O modelo sueco de cidade sustentável pode aplicar-se em Portugal. Mas faltam projectos.
Um bairro onde tudo se aproveita e quase nada se perde, em que os residentes usam metade da energia de um bairro convencional, consomem apenas 100 litros de água por dia (menos 30% que em Portugal), produzem menos lixo, vivem em casas construídas com materiais ecológicos, deslocam-se em veículos amigos do ambiente e preferem andar a pé ou de bicicleta.
O cenário parece improvável, mas existe, mesmo no centro de Estocolmo - o ecobairro de Hammarby Sjöstad nasceu da recuperação de uma antiga zona industrial, um projecto idêntico ao do Parque das Nações. Até 2015, albergará mais de 25 mil pessoas em 11 mil residências. A jóia ambiental da Escandinávia está na moda e é cobiçada sobretudo por jovens casais em início de vida. Os recém-proprietários recebem um "kit" explicativo do processo de separação dos lixos, são incentivados a usar os transportes públicos e a deixar o carro à porta de casa. Um quotidiano dominado pelo conceito de "simbiocity" (simbiocidade) que consiste num plano integrado de gestão da energia, do lixo e da água. A cidade ou bairro depende das energias alternativas (eólica, solar e eléctrica), mas não só. O lixo doméstico é separado, uma parte irá assegurar o fornecimento de electricidade e os sistemas de aquecimento e arrefecimento urbanos, o restante é reciclado e transformado em fertilizante agrícola. A água da chuva, armazenada e conduzida até à central de tratamento (a par com os desperdícios sanitários), servirá para produzir biogás para os veículos em circulação na metrópole.
O sucesso desta comunidade perfeita ditou a expansão do conceito além-fronteiras. China, Índia, Canadá e África do Sul adoptaram-no. Em Portugal, não existem projectos desta dimensão. Porquê? O Expresso tentou obter resposta a esta pergunta junto da Agência Portuguesa para o Ambiente, mas tal não foi possível em tempo útil. Já Francisco Ferreira, da Quercus, refere que "é necessária uma governação a longo prazo, com políticas locais e nacionais" que estimulem a aplicação de planos integrados de sustentabilidade. Os custos de instalação de uma cidade deste tipo no nosso país dependem de uma série de factores - a dimensão da área intervencionada, o grau de degradação e o tipo de edifícios, as infra-estruturas de distribuição de água, etc. É preciso ter em conta que o retorno do investimento deve ser encarado a longo prazo, "no mínimo uma década".
Mesmo não dispondo de projectos idênticos ao modelo sueco, alguns municípios começam a dar os primeiros passos na luta contra o desperdício. É disso exemplo o eco-bairro do Barreiro: as 253 residências vão poupar 70% da energia gasta noutras casas da região. Está ainda prevista a instalação de um sistema de recolha de águas pluviais para rega e iluminação pública fotovoltaica. No Parque das Nações foi instalado o sistema sueco de recolha de resíduos domésticos (Envac), uma rede subterrânea responsável pela gestão de seis mil toneladas de lixo por ano. Norberto Vicente, da Envac, assegura que a autarquia "poupa 40% com o sistema automático quando comparado com o tradicional", apesar dos custos de instalação rondarem os 1500 euros por residência. Dois camiões recolhem diariamente o lixo, que é armazenado em três centrais. A empresa prevê instalar estruturas idênticas em Vilamoura (Algarve) e nos bairros lisboetas de Alfama e Bairro Alto.
in Expresso
As "cidades do futuro" pretendem ser verdes, sustentáveis, inteligentes e low cost. Isto já existe. Chama-se "Campo". Frederico Lucas
Tuesday, May 27, 2008
Monday, May 26, 2008
“Vanguarda” dita novas experiências
Valorização do espaço privado e social em detrimento do público, uma nova “procura de sentido” para a vida e hábitos de consumo voltados para as tecnologias e para o bem-estar são as principais tendências apontadas num estudo realizado junto de cem personalidades portuguesas de vanguarda. A sociedade vai valorizar cada vez mais novas experiências
A APEME e a Produções Fictícias realizaram um estudo sobre as tendências de consumo da sociedade portuguesa, cujos resultados estiveram em debate no passado dia dez de Abril, numa iniciativa do Instituto Português de Administração e Marketing (IPAM). O inquérito online, realizado junto de um painel de cem trend-setters - uma amostra relevante de personalidades portuguesas de “vanguarda” que se encontram na linha da frente a fazer opinião – visou “pensar os caminhos do futuro”.
O objectivo foi procurar respostas para questões como a mudança de atitudes e comportamentos, que valores são decisivos quando se projecta o futuro, e o que de mais significativo está a ganhar forma na vida privada, social e pública.
Os resultados, apresentados publicamente no final de 2007, revelam que as tendências mais significativas têm a ver com a procura de novas experiências. Perspectiva-se uma sociedade que quer sair de si mesma, viajando no espaço (com forte valorização de curtas estadias em cidades europeias, de destinos a que se associam temas culturais e de viagens de aventura organizadas); na cultura (manifestando-se muito interesse por filosofias de perfil oriental na “procura de sentido” e por criações artísticas de nicho integradas em ambientes mainstream); e no tempo (aspirando a uma casa antiga reconstruída ou a ambientes tradicionais mas qualificados nos padrões modernos de conforto).
Esta “necessidade de ampliação de mundivivência incorpora a consciência de aprender mais, mesmo que de modo rápido”, através de cursos de curta duração e temas imprevistos como criatividade ou culinária vegetariana, conclui a APEME. É de prever uma forte procura das indústrias de conteúdos não circunscritos ao sistema educativo formal.
Observa-se uma forte atracção pelas TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação), vistas como plataformas “muito eficientes” para eliminar intermediários, que permitem aceder a informação relevante e viabilizar a satisfação dos impulsos de compra de serviços. Além disso, estes canais de expressão individual junto de públicos alargados (caso do You tube, MySpace, Skype e leilões online), antes inacessíveis, “aceleram a tendência central de extroversão que caracterizará o Portugal dos próximos anos”.
Portugueses apostam em si próprios
O futuro passará por uma aposta na esfera individual, “sendo clara a procura de uma forte diferenciação face aos outros”, através da aquisição de competências pouco comuns, como “cozinhar japonês em casa” ou “ir dançar danças temáticas”.
A finalidade é, essencialmente, atingir o conceito de bem estar físico e espiritual, “reconhecendo-se que para o obter é preciso assumir uma estratégia proactiva”, que afaste hábitos de consumo “ameaçadores”, como fumar, e promova a adopção de comportamentos saudáveis, como uma dieta alimentar equilibrada ou a utilização de Spas e outros serviços de saúde e bem-estar.
Numa óptica mais “macro”, esta tendência para a conservação de equilíbrio pode, ainda, estar reflectida na disponibilidade para gastar dinheiro em elementos para a casa que envolvam preocupações energéticas, como as lâmpadas de baixo consumo ou a separação do lixo.
O predomínio do privado e do social/comunitário sobre o público/político reforça-se como tendência dominante se tivermos em conta o “não estar ligado a nenhum partido político ou associação cívica”, preferindo-se a participação em movimentos menos estruturais ou contínuos. Esta tendência reflecte uma “linha de menor disponibilidade para aceitar o discurso político instalado, bem como as instituições tradicionais”, concluem os responsáveis do estudo.
De sublinhar que a composição e dimensão da amostra – cem personalidades da sociedade portuguesa de ambos os sexos, com idades entre os 21 e os 53 anos, que trabalham em áreas predominantemente artísticas ou do Conhecimento, como artistas, humoristas, publicitários, investigadores ou docentes universitários, arquitectos e escritores – não é estatisticamente representativa da população, uma vez que constitui um segmento de vanguarda,
No entanto, a APEME e a Produções Fictícias acreditam que “no plano qualitativo, a amostra revela-se robusta e com elevado grau de coerência de resposta”. O trabalho de campo decorreu na Primavera e Verão de 2007.
In Portal VER, Gariela Costa
Wednesday, May 21, 2008
Governo: Plano Ordenamento Área Metropolitana Lisboa articulado com novo aeroporto e 3º travessia Tejo
Lisboa, 15 Mai (Lusa) - O Governo aprovou hoje uma resolução que determina a alteração do Plano Regional de Ordenamento do Território da Área Metropolitana de Lisboa, para articulá-lo com projectos como o novo aeroporto de Lisboa e nova travessia do Tejo.
De acordo com o comunicado do Conselho de Ministros, a alteração daquele instrumento de planeamento ficará a cargo da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo, fixando-se um prazo de nove meses para o efeito.
"Esta alteração prende-se com a necessidade de articulação entre o modelo territorial e os investimentos e projectos, em curso ou previstos, fortemente reestruturadores em termos territoriais, económicos e de mobilidade, como é o caso do Novo Aeroporto de Lisboa (NAL), das Plataformas Logísticas, da Rede Ferroviária de Alta Velocidade e da Nova Travessia do Tejo", lê-se no comunicado do Conselho de Ministros.
Na reunião semanal do Conselho de Ministros foi ainda aprovada uma resolução que aprova o Plano de Ordenamento do Parque Natural do Litoral Norte, "estabelecendo os regimes de salvaguarda de recursos e valores naturais e fixando os usos e o regime de gestão a observar na sua área de intervenção".
"Pretende-se, deste modo, garantir a conservação da natureza e da biodiversidade, a manutenção e a valorização da paisagem, a melhoria da qualidade de vida e o desenvolvimento económico das populações", é ainda referido.
O Governo aprovou ainda uma resolução que cria uma nova medida no âmbito do programa INOV, o INOV-Mundus.
Segundo a nota do Conselho de Ministros, esta medida visa, ao longo dos próximos três anos, abranger 250 jovens qualificados, mediante a realização de estágios profissionalizantes, essencialmente de carácter internecional, a efectuar junto de entidades públicas ou privadas e organizações nacionais ou internacionais, cuja área de actuação reporte à cooperação para o desenvolvimento.
VAM.
Lusa
Tuesday, May 13, 2008
Congresso do Empreendedorismo Social
Vai realizar-se no próximo dia 15 e 16 de Maio no Centro de Cultural de Cascais o Congresso do Empreendedorismo Social.
Quem é Empreendedor Social?
Em Portugal, confunde-se frequentemente empreendedorismo social com caridade. Ainda está por assimilar este novo conceito: aquele que implementa projectos de intervenção social de uma forma sustentável.
O empreendedor social é alguém que reconhece um problema social e utiliza os princípios de empreendedorismo para organizar, criar e gerir empreendimentos que promovem transformação social. É um agente de mudança social, aproveitando oportunidades para a melhoria dos sistemas, inventando e disseminando novas abordagens e soluções sustentáveis que criam valor social.
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