concentração de potencial de crescimento do conjunto da economia portuguesa". Quem o diz é o antigo ministro das Finanças, Ernâni Lopes, que refuta a ideia de que a região Sul do País "não tem futuro".


Em conferência de imprensa para apresentar o relatório da SaeR - Sociedade de Avaliação de Empresas e Risco, à qual preside, o ex-governante considera que todo o território a Sul do Tejo, "e não só Almada e Seixal", constituem o que chama ‘Grande Ogiva do Sul’, com destaque para o Alentejo. Para Ernâni Lopes, a região deve investir na agricultura de valor acrescentado e num tipo de turismo particular: o de atracção para segunda residência para os mais idosos do norte da Europa que possuem um elevado poder de compra.

Por isso mesmo, defende que é necessário dotar o Alentejo de uma rede que permita o "acesso a serviços de saúde de padrão europeu" de forma a responder à necessidade destes novos turistas. O economista faz ainda questão de salientar que, com dezenas de milhões de potenciais clientes nos países escandinavos, o Alentejo tem condições "quase inultrapassáveis" para garantir o sucesso desta iniciativa.

"O Alentejo não é um caso perdido. O mercado está lá e neste momento tem uma oportunidade muito clara que durará pelos próximos trinta anos", referiu sem, no entanto, ignorar os efeitos que a crise na economia espanhola poderão ter no desenvolvimento da região. "Temos um verdadeiro problema com a economia espanhola, mas este tipo de investimento é planeado durante anos", salienta.

Já em Junho passado, os autarcas do Alentejo, reunidos no Congresso Alentejo XXI, em Beja, manifestaram a convicção de que "é possível, a médio prazo, transformar o Alentejo no principal factor de de-senvolvimento do País".

"São medidas de circunstância"

O antigo ministro das Finanças de Mário Soares, Ernâni Lopes, considera que as medidas tomadas pelo Governo para combater a crise são "de circunstância e que pouco fazem para um problema conjuntural. "São medidas pontuais que não fazem a diferença", disse reconhecendo-lhes apenas um efeito imediato. Quanto ao futuro da economia portuguesa, o especialista não se mostra optimista: "Está mal e tenderá, possivelmente, a piorar até 2010". E defendeu que "o importante não é sair da crise, mas sim como passar por ela".

Perigos do choque petrolífero

O relatório da SaeR, empresa de avaliação de empresas e risco liderado por Ernâni Lopes, alerta para o perigo do choque petrolífero que a economia mundial atravessa. "Não se sabe quando vai acabar", defende o especialista, recordando as consequências da crise da OPEP, em 1973, que aumentou os preços do petróleo em 300 por cento. No relatório da SaeR consta o alerta para o agravar de "tensões internas na sociedade portuguesa", como reflexo da instabilidade criada pelos constantes aumentos dos preços dos combustíveis.
in Correio da Manhã, Pedro H. Gonçalves

Thursday, July 10, 2008

Visão Periférica e Strategic Early Warning


Quantos gestores e empresários ouviram até hoje a palavra “surpreendentemente” ou a expressão “fomos apanhados de surpresa”, referindo-se à performance da sua organização?

Aceitando que o factor surpresa não se pode eliminar, podemos no entanto, evitá-lo criando e mantendo um sistema de strategic early warning (SEW).

E, em que consiste um SEW?
Trata-se de um sistema de visão periférica que coloca a organização a olhar para todos os ângulos e não apenas para o seu mercado tradicional e stakeholders.

Tradicionalmente, uma organização monitorizava a sua indústria, o seu mercado e os seus stakeholders. Hoje, numa era de mudanças rápidas e de partilha instantânea de conhecimento, isso tornou-se insuficiente para garantir o sucesso e a sobrevivência das organizações. Hoje, mais do que nunca se impõe o que chamamos: Visão Periférica.

Vejamos o caso concreto de uma empresa que tem bons indicadores económicos, os resultados estão óptimos, os clientes satisfeitos, mantém um controlo de gestão eficaz e com ferramentas de análise de indústria avançadas. Perfeito. Está no bom caminho, diríamos. Pode continuar assim.

Mas é este cenário que, historicamente tem colocado as maiores empresas do mundo em dificuldades quando, “surpreendentemente”, surgem novas e alternativas formas de fazer. E que não vêm dos concorrentes óbvios, porque esses estão a ser monitorizados. Vêm habitualmente de players novos que aparecem no mercado com novos paradigmas.

Os sinais habitualmente estão lá mas são negligenciados por vários motivos ou, pura e simplesmente ignorados.

Ben Gilad (professor de estratégia e competitive intelligence) aponta as “Convicções dos Gestores” como um dos factores de insucesso devido à não interpretação de sinais precoces do mercado. Porquê? Porque os gestores de topo chegam ao topo precisamente pelos seus êxitos e pelos sucessos alcançados. Logo, existem nas suas mentes determinadas premissas para o sucesso.
Perante uma situação nova, a tendência é para aplicar conhecimentos e prática anteriores. E, na maioria dos casos em que existe dissonância de mercado, é necessário olhar para os sinais do mercado sem preconceitos, dogmas ou ideias preconcebidas. Precisamente porque se tratam de novos paradigmas.
Só com um olhar aberto se conseguem cartografar os perigos actuais, os perigos eminentes e as oportunidades que advêm do perigo.

Falamos muito na gestão do risco mas gerimos de facto o risco estratégico?
Olhemos para as áreas funcionais das empresas: área operacional, área financeira e área de marketing e/ou comunicação. Focamos a gestão do risco aí, ou seja, analisamos o risco das operações, analisamos o risco financeiro e analisamos o risco de imagem ou reputação. E podemos dizer que a maioria das organizações estão preparadas para enfrentar contrariedades nestas áreas.

E o risco estratégico? Quantas dessas organizações gerem de facto o risco estratégico? Quem, nos organogramas é responsável por essa gestão do risco?
E, quando falamos de risco estratégico falamos de risco de vida transversal a todas as áreas da empresa, falamos de um risco que envolve a interacção da empresa com o mercado actual e potencial em que actua assim como toda a envolvente directa e indirecta.

Muitas vezes uma empresa que segue o seu caminho de forma segura e estável vem a verificar mais tarde que estava em dissonância de mercado sem se aperceber, ou seja, não se adaptou às alterações que se perfilaram lentamente no seu mercado.
É esta a empresa que acabará dizendo que foi surpreendida por uma nova tecnologia, por um novo operador de mercado, pela redução das margens, etc.

Um sistema de visão periférica bem implementado evita muitas destas surpresas. Não se pode dizer que evite os maus resultados ou o colapso de empresas, mas evita certamente a surpresa. E, o que se faz com a identificação dos sinais precoces será certamente diferente do que se fará com base no desconhecimento.

Uma empresa com visão periférica olha para todos os cantos de si mesma, para os concorrentes e para o mercado como um todo. Esta vigilância permanente dará os alertas necessários a tempo de mudar o que houver a mudar. E isso faz toda a diferença.

É baseado nesta premissa que as grandes organizações de todo o mundo, criaram os seus próprio sistemas de SEW que, funcionando de forma transversal a todas as áreas funcionais da organização, são o radar e suporte da definição de estratégias e tácticas de sucesso.


in Machete, Fátima Rebelo

Tuesday, July 08, 2008

Automóvel: Portugal é um dos primeiros mercados de aposta da Renault-Nissan para comercializar veículos eléctricos

Portugal será um dos primeiros mercados mundiais onde serão introduzidos os modelos veículos eléctricos da aliança Renault-Nissan, no âmbito do memorando de entendimento que o governo assina com o grupo quarta-feira.
De acordo com o protocolo, a Renault-Nissan vai comercializar em larga escala veículos eléctricos para os consumidores portugueses a partir de 2010.

A cerimónia de assinatura do memorando de entendimento contará com as presenças do primeiro-ministro, José Sócrates, do ministro da Economia e da Inovação, Manuel Pinho, e do presidente e CEO da Nissan e da Renault, entre outros.

O Governo português vai estudar conjuntamente com a Renault-Nissan a forma de criar condições adequadas para os veículos eléctricos serem uma oferta atractiva para os consumidores portugueses, as infra-estruturas e organizações necessárias para criar uma ampla rede de estações de carga para os veículso eléctricos, a nível nacional, e identificar os canais mais eficazes de comunicação e educação para sensibilizar para a importância destes modelos, que permitem reduzir as emissões.

A escolha de Portugal acontece numa altura em que o Governo aposta em assumir a liderança em termos de desenvolvimento sustentável e na diversificação de fontes de energia renovável.

As negociações entre o Governo e a Renault-Nissan arrancaram em Maio e com este protocolo o objectivo será promover a mobilidade com zero emissões no país.

A assinatura deste memorando surge numa altura em que os países procuram alternativas aos combustíveis, atendendo à escalada dos preços e a uma maior aposta das empresas e dos governos em medidas de redução de emissões de CO2.

Em meados de Junho, o Conselho Europeu introduziu uma proposta de Portugal sobre o apoio europeu ao desenvolvimento de tecnologias alternativas ao petróleo, nomeadamente os veículos eléctricos.

"A Europa precisa de mostrar músculo político e decisão política relativamente ao dos combustíveis. É isso que os cidadãos europeus e a economia europeia esperam", afirmou na altura José Sócrates à entrada para o Conselho Europeu.

"Acho que é este o momento para dizermos ao mercado petrolífero que a Europa não aceita que esta situação de dependência do petróleo se mantenha e, para isso, temos que dar uma oportunidade a alternativas de transporte, nomeadamente os carros eléctricos", acrescentou o primeiro-ministro.

in RTP