Thursday, September 18, 2025
Portugal precisa de um critério de mérito no alojamento local
Segundo o New York Times, em Espanha existem 66 mil alojamentos turísticos ilegais. A resposta das autoridades foi clara: encerrar quem não cumpre condições para operar.
Em Portugal, milhares de imóveis devolutos foram recuperados e transformados em alojamento turístico, especialmente nas regiões que mais cresceram demograficamente. Quando o anterior governo tentou intervir no sector, fê-lo de forma pouco eficaz: bloqueou a emissão de novas licenças em determinados concelhos, criando um critério cronológico – quem já estava, ficou; quem chegava, ficava de fora.
Mas o turismo é demasiado estratégico para o país para depender de atalhos administrativos. É essencial em todas as regiões, gera emprego, fixa população e sustenta economias locais. Impedir novas iniciativas apenas porque chegam “fora de tempo” não melhora o sector nem protege os residentes.
O que faz sentido é um critério meritocrático: deixar operar quem cumpre regras de qualidade, segurança e sustentabilidade. Portugal está a crescer em turismo e em população. Hoje, mais do que nunca, temos a oportunidade de elevar o padrão do nosso alojamento turístico. Os senhorios não ficam sem alternativa – pelo contrário, têm cada vez mais formas de rentabilizar os seus ativos.
É tempo de trocar a lógica de “quem chegou primeiro” pela lógica de “quem faz melhor”.
Sunday, April 06, 2025
O Turismo como Alavanca dos Territórios Rurais
O próximo ciclo autárquico será determinante para o futuro dos territórios rurais em Portugal.
Numa altura em que o país conta com cerca de um milhão de imóveis em ruínas, urge adotar estratégias que conciliem a preservação do património com a dinamização económica local: o turismo rural é uma dessas estratégias, provavelmente a mais eficaz.
Atualmente, apenas 15% das reservas turísticas em Portugal acontecem em territórios rurais. Em Itália, esse valor já atinge os 24%, refletindo uma tendência clara de valorização do turismo de natureza, autenticidade e envolvimento com as comunidades locais. Portugal tem todas as condições para seguir este caminho, com resultados ainda mais expressivos.
O turismo pode ser a alavanca que as aldeias precisam:
- Recuperar imóveis abandonados, com base em modelos sustentáveis de reabilitação e financiamento;
- Revitalizar aldeias, trazendo novos fluxos de visitantes e novos residentes;
- Reanimar o comércio local e os serviços de proximidade, através de turistas que procuram experiências genuínas e desejam interagir com quem os acolhe.
Não se trata apenas de criar camas, mas de criar vida. Uma estratégia autárquica que integre o turismo como eixo de desenvolvimento sustentável pode garantir rendimento a quem investe e a quem lá vive, preservar identidade e fixar pessoas onde escasseiam.
É tempo de agir com visão e responsabilidade.