O passado já passou. Vivemos um presente cheio de dificuldades.
Para quê?
Qual o futuro que desejamos para o mundo rural?
Estará a ruralidade condenada a ser um Museu daquilo que já foi, em consonância com o pensamento dominante entre a população urbana?
Ou, pelo contrário, será capaz de responder mais depressa e melhor aos novos desafios da sustentabilidade ambiental e económica, tão desejada pela população citadina para as suas cidades?
Se sim, o que precisamos de mudar?
A PERCEPÇÃO
Falar de "ruralidade" nas cidades é quase sempre um apelo à memória.
Vezes sem conta saiem ditados rurais com associações à fome e à sobrevivência que os aldeões já esqueceram.
No campo, ruralidade é sinónimo de despovoamento, provocado pela falta de emprego.
A agricultura de minifúndio não tem sustentabilidade económica e a indústria não chegou à maioria destes territórios.
Cresce pela Europa uma nova indústria baseada em sustentabilidade ambiental e focada nas novas necessidades do mercado: alimentação bio, vestuário e decoração com recurso a desperdício e matérias primas locais.
O burel, a castanha, o mel e o azeite são bons exemplos dessa revolução industrial que vai acontecendo na ruralidade portuguesa.
Hoje, o marketing assume uma importância maior que a produção.
Não interessa produzir com "qualidade", se o resultado final não corresponde com a
demanda do mercado.
O IKEA não vende os "melhores" móveis. Mas responde às necessidades de design ao preço que os seus clientes conseguem pagar.
Hoje, o factor diferenciador para o sucesso de um negócio não é o capital, a qualidade dos recursos humanos ou a tecnologia.
Reside no conhecimento do mercado.
Quem conhece o mercado vende mais e melhor. Tira proveito dessa informação para melhorar os processos produtivos e sabe quando, onde e como vai vender os seus produtos.
A ruralidade precisa destas industrias, focadas nas novas necessidades dos seus clientes.
Só assim poderá crescer, e com isso criar mais e melhor emprego.
Com isso combate o despovoamento rural.
Por Frederico Lucas