O Desenvolvimento Rural é vítima de diversos mitos, que impedem os territórios rurais de alcançar a sua autonomia económica.
Porventura, no periodo anterior aos Fundos de Coesão, estes territórios gozavam de um poder que já perderam, estando totalmente dependentes da boa vontade do Poder Central e dos fundos comunitários.
1) Para que um concelho alcance o desenvolvimento, é necessário construir novas infraestruturas
Com este Mito, construiram-se centenas de multiusos, piscinas, cinemas e museus. O desenvolvimento não ocorreu nem necessitará deste hardware para que isso venha a acontecer.
2) Clusters Concelhios
A Capital da Rolha ou do Feijão Frade são a sintese das estratégias passadas sobre o desenvolvimento dos concelhos de baixa densidade.
Obviamente que nenhum concelho em Portugal tem a capacidade de se apresentar como a capital de alguma coisa.
Paços de Ferreira, que se tem assumido como o melhor exemplo desta estratégia, estaria condenado sem o contributo dos concelhos vizinhos.
3) Em territórios de baixa densidade, a função do Municipio é o de dar emprego
A função dos municipios é a gestão dos recursos sociais, para promoção da competitividade dos seus concelhos.
4) O Turismo vai salvar-nos
O Turismo não consegue salvar todos os concelhos portugueses. Óbidos é um caso bem sucedido, Lisboa e Porto não desiludem.
O Algarve, os Açores e a Madeira não são concelhos, mas sim regiões que estão unidas em torno de uma estratégia comum.
5) Precisamos de fixar jovens
Os jovens não querem fixar-se em territórios onde não conseguem ganhar rede profissional e de competências. E ainda bem, porque essa atitude leva-os a capacitarem-se em cidades à escala europeia.
Se os territórios de baixa densidade pretendem captar jovens, terão de instalar primeiro centros de competências que sejam vibrantes e "conectados" com outras cidades do Mundo.
6) Quem migra para o campo não precisa de ser competente
Se a área de competência do adulto é em design, a instalação de um negócio de agricultura biológica ou turismo rural estarão condenados ao insucesso.
Os territórios rurais precisam de empreendedores competentes e autónomos, capazes de criar novas dinâmicas nas suas áreas de experiência e competência.
7) Tendência é Destino
Se a tendência fosse destino, não seriam necessárias as políticas para o desenvolvimento.
O despovoamento é uma tendência mas não uma fatalidade.
Identificando as oportunidades empresariais para o território rural e empreendedores capazes de as explorar, a criação de emprego nestes territórios será a alavanca para o combate ao despovoamento.