As "cidades do futuro" pretendem ser verdes, sustentáveis, inteligentes e low cost. Isto já existe. Chama-se "Campo". Frederico Lucas

Friday, September 28, 2007

A ponte é de quem a trabalha, por RAP

Aparentemente, a única coisa que vai pior do que o Pais e a oposição. O Pais, sabemo-lo todos, passa por dificuldades e não anda bom. Mas, como a crise só dura há cerca de 800 anos, toda a gente espera que a maleita seja passageira. Para a oposição é que ninguém sabe se há esperança. Ao menos, governo, oposição e Pais andam juntos na desventura. Em tempos difíceis, sempre é bonita a solidariedade entre gente que, ainda para mais, não se aprecia especialmente: o governo não gosta da oposição, a oposição não gosta do governo, e o Pais vai gostando cada vez menos de ambos.

Não sei se o leitor se apercebeu, até porque o fenómeno é raro, mas esta semana houve para aí confusão a propósito de umas medidas do governo. Os jornais revelaram que há uma hipótese de a terceira ponte sobre o Tejo não ser construída pela Lusoponte. Se isso se verificar, a Lusoponte, que detém o exclusivo das travessias rodoviárias em grande parte do rio, terá de receber uma compensação por cada veiculo que atravessar o Tejo na nova ponte. Isto é, evidentemente, um escândalo. E um escândalo que eu não tenha tido esta ideia primeiro.

Por cada carro que passasse em pontes que não tivessem sido construídas por mim (que até agora são todas), qui o campeão ganhava uns patacos. Isto é que é uma ideia de negócio. Abençoada Lusoponte. Ainda há gente em Portugal que sabe negociar. É certo que, com o governo, é mais fácil fazer negócios, mas não deixa de ser genial.

No entanto, o dízimo que o governo poderá vir ou não a pagar à Lusoponte, não é o único aspecto da complexa problemática. Habituado a conviver com complexas problemáticas, apanhei o jeito de as decompor em aspectos - talento inestimavelmente valioso. Ora, reparem no aspecto que acabo de apartar da problemática: a localização da nova ponte. Há que iniciar uma discussão muito seria sobre o assunto e é necessário que os partidos comecem a inventar importantes razões políticas para construir a nova ponte no local que trouxe maior numero de vantagens aos seus militantes mais influentes.

Se eu mandasse, a escolha estava feita. Onde construir a nova ponte sobre o Tejo. Para mim, a resposta é clara: na Ota. O facto de o rio Tejo não passar na Ota é uma questão irrelevante e, para falar com franqueza, injusta. A verdade e que a Ota precisa de uma grande obra publica. A Ota merece uma grande obra publica. A Ota, pelos vistos, vai ficar sem o aeroporto. O governo parece disposto a voltar atrás só porque decidiu precipitadamente e mal (o que nunca foi razão para voltar atrás, e é um sinal preocupante se passar a ser). É uma desfeita que o bom povo da Ota não merece, depois das expectativas que lhe criaram. Eu exijo atravessar o Tejo na Ota. E também exijo um euro por cada pessoa que atravessar qualquer dos afluentes do Alviela. Aposto que a Lusoponte se esqueceu do Alviela.

in VISAO 27 DE SETEMBRO DE 2007

Friday, September 21, 2007

UE / Fundos: Bruxelas e Portugal aprovam primeiros quatro programas operacionais do QREN


A Comissão Europeia e Portugal aprovaram já um primeiro pacote de quatro programas operacionais no âmbito do Quadro de Referência Estratégico Nacional, garantiu ontem o ministro do Ambiente, do Ordenamento do Território e Desenvolvimento Regional português.

"Os programas operacionais (PO) 'Factores de Competitividade', 'Valorização Territorial' e os programas para as regiões da Madeira e dos Açores [na vertente FEDER - Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional] foram aprovados nos últimos dois dias, o que confirma que Portugal está entre os primeiros países a fazer aprovar os seus operacionais", disse o governante à imprensa no final do primeiro dia do Fórum de Cooperação Interregional, em Lisboa.

"Conseguiu-se superar tudo e chegar a um acordo com Portugal, enquanto Estado-membro, sobre o programa operacional 'Factores de Competitividade' que é particularmente importante para o nosso tecido económico", que vai envolver 3,1 mil milhões de euros em fundos cofinanciados pelo FEDER", adiantou o ministro.

"Há agora que aguardar pelos procedimentos internos da Comissão Europeia, mas o acordo político está inteiramente conseguido", salientou.

O segundo o programa, "Valorização Territorial", foi também aprovado: "Não há obstáculo nenhum", sublinhou o ministro do Ambiente, realçando que envolverá 4,8 mil milhões de euros provenientes do FEDER.

Por sua vez, os dois outros programas operacionais para as regiões autónomas da Madeira e dos Açores, no âmbito dos fundos do FEDER, foram igualmente aprovados.

A comparticipação dos fundos comunitários (FEDER mais Fundo Social Europeu) nestes programas rondam os 446 milhões de Euros para a Madeira e os 1,2 mil milhões para os Açores, a que acrescerão verbas do Fundo de Coesão.

Na próxima semana já deverão estar na Internet os regulamentos relativos ao "Factores de Competitividade", bem como os sistemas de incentivos às empresas, para que possam ser consultados os regulamentos e começarem a ser preparadas as candidaturas".

"Nos primeiros dias de Outubro serão recebidas as primeiras candidaturas", disse o ministro, que falava à imprensa no Pavilhão de Portugal em Lisboa, sendo acompanhado pela comissária europeia para a Política Regional, Danuta Hubner, e pelo secretário de Estado do Desenvolvimento Regional, Rui Baleias.

"Isso significa que começámos a entrar na fase de execução do QREN, o que é um motivo de satisfação para todos nós", disse.

No entanto, realçou que falta ainda o terceiro programa temático "Potencial Humano" que está em negociações, com mais uma reunião na sexta-feira, bem como os programas operacionais regionais.

"Numa semana, quinze dias, no máximo estarão aprovados", adiantou.

in AgroNotícias

Friday, September 07, 2007

Desculpas, desculpas, desculpas...

Caríssimos visitantes,
Os meses de Julho e Agosto foram marcados por excessivos niveis de exigência profissional, motivo pelo qual o blogue quase estagnou.
Porque muitas vezes os textos publicados são apenas transcrições de outras fontes, mas que, quer pela qualidade quer pela visão que apresentam, merecem essa difusão, nem sempre deixarão perceber ao visitante o nível de empenho que tenho com este projecto.
Assumo na minha definição de cidadania a procura incessante de soluções que visem harmonizar o território português, quer pelo aproveitamento dos seus maiores activos naturais - sol, campo, sossego, baixa densidade populacional - tecnológicos e infra-estruturais.

Peço pois que me desculpem, assim como eu vos perdou-o do vosso silêncio!

Portugueses na alta roda da gestão

Encontram-se amiúde no início e final da semana nos aeroportos de Lisboa ou Porto, de «smartphone» em punho e PC portátil a tiracolo. São a nova vaga de gestores de multinacionais que residem em Portugal e que chefiam equipas virtuais em vários países do mundo.

Em poucos anos Portugal deixou de ser um país receptor de executivos de topo, enviados pelos quartéis-generais das multinacionais, para passar a disponibilizar recursos humanos de grande qualidade, disputados pelas maiores empresas de referência a nível mundial como a Microsoft, a Pepsico, a Danone, a Segafredo, só para citarmos alguns exemplos.

Não só passámos a fornecer quadros altamente qualificados capazes de gerir as representações daquelas companhias em território nacional, como lhes começaram a ser atribuídas funções de gestão sobre vários países europeus e não só. Alguns optam por mudar-se com a família para o estrangeiro, enquanto que outros aproveitam as novas estratégias descentralizadoras das multinacionais, assumindo cargos internacionais mas continuando a residir em Portugal.

A aptidão natural para o domínio de várias línguas, a facilidade de adaptação a novas situações e, naturalmente, o talento evidenciado ao longo das suas carreiras, fez com que emergisse uma nova geração de gestores em Portugal que agora ocupam cargos de relevo a nível mundial sem terem que residir fora do seu próprio país. O facto de chegarem muito rapidamente ao topo das suas carreiras em Portugal também contribui para que as entidades empregadoras lhes atribuam responsabilidades acrescidas extranacionais. Caso contrário poderiam perdê-los facilmente para a concorrência, tanto mais que a partir do final dos anos 90, as acções e a capitalização bolsista deixaram de constituir o principal factor de atracção e retenção de quadros.


Chegar ao topo... e depois



É que, normalmente, acima do cargo de director-geral em Portugal já não há mais degraus para subir. A saída é mesmo a atribuição de cargos de gestão de âmbito internacional dentro da organização.

Gerir à distância equipas em vários pontos do globo a partir de Portugal é também o desafio de alguns dos executivos que trabalham para as multinacionais portuguesas. Também aí se nota a emergência de uma nova geração de gestores nacionais que usam os mais avançados métodos de gestão.

“Portugal tem excelentes talentos ao nível da gestão e está a marcar pontos no contexto internacional. São pessoas formadas em algumas escolas portuguesas de gestão ou no estrangeiro e que agora dão cartas a partir do seu país”, garante Eduarda Luna Pais, directora-geral da Egon Zehnder International, uma das principais empresas de «executive search».

Estamos perante uma geração de executivos com idades entre os 30 e os 45 anos, normalmente casados e com filhos. Viajam muito, criaram novos hábitos de trabalho, aproveitando ao máximo os tempos de espera nos aeroportos, bem como os longos períodos em que vão sentados no avião, mas não dispensam o regresso semanal a casa para estar com a família.

Por outro lado, muitas das tarefas de gestão das equipas que coordenam podem ser executadas à distância, com recurso às mais modernas tecnologias de informação e comunicação, de onde se destaca o correio electrónico e a videoconferência. Na prática, interagem com frequência por voz, dados e com imagem a partir de distintos pontos geográficos.

Um dos casos mais emblemáticos é o da Microsoft Portugal. Nuno Duarte, director-geral da empresa, tem uma estratégia activa de internacionalização de carreiras que lhe permitiu a colocação de 19 quadros em funções fora do país, mas com a particularidade de metade continuar a residir em Portugal. Com efeito, na região da Europa ocidental, o peso da subsidiária portuguesa em termos de pessoas é três vezes superior em relevância ao da facturação.

Outro caso emblemático é o de Manuel Soares Ribeiro, vice-presidente de operações da multinacional americana Pepsico, que gere 3400 pessoas na Europa e Médio-Oriente a partir de Portugal. Mas, sublinha, “a gestão à distância só faz sentido e só conta para as empresas que nos empregam se lhe acrescentarmos valor o que, neste caso, significa ir aos sítios, estar com as pessoas, viver os seus anseios e fazer-lhes sentir que estamos com elas”.

Este gestor, que há seis anos foi indicado para substituir o seu colega americano que geria uma grande parte da Europa a partir de Barcelona, propôs uma coisa diferente à empresa-mãe: “Estava numa fase da minha vida familiar em que não podia ausentar-me de Portugal. Consegui convencê-los de que seria muito mais vantajoso gerir a partir de Lisboa. Aceitaram fazer uma experiência por alguns meses. Correu tão bem que já estou neste regime há seis anos e acabaram por me entregar a gestão de mais países”.

Uma coisa que as multinacionais também já perceberam há algum tempo é que pesa muito menos nos seus orçamentos ter representantes locais nos mercados onde estão presentes do que exportar para lá quadros de topo a partir da casa-mãe. É que, normalmente, com o gestor vai sempre a família e todos os custos são assumidos pela empresa que expatria os seus empregados.

Com a existência de gestores locais, que assumam a coordenação de uma dada região do planeta a partir do seu país, tudo fica mais barato para as multinacionais e os resultados são quase sempre melhores, pois estão a lidar com pessoas altamente qualificadas e que conhecem como ninguém os mercados onde se movimentam.

A situação geográfica de Portugal apresenta, no entanto, uma debilidade que por enquanto ainda não está ultrapassada. “A inexistência de voos directos a partir de Lisboa para vários países - nomeadamente do Leste europeu que começam a ganhar uma importância crescente -, pode ser um factor impeditivo de ocorrência de mais situações de gestão a partir daqui”, sublinha Nuno Fraga, «partner» da empresa de «executive search» Hire & Trust.

A favor, e ainda segundo este responsável, está o nível de qualificações cada vez mais elevado dos gestores portugueses, que “não ficam atrás dos gestores de topo de outros países”.

O Expresso identificou perto de duas dezenas de casos, mas os especialistas em recursos humanos garantem que já existem muitos mais e que Portugal está cada vez mais bem visto no mundo da gestão global.


Textos João Ramos e Vítor Andrade

in Expresso