Portugal tem um milhão de imóveis em estado de ruina, muitos deles nas aldeias.
A emigração e a revolução industrial foram o mote para o despovoamento, promovendo a ascensão social da população rural.
Passaram seis décadas, e a realidade mostra-nos hoje que uma parte significativa da população empregada em meio urbano vive no limiar de pobreza.
Perante isto, os jovens que procuram local para residir, evitam os elevados custos com habitação nas cidades e optam por soluções à sua medida: periferia das cidades; casas e quintinhas em meio rural; autocaravanas.
Mas existe um problema cuja solução parece mais complexa: apesar de abandonadas, as ruinas em meio rural não estão à venda.
Por ser herança, os proprietários não pretendem alienar essas ruinas, e os interessados ficariam sem oportunidade de viver nessas aldeias, participando assim no seu processo de repovoamento.
A solução que tem sido encontrada é o contrato de Comodato, que permite ao comodatário recuperar e habitar o imóvel e ao comodante manter a propriedade sem custos de recuperação e manutenção.
E este parece ser o caminho mais óbvio para o processo de repovoamento.
Porque pretendem os jovens viver nas aldeias despovoadas?
Uma parte significativa dos nossos jovens está atenta às alterações climáticas e procura estilos de vida longe da poluição citadina.
E para esses jovens, consequência das alterações aos modelos de trabalho, fazem-no a partir de qualquer lugar, desde que tenham acesso à internet.
E por isso, um país com uma das maiores taxas de cobertura de internet, com sol durante todo o ano, afirma-se como um atrativo para essa geração.
E as aldeias, estarão preparadas para receber novos residentes?
Em Aldeia, uma aldeia de Cinfães, a população não acreditava que aqueles jovens estudantes da Universidade do Porto que visitavam há um ano aquele lugar cumprissem a sua promessa de ali viver.
E assim aconteceu: quatro jovens instalaram-se nessa aldeia, na casa dos familiares de um colega de universidade.
Estão a desenvolver o projecto “Casa da Abóbora”, que engloba permacultura, turismo meditativo e residências artisticas.
É um novo recomeço para quem chega, e um alento para a aldeia.
Na Madeira, e com o apoio da Secretaria Regional da Economia, criaram um espaço para “Nómadas Digitais” na vila da Ponta do Sol.
São esperados muitos “trabalhadores remotos”, pessoas e casais que trabalham online.
O movimento já começou. Cabe a cada freguesia, a cada lugar anunciar o seu interesse para acolher novos residentes para que isso possa acontecer.
Depois do e-mail, que revolucionou a forma como comunicamos, as e-villages vão revolucionar a forma como vivemos.
Frederico Lucas, coordenador do Programa Novos Povoadores
info@novospovoadores.pt